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Cidade de São Paulo inicia vacinação de crianças contra Covid

Capital recebeu 64 mil doses, que, segundo secretário, podem acabar nesta terça

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São Paulo

A cidade de São Paulo começou a vacinação de crianças contra a Covid-19 na manhã desta segunda (17), em um evento no Hospital Cruz Verde, na zona sul, especializado no tratamento de pessoas com paralisia cerebral.

A cerimônia contou com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que acompanhou a imunização de três pacientes do hospital, Beatriz Araújo Marcelo, 8, Brayan Miguel Costa, 5, e Eloá Silva de Oliveira, 10, a primeira vacinada na capital.

Imagem em close mostra criança sendo vacinada
Início da vacinação de crianças na capital paulista, no Hospital Cruz Verde; na foto Brayan Miguel Costa - Bruno Santos/ Folhapress

Ao todo, dez crianças pacientes do hospital seriam vacinadas nesta segunda.

A cidade de São Paulo recebeu cerca de 64 mil doses de vacina pediátrica da Pfizer no primeiro lote. Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, ao menos 236 mil crianças estão aptas a serem imunizadas nesta primeira fase, que prioriza os pequenos com comorbidade, deficiência, indígenas ou quilombolas.

A Secretaria Municipal da Saúde acredita que as 64 mil doses de vacina pediátrica da Pfizer recebidas na última sexta (14) sejam suficientes para apenas dois dias. Mais vacinas devem ser distribuídas nesta quarta (19).

"Do jeito que vacinamos rápido, elas podem acabar amanhã [terça]", disso Aparecido.

Mesmo assim, postos de saúde da capital, como confirmou a reportagem, tiveram ritmo baixo de aplicação de vacina pediátrica. Na UBS (Unidade Básica de Saúde) Humaitá, na Bela Vista, na região central, até as 14h só dez crianças tinham tomado vacina.

Conforme uma funcionária da UBS Dr. Manoel Joaquim Pera, na Vila Madalena, zona oeste, até por volta das 10h30 "quatro ou cinco crianças" haviam tomado vacina contra Covid ali. Na UBS Doutor Humberto ​Pascale, em Santa Cecília, no centro, até as 12h foram cerca de 25 doses.

Segundo o governo estadual, a vacinação das crianças desse primeiro grupo deverá ocorrer até 10 de fevereiro, quando começa a imunização por faixa etária em ordem decrescente a partir de 11 anos.

Pesquisa Datafolha mostrou que 79% da população apoiam a vacinação de crianças.

Nos postos

Muitos pais não quiseram esperar. No auge da coragem de seus 10 anos de idade, Maria Luísa fez com a mão direita o sinal de mais ou menos quando foi questionada se a injeção havia doído. A menina foi a nona criança a ser vacinada contra a Covid-19 nesta segunda na UBS Humaitá.

Maria Luísa chegou acompanhada da mãe, Maria Barros, ao posto de saúde da Bela Vista, apesar de morarem no Brás. A justificativa é que toda a família tomou vacina contra o novo coronavírus no posto da rua Humaitá e não poderia ser diferente com a menina de 10 anos, que na saída foi ver como ficaram as fotos feitas com celular do momento da vacinação.

De acordo com a mãe, Maria Luísa foi levada ao posto de saúde no primeiro dia da imunização porque considera importante que a filha esteja vacinada para a volta às aulas no mês que vem.

"Ela tem cardiopatia não pode correr nenhum risco, ainda mais de pegar a Covid", afirmou a mãe.

Apesar de ser no mesmo ambiente, o local da vacinação de crianças é separado do dos adultos em salão da UBS Humaitá, na Bela Vista, no centro de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

Maria Luísa não enfrentou fila, ao contrário dos adultos. A vacinação na UBS da Bela Vista ocorre em um único salão em frente ao posto de saúde. As crianças são atendidas em frente a um biombo, com desenhos do personagem Zé Gotinha, mas não há uma sala própria para vacinação das pessoas de 5 a 11 anos, como recomenda o Ministério da Saúde.

Segundo uma funcionária, a direção da unidade resolveu retirar a vacinação de dentro da UBS por causa da lotação do posto —a espera pelo atendimento com clínico levava em média duas horas no fim da manhã desta segunda. Assim, o procedimento está sendo feito no salão do outro lado da rua. E apesar de o ambiente ser o mesmo dos adultos, diz, as crianças são atendidas em local próprio.

A dona de casa Tatiana Cavalcante Pereira também não perdeu tempo e levou Nicolas, 8, até o posto da rua Humaitá. "Vi na TV e já trouxe ele hoje, não dá para esperar", afirmou, sobre o menino.

O menino Nícolas, de 8 anos, tomou vacina contra a Covid-19 no início da tarde desta segunda-feira (17) em uma UBS do centro de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

Lillian Kim também não quis esperar e no fim da manhã estava na na UBS Doutor Humberto​ Pascale, em Santa Cecília, com o filho de 7 anos. "A ansiedade é grande", afirmou a mãe.

Maria Josefa da Paz tentou vacinar o filho Gustavo, de 8 anos, mas só descobriu no posto de saúde da Bela Vista que o garoto não tinha nenhuma comorbidade e precisará esperar até depois do dia 10 de fevereiro, quando está previsto o início da vacinação por faixa etária no estado de São Paulo. "Será que vão dar vacina na escola?", questionou.

Na manhã desta segunda, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que, por enquanto, não há previsão para levar a imunização para as escolas, como aconteceu com os adolescentes de 12 a 17 anos para tentar acelerar o ritmo, que estava lento em novembro do ano passado.

Serviço

Na capital paulista, os pais devem procurar as UBS (Unidades Básicas de Saúde), de segunda à sexta-feira, das 7h às 19h, aos sábados, das 8h às 17h, ou as AMAs (Assistências Médicas Ambulatoriais)/UBS Integradas, das 7h às 19h.

Aos domingos, a vacinação ocorrerá das 8h às 16h nas farmácias parceiras da avenida Paulista, nos números 2.371 e 266. A cada final de semana a programação poderá ser alterada.

Para que sejam imunizadas, as crianças deverão estar acompanhas por um responsável maior de 18 anos e apresentar documento de identificação (preferencialmente CPF), comprovante de endereço no nome dos pais ou responsáveis (exceto para a população aldeada) e carteirinha de vacinação. Na falta do CPF, será aceito o RG ou a certidão de nascimento.

Além disso, será necessário comprovar a comorbidade. Podem ser apresentados exames, receitas, relatório ou prescrição médica físicos ou digitais, contendo o CRM do médico e com até dois anos de emissão.

A deficiência poderá ser comprovada com laudo médico, cartão de gratuidade no transporte público, documentos comprobatórios de atendimento em centros de reabilitação ou unidades especializadas, ou documento oficial de identidade com a indicação da deficiência.

Lista de comorbidades

  • Insuficiência cardíaca
  • cor-pulmonante e hipertensão pulmonar
  • cardiopatia hipertensiva
  • síndrome coronarianas
  • valvopatias
  • miocardiopatias e pericardiopatias
  • doença da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosa
  • arritmias cardíacas
  • cardiopatias congênitas
  • próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados
  • talassemia; síndrome de Down
  • autismo; diabetes mellitus
  • pneumopatias crônicas graves
  • hipertensão arterial
  • doença cerebrovascular
  • doença renal crônica
  • imunossuprimidos (incluindo pacientes oncológicos)
  • anemia falciforme
  • obesidade mórbida
  • cirrose hepática
  • HIV

Lista de deficiências permanentes

Física

  • Limitação motora que cause grande dificuldade ou incapacidade para andar ou subir escadas

Sensorial

  • Pessoas com grande dificuldade ou incapacidade de ouvir mesmo com uso de aparelho auditivo

Visual (pessoas com baixa visão ou cegueira)

  • Considera-se baixa visão ou visão subnormal quando o valor da acuidade visual corrigida no melhor olho é menor do que 0,3 e maior ou igual a 0,05 ou seu campo visual é menor do que 20º no melhor olho com a melhor correção óptica (categorias 1 e 2 de graus de comprometimento visual do CID 10) e considera-se cegueira quando esses valores se encontram abaixo de 0,05 ou o campo visual menor do que 10º (categorias 3,4 e 5 do CID 10)

Intelectual

  • Pessoas com alguma deficiência intelectual permanente que limite as suas atividades habituais

Fonte: Secretaria Municipal da Saúde

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