Descrição de chapéu Coronavírus

Prefeita de cidade no RJ desencoraja pais a vacinar os filhos

Mandatária de São João da Barra contraria evidências científicas e afirma que não se imunizou contra Covid

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Rio de Janeiro

A prefeita de São João da Barra (RJ), Carla Maria Machado dos Santos (PP), afirmou nesta quarta-feira (19) que, se tivesse filhos, não os levaria para tomar vacina contra a Covid-19.

Durante live de quase uma hora, a prefeita —que afirma não ter se vacinado— falou em efeitos colaterais dos imunizantes, lançando dúvidas sobre sua eficácia e contrariando evidências científicas e recomendação de entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre outras.

"Estou até nessa live aqui, agora que começa a vacinação das crianças, para poder pedir às mães: olha a bula. Olha direitinho a bula. Se eu tivesse filho, não vacinaria", disse Carla Machado.

Distrito de Atafona, em São João da Barra, no norte fluminense
Distrito de Atafona, em São João da Barra, no norte fluminense - Arquivo Pessoal

Para a SBP, a imunização infantil "é estratégia importante para reduzir o número de mortes por conta da Covid-19 nessa faixa etária, no Brasil, cujos indicadores são mais expressivos do que em outras nações.

"Até o momento, os estudos realizados apontam a eficácia e a segurança da vacina aplicada na população pediátrica, a qual é fundamental no esforço para reduzir as formas graves da Covid-19", diz a entidade.

Estudos divulgados pelos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), dos EUA, mostram que reações graves ao imunizante são extremamente raros entre crianças de 5 a 11 anos que receberam a vacina Pfizer e que quase todas as crianças que ficaram gravemente doentes em seis cidades americanas não haviam sido totalmente vacinadas.

Ainda assim, a prefeita de São João da Barra, cidade próxima à divisa com o Espírito Santo, também recomendou que os pais consultem os médicos e a mídia alternativa antes de levar os filhos para vacinar.

"'Leve seu filho ao pediatra antes. Pede para ele assinar indicando a vacina", propôs.

A exigência de apresentação de prescrição médica antes da imunização ao público infantil chegou a ser considerada pelo Ministério da Saúde, mas foi descartada ao sofrer resistência das secretarias estaduais da Saúde.

Após dar sua receita de saúde, que inclui água morna, própolis, meditação e 20 minutos de sol pela manhã, a prefeita disse ainda que, "tomando ou não tomando a vacina, a gente continua a transmitir e continua se contagiar" com o coronavírus.

"Tenho minhas dúvidas (quanto à vacinação). É um direito que me assiste".

Dados de pesquisas e de ocupação dos hospitais mostram que os imunizantes de fato podem não impedir o contágio por coronavírus, mas reduzem consideravelmente as chances de óbitos e casos graves.

Por mais de uma vez, Carla Machado disse que sua opção pessoal não prejudicava os outros. Ainda segundo ela, não existe verdade absoluta, a verdade é relativa. E "tem cientistas que acham que a vacina ajuda e tem outros que acham que não".

A prefeita disse que não revelou sua decisão antes para não influenciar as pessoas. "Eu tomar ou não tomar a vacina, não prejudico ninguém. Não comentei abertamente antes porque não queria ser exemplo para ninguém", justificou.

Ela afirmou que a prefeitura da cidade irá providenciar um remédio natural para reforçar a imunidade das crianças.Segundo site do governo do Rio, São João da Barra tem 36.102 habitantes (dados de 2019). O portal da prefeitura informa a ocorrência de 5.152 casos de Covid no município até agora, sendo 176 mortes.

Falando em lobby da indústria farmacêutica, a prefeita repetiu que são necessário cinco anos para que sejam comprovados os efeitos colaterais da vacina. Ela disse que, por sua atitude, poderia vir a ser associada ao presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que nem sabe em quem votará nas próximas eleições.

A prefeita encerrou live sugerindo que seus seguidores foquem em coisa boa. O medo, disse, é prejudicial à saúde.

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