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Anvisa recomenda fim da temporada de cruzeiros por avanço da Covid

Associação do setor suspendeu atividades até 21 de janeiro após surto em navios de turismo

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Brasília

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou ao governo nesta quarta-feira (12) a interrupção definitiva da temporada de navios de cruzeiro no Brasil.

Em nota técnica enviada ao Ministério da Saúde e à Casa Civil, a agência apontou avanço de casos da Covid-19, impulsionados pela variante ômicron, e disse que "o cenário atual é desfavorável à continuidade das operações".

A Clia Brasil, associação que representa as companhias de navios de cruzeiros no país, já anunciou no dia 3 de janeiro a suspensão das novas operações nos portos brasileiros até o dia 21 do mesmo mês, mas o governo ainda não tomou uma decisão definitiva sobre a autorização dos embarques.

Navio Costa Diadema fica atracado no porto de Santos após um surto de Covid em meio a seus passageiros e tripulantes - Luigi Bongiovanni - 3.jan.2022/TheNews2/Agência O Globo

O governo autorizou em outubro de 2021 a retomada de cruzeiros, apesar de parecer contrário da Anvisa. A temporada 2021-2022 teve início no começo de novembro.

Na nota técnica, a Anvisa afirma que foram detectados 1.177 casos da Covid entre tripulantes e passageiros de cinco navios de cruzeiros que operaram no Brasil de novembro até a primeira semana de janeiro. Do total de infecções, 1.146 foram confirmadas apenas de 26 de dezembro a 6 de janeiro.

Em 31 de dezembro a Anvisa recomendou a suspensão da temporada "até que houvesse mais dados disponíveis para avaliação do cenário epidemiológico". Antes de o governo decidir sobre a sugestão da Anvisa, a Clia anunciou a suspensão das operações.

No mesmo dia, o ministro do Turismo, Gilson Machado, disse à Folha que a temporada poderia ser mantida sob regras mais frouxas de controle sanitário. Ele defendeu que maior tolerância do governo a infecções nas embarcações.

Isso porque uma portaria do Ministério da Saúde, em vigor desde final de outubro do ano passado, define quatro níveis epidemiológicos para viagens de transporte aquaviário e protocolos a serem seguidos. Os níveis mais altos têm restrições mais duras, como colocar uma embarcação em quarentena, e são definidos por critérios como o número de infecções registradas.

Na nota enviada ao governo, a Anvisa afirma que as viagens em navios de turismo devem ser encerradas "como ação necessária à proteção da saúde da população".

"Ainda é bastante incerto como o perfil epidemiológico em embarcações de cruzeiros, em um contexto de pandemia de Covid-19, se desenvolverá, mesmo considerando o aumento da vacinação da população e com ampla disponibilidade comercial de testes com alta sensibilidade e especificidade para detecção de infecção pelo Sars-CoV-2 em viajantes", disse a agência.

A recomendação de interromper as viagens ocorreu por conta do aumento repentino de casos de infecção por Covid-19 detectados nas embarcações que operam cruzeiros marítimos e também por conta da variante ômicron.

Na primeira semana de 2022, passageiros relataram, nas redes sociais, falta de comida e limpeza em cruzeiros que tiveram atividades interrompidas por surto de Covid.

"Nas últimas semanas, as duas companhias de cruzeiros afetadas experimentaram uma série de situações que impactaram diretamente as operações nos navios, tornando a continuidade dos cruzeiros neste momento impraticável", disse a CLIA, em nota divulgada no dia 3 de janeiro.

A entidade ainda afirmou, no mesmo comunicado, lamentar a suspensão das novas atividades e afirmou que os protocolos sanitários estavam funcionando. A CLIA também disse que a temporada de cruzeiros tinha previsão de movimentar mais de 360 mil turistas, com impacto de R$ 1,7 bilhão.

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