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Anvisa libera Coronavac para faixa de 6 a 17 anos e veta uso de 3 a 5

Decisão da agência também proíbe a aplicação da vacina em crianças e adolescentes imunocomprometidos

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Brasília

A Diretoria Colegiada da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou por unanimidade o uso emergencial da vacina Coronavac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. O voto dos diretores segue a recomendação da área técnica.

O pedido do Instituto Butantan era para utilizar as doses em crianças a partir de 3 anos. No entanto, a agência reguladora entendeu que não existem dados suficientes para reduzir a vacinação contra a Covid-19 até essa idade. A avaliação também veta o uso do imunizante em crianças e adolescentes imunocomprometidos.

Enfermeiro prepara aplicação de dose da Coronavac em criança na cidade de Leticia, na Colômbia
Enfermeiro prepara aplicação de dose da Coronavac em criança na cidade de Leticia, na Colômbia - Jhon Paz - 17.dez.21/Xinhua

O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, que fez a apresentação da área técnica antes da votação, explicou que a ampliação da faixa etária para 3 a 5 anos poderá ser feita quando houver mais dados disponíveis.

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), e SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) apoiam a autorização e extensão do uso da vacina Coronavac para crianças de 6 a 17 anos.

Um dos estudos usados para a análise foi da vacinação no Chile, que tem resultado preliminar de efetividade na população de 6 a 16 anos. As evidências científicas disponíveis sugerem que há benefícios e segurança para a utilização da vacina na população pediátrica.

Reunião da Anvisa nesta quinta (20) em houve a aprovação ao uso da Coronavac na população de 6 a 17 anos - Reprodução

A Anvisa aprovou que a dose aplicada em crianças seja a mesma utilizada em adultos, com intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda.

"São os dados que temos maior informação [6 a 17 anos] e maior sugestão de desempenho. São os dados do Chile, de efetividade do Chile. Isso também é corroborado com os pareceres das sociedades médicas", disse Mendes.

"E não imunocomprometidas porque essas crianças precisam de uma atenção especial, principalmente no que diz respeito à eficácia. A sugestão é que sejam vacinas crianças de 6 a 17 anos até que tenha a apresentação de novos dados para subsidiar a ampliação da faixa etária", completou.

A diretora relatora, Meiruze Sousa Freitas, também destacou a não aprovação da vacina para crianças de 3 a 5 anos. Disse que a agência reguladora apenas aprova a vacina contra a Covid-19 após uma avaliação criteriosa que demonstra qualidade, segurança e eficácia.

"Foram apresentados estudos clínicos de fase 1, 2 e 3 em andamento. E dados e estudos de vida real em quase 2 milhões de crianças com 6 anos ou mais e adolescentes de até 17 anos em países que têm demonstrado competência no monitoramento das vacinas", ressaltou Freitas.

Ela destacou que vacinar os que são elegíveis ajuda a proteger aqueles que são mais vulneráveis e reduz o risco de doença grave nas próprias crianças.

Freitas destacou que por enquanto crianças menores de 5 anos permanecerão vulneráveis enquanto a Anvisa aguarda dados para aprovação da vacinação para faixas etárias iniciais. Dessa forma, aconselha que as pessoas ao redor das crianças estejam vacinadas para protegê-las.

Apesar da aprovação, a Anvisa aguarda que o Butantan encaminhe outros dados, como o resultado da fase três, que ainda está em andamento. Além disso, destacou que a instituição deve adotar uma farmacovigilância robusta e capaz de identificar reações adversas da vacina.

Para ampliar o uso da vacina para a faixa de 3 a 5 anos, também deverá ser realizado um novo pedido por parte do Butantan.

O pedido aprovado é o segundo feito pelo Butantan para aplicar Coronavac em crianças e adolescentes. O primeiro, apresentado em julho, foi avaliado pela agência reguladora e negado por causa da limitação de dados dos estudos apresentados.

O Ministério da Saúde avalia usar a Coronavac em crianças. Como a vacina é do mesmo modelo aplicado em adultos, estados já se planejam para destinar doses estocadas ao público mais jovem.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, usou as redes sociais para se manifestar sobre a aprovação da vacina.

"A Anvisa autorizou o uso emergencial da vacina Coronavac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Todas as vacinas autorizadas pela Anvisa são consideradas para a PNO [Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19]. Aguardamos o inteiro da decisão e sua publicação no DOU [Diário Oficial da União]", disse.

O governo de São Paulo reservou 8 milhões de doses de Coronavac para o uso em crianças, segundo informou o Butantan nesta quinta —há outros 7 milhões de doses prontas à disposição do governo federal ou de outros estados que desejarem fechar contrato. ​A vantagem do imunizante é sua disponibilidade de doses, já que parou de ser usado pelo governo federal na imunização dos adultos. ​

O imunizante fabricado pelo Butantan está autorizada para uso emergencial no Brasil desde 17 de janeiro de 2021 para pessoas a partir de 18 anos.

A Anvisa autorizou em 16 de dezembro o uso da vacina da Pfizer, que já era aprovado para as outras faixas etárias, para imunizar crianças de 5 a 11 anos.

No dia 5 deste mês, o Ministério da Saúde anunciou que crianças receberiam a vacina sem a necessidade de apresentação de prescrição médica.

A campanha de vacinação foi aberta na última sexta (14) em São Paulo. O primeiro imunizado foi Davi Seremramiwe Xavante, um menino indígena de 8 anos.

A vacinação de crianças e adolescentes é tema sensível no governo Jair Bolsonaro (PL), pois o mandatário distorce dados e desestimula a imunização dos mais jovens. Ele chegou a ameaçar expor nomes de servidores da Anvisa que aprovaram o uso de vacinas da Pfizer em crianças.

A previsão é que a pasta receba até março ao menos 30 milhões de doses pediátricas da Pfizer contra a Covid-19, suficientes para imunizar parte da população de crianças de 5 a 11 anos.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que, em 2021, havia 20,4 milhões de pessoas de 5 a 11 anos.

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