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Cidade de São Paulo começa a vacinar crianças contra Covid em escolas na segunda (21)

Pais receberão documento para autorizarem seus filhos de 5 a 11 anos a serem imunizados nos colégios da rede municipal

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São Paulo

A cidade de São Paulo começou nesta sexta-feira (18) a fazer busca ativa de crianças que não tomaram vacina contra a Covid-19. A vacinação nos colégios da rede municipal está programada para começar na segunda-feira (21).

No estado, quem tem de 5 a 11 anos pode ser imunizado contra o novo coronavírus desde o dia 14 de janeiro.

Com um mapeamento das informações sobre as crianças que não foram vacinadas, a Secretaria Municipal da Saúde vai fazer o planejamento da vacinação nas escolas.

Reginaldo Sierra acompanha a vacinação contra Covid-19 da filha Nicole, em unidade de saúde em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo - Rivaldo Gomes - 5.fev.22/Folhapress

De acordo com o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, agentes comunitários começaram a ir às casas das famílias das crianças que não foram vacinadas contra a Covid para levar um documento de autorização que deve ser preenchido e devolvido assinado para a escola, a partir da próxima segunda.

"Vamos fazer o processo de vacinação em cada uma das 1.400 escolas municipais", disse Aparecido. A vacinação em escolas deve começar em um evento simbólico com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Segundo Aparecido, além do cadastro feito junto às famílias pelos agentes comunitários das UBS (Unidades Básicas de Saúde), as escolas municipais também fazem levantamento dos alunos de 5 a 11 anos que não tomaram a vacina.

"A partir daí, os pais vão receber a autorização e depois a criança vai com ela ou com os próprios pais vacinar na escola", afirmou. "Sem a autorização ou sem o pai, a gente não vacina."

Questionada, a secretaria não informou se já há um calendário para vacinação nas escolas. A imunização deve ser escalonada a partir do pedido das escolas com o recebimento das autorizações assinadas pelos pais.

Em nota, a pasta disse que as UBSs estão entrando em contato com as escolas municipais para verificar a condição vacinal dos alunos.

"Caso queiram, os pais poderão acompanhar o filho durante a vacinação, que ocorrerá no horário de início das aulas e 30 minutos antes do término de cada período, em dias a serem definidos por cada escola", afirma o texto.

Apesar de o governo estadual dizer que as cidades paulistas poderão montar postos volantes de vacinação nas escolas municipais, estaduais e privadas, de acordo com a realidade local, a pasta da gestão Nunes disse que vai fazer a busca ativa apenas nos colégios da rede municipal.

"A maioria das crianças na faixa etária de 5 a 6 anos concentra-se nas escolas municipais", afirmou a secretaria —essas duas idades foram as que percentualmente menos receberam vacina contra a Covid entre as crianças na cidade de São Paulo até às 13h desta sexta (18), com 63% e 69,9%, respectivamente, do que foi planejado pela prefeitura.

Na quarta-feira (16), o governador João Doria (PSDB) anunciou que neste sábado (19) começa a "Semana E" de vacinação infantil contra a Covid-19 nas escolas, que vai até a próxima sexta-feira (25).

"Os municípios que aderirem poderão vacinar as crianças sem burocracia, com apenas um documento de concordância dos pais ou responsáveis, que não precisarão estar presentes no momento da imunização. O termo já foi disponibilizado aos 645 municípios e poderá ser enviado aos pais e responsáveis nas escolas que aderirem à iniciativa", afirmou em nota a Secretaria de Estado da Saúde.

A extensão da vacinação para a rede estadual de ensino ainda está sendo estudada pela Secretaria Municipal da Saúde.

A vacinação nas escolas municipais se estenderá até quando for necessário, de acordo com a gestão Nunes.

Até o início da tarde desta sexta, a cidade de São Paulo havia aplicado a primeira dose em cerca de 790 mil pessoas de 5 a 11 anos contra o novo coronavírus, ou seja, 72,9% de 1,083 milhão de crianças esperadas.

A escola pode ajudar a fazer uma campanha para convencer sobre a segurança e efetividade da vacina, o que o governo federal não faz

Ana Escobar

Pediatra e professora da Faculdade de Medicina da USP

No estado, segundo o governo Doria, aproximadamente 2,5 milhões de crianças (62%) haviam tomado a primeira dose da vacina até às 13h desta sexta.

No último dia 7, durante entrevista em um colégio em Perus (zona norte), na volta às aulas, Nunes afirmou que a imunização em escolas não estava prevista e disse que a prefeitura, por enquanto, não vai exigir comprovante de vacinação contra a Covid-19 para os estudantes da rede municipal.

As crianças de 5 anos, que são vacinadas exclusivamente com doses da Pfizer pediátrica, precisam esperar 56 dias ou oito semanas para a segunda dose.

Quem tem de 6 a 11 anos e tomou a primeira dose da Pfizer também tem de aguardar esse mesmo intervalo. Para aqueles que tomaram Coronavac, o intervalo é de 28 dias, e já podem começar a receber a segunda dose neste sábado (19).

A vacinação em escolas é elogiada por especialistas. Médicos ouvidos pela Folha afirmaram que a vacinação em colégios é importante.

O pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, lembrou que nem todos os pais que não levaram seus filhos para imunizar contra a Covid-19 são antivacinas. Segundo o médico, existem os que não tiveram tempo por causa do trabalho ou mesmo que esqueceram. "Oferecer acesso diferenciado à vacina, na casa ou na escola, eleva a cobertura e baixa a taxa de não vacinados", disse.

"Sempre que você consegue abordar um não vacinado, há resultado de conversão, você ganha alguns [imunizados]", afirmou.

Para estes casos, a pediatra Ana Escobar, professora da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), disse que as escolas desenvolvem um papel importante no convencimento de pais que ainda têm insegurança ou medo da vacina.

"Professores e diretores podem tirar dúvidas", afirmou a médica. "A escola pode ajudar a fazer uma campanha para convencer sobre a segurança e efetividade da vacina, o que o governo federal não faz", disse.

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