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Caminhar 10 minutos por dia pode levar a uma vida mais longa

Mais de 111 mil mortes poderiam ser evitadas por ano no mundo com esse hábito, estima estudo

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Gretchen Reynolds
The New York Times

Se quase todos nós começássemos a caminhar dez minutos a mais por dia, poderíamos, coletivamente, evitar mais de 111 mil mortes por ano, segundo um novo estudo sobre movimento e mortalidade, publicado esta semana no JAMA Internal Medicine.

O estudo usou dados sobre atividade física e taxas de mortalidade de milhares de americanos adultos para calcular quantas mortes por ano poderiam ser evitadas se todo mundo se exercitasse mais.

Os resultados indicam que mesmo um pouco de atividade física extra de cada pessoa poderia evitar centenas de milhares de mortes prematuras nos próximos anos.

Pessoas caminham em parque em Dhaka, em Bangladesh - 30.dez.2021/Xinhua

A ciência já oferece muitas evidências de que nossa quantidade de exercícios influencia nosso tempo de vida. Em um estudo revelador de 2019 publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), mais de 8% de todas as mortes nos Estados Unidos foram atribuídas a "níveis inadequados de atividade".

Um estudo britânico de 2015 também descobriu que homens e mulheres que se exercitam durante pelo menos 150 minutos por semana –a recomendação padrão na Grã-Bretanha, na Europa e nos EUA– reduzem seu risco de morte prematura em pelo menos 25%, comparando com pessoas que se exercitam menos.

De forma mais drástica, uma análise de 2020 sobre estilos de vida e risco de morte de aproximadamente 44 mil adultos nos EUA e na Europa concluiu que os homens e mulheres mais sedentários no estudo, que ficavam sentados quase o dia inteiro, tinham até 260% maior probabilidade de morrer prematuramente do que as pessoas mais ativas estudadas, que se exercitavam durante pelo menos 30 minutos quase todos os dias.

Mas a maior parte dessa última pesquisa contou com memórias muitas vezes inconfiáveis dos hábitos de exercício e de inatividade.

Além disso, muitos estudos que lidaram com os impactos mais amplos, em nível de população, do exercício sobre a longevidade tenderam a usar diretrizes formais de exercícios como objetivo.

Nesses estudos, os pesquisadores modelaram o que aconteceria se todos começassem a se exercitar durante pelo menos 150 minutos por semana, uma meta ambiciosa e talvez inatingível para as muitas pessoas que antes se exercitavam pouco ou nada.

No novo estudo, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e do CDC decidiram explorar o que poderia acontecer com as taxas de mortalidade se as pessoas começassem a se movimentar mais, mesmo que não cumprissem necessariamente as diretrizes formais de exercícios.

Mas primeiro os pesquisadores precisaram definir uma linha de base de quantas mortes poderiam estar relacionadas à falta de movimentos. Então eles começaram coletando dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição, que periodicamente entrevista uma amostra significativa da população sobre suas vidas e sua saúde. Ela também oferece a algumas pessoas marcadores de atividade, para medir objetivamente o quanto elas se movimentam.

Pessoas aproveitam o feriado de aniversário de São Paulo para se exercitarem no parque Ibirapuera - Eduardo Knapp - 25.jan.2022/Folhapress

Os pesquisadores agora coletaram informação de 4.840 voluntários de diferentes etnias, homens e mulheres, com idades entre 40 e 85 anos. Todos tinham aderido à pesquisa entre 2003 e 2006 e usaram um monitor de atividade durante uma semana.

Com base nesses dados, os pesquisadores agruparam as pessoas conforme o número de minutos que elas caminhavam ou se movimentavam na maioria dos dias. Eles também verificaram os nomes das pessoas em um registro nacional de mortes para definir riscos de mortalidade para os vários níveis de atividade.

Usando esses resultados, começaram a criar uma série de hipóteses estatísticas. Suponham, disseram os pesquisadores, que todo mundo que seja capaz de se exercitar comece a fazê-lo moderadamente, por exemplo, caminhando rapidamente, durante dez minutos a mais por dia, além do que eles já se exercitam atualmente? Quantas mortes poderiam não acontecer?

Os pesquisadores fizeram ajustes para contabilizar estatisticamente as pessoas que eram frágeis demais ou incapacitadas de caminhar ou se movimentar com facilidade.

Eles também consideraram a idade, educação, tabagismo, alimentação, índice de massa corporal e outros fatores de saúde em seus cálculos.

Então os pesquisadores executaram o mesmo cenário estatístico com todos se exercitando durante mais 20 minutos por dia e, finalmente, durante mais 30 minutos por dia, e verificaram os resultados de mortalidade.

Um certo número de pessoas viveria mais em qualquer desses cenários, segundo eles. De acordo com o modelo, se cada adulto capaz caminhasse rapidamente ou fizesse outro exercício durante mais dez minutos por dia, 111.174 mortes por ano em todo o país –cerca de 7% de todas as mortes em um ano típico– poderiam ser evitadas.

Quando eles duplicaram o tempo de exercício imaginado para 20 minutos a mais por dia, o número de mortes potencialmente evitadas aumentou para 209.459. Triplicar o exercício para 30 minutos a mais por dia evitou 272.297 mortes, ou quase 17% dos totais anuais típicos. (Os dados foram coletados antes da pandemia, que distorceu os números de mortalidade.)

Esses números podem parecer abstratos, mas na prática essas centenas de milhares de mortes evitadas poderiam ser muito pessoais.

Poderiam significar evitar a morte de um cônjuge, pai ou mãe, amigo(a), filho(a), colega de trabalho e, é claro, nós mesmos, disse Pedro Saint-Maurice, epidemiologista no Instituto Nacional do Câncer, que liderou o novo estudo.

"Há uma mensagem nesses dados para as entidades de saúde pública" sobre a importância de promover a atividade física para reduzir mortes prematuras, disse ele. E a mensagem se aplica igualmente a cada um de nós.

Então, levante-se e ande, ou pratique qualquer tipo de atividade física moderada durante dez minutos a mais hoje. Convide seus amigos, colegas e parentes idosos a fazer o mesmo. "Nesse contexto, um pouco de atividade física adicional pode ter um impacto enorme", disse o doutor Saint-Maurice.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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