Candida auris: Anvisa confirma terceiro caso de 'superfungo' no país

Estudo de 2021 sugere que caos hospitalar criado pela Covid-19 pode ter criado condições para a proliferação da Candida auris

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São Paulo | UOL

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) confirmou hoje o terceiro surto de Candida auris em um hospital da rede pública no Recife. A espécie foi detectada na urina de um paciente.

Conhecido como "superfungo", ele resiste a medicamentos e, de acordo com a agência, é considerado uma ameaça séria à saúde pública. A infecção por C. auris pode ser fatal, principalmente para pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades. Os dois primeiros casos foram confirmados em Salvador em 2020.

A agência alertou ainda que há outro caso suspeito em investigação laboratorial, em um paciente do mesmo hospital.

Paciente com Covid em UTI, cercado por máquinas
Paciente com Covid em UTI, em Lima, no Peru - Ernesto Benavides/AFP

De acordo com a Anvisa, desde a identificação da suspeita, uma força-tarefa nacional, composta por diversos órgãos, foi acionada para monitorar e controlar o surto. A instituição pediu que os laboratórios de microbiologia intensifiquem a vigilância e, diante de um caso suspeito ou confirmado, notifiquem o serviço de saúde e acionem um dos Lacens (Laboratório Central de Saúde Pública).

Covid-19 pode ter criado condições para 'superfungo'

Um estudo publicado no ano passado sugere que o caos hospitalar criado pela pandemia da Covid-19 pode ter criado as condições ideais para a proliferação da Candida auris.

Arnaldo Colombo, coordenador o Laboratório Especial de Micologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e líder da pesquisa, explica que os fungos do gênero Candida (com exceção da C. auris) fazem parte da microbiota intestinal humana e só costumam causar problemas quando há um desequilíbrio no organismo. O mais comum é o surgimento de infecções superficiais na mucosa da vagina (candidíase) ou da boca (sapinho), geralmente associadas à espécie C. albicans.

Em alguns casos, porém, o fungo invade a corrente sanguínea e desencadeia um quadro de infecção sistêmica —conhecido como candidemia— semelhante ao da sepse bacteriana. A invasão da corrente sanguínea e a resposta exagerada do sistema imune ao patógeno podem causar lesões em diversos órgãos e até mesmo levar à morte. As evidências científicas apontam que, quando a candidemia ocorre em pacientes infectados pela C. auris, até 60% não sobrevivem.

"Essa espécie rapidamente se torna resistente a múltiplos fármacos, sendo pouco sensível a produtos desinfetantes utilizados em centros médicos. Dessa forma, consegue persistir no ambiente hospitalar, onde coloniza profissionais de saúde e, posteriormente, pacientes críticos que necessitam de internação prolongada, a exemplo dos portadores de formas graves da Covid-19", diz Colombo.

Diversos fatores tornam os pacientes infectados pelo Sars-CoV-2 alvos ideais para a C. auris, entre eles a internação prolongada, o uso de sondas vesicais e cateteres para acesso venoso central (uma porta de entrada para a corrente sanguínea), corticoides (que suprimem a resposta imune) e antibióticos.

*Com informações da Agência Fapesp

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