Descrição de chapéu Coronavírus

Com ômicron, internação por Covid em SP cai de 11 para 6 dias

Avanço da vacinação e menor risco de evoluir para quadros graves explicam redução

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São Paulo

O tempo de internação por Covid em um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ou de enfermaria no estado de São Paulo caiu no início deste ano em comparação a ondas anteriores do coronavírus.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES/SP), um paciente agora fica hospitalizado em média seis dias, uma redução de 55% em comparação a março do ano passado, quando eram necessários em média 11 dias.

Pessoas esperem para ser atendidas na AMA do do Hospital Central Sorocabana na Lapa, em São Paulo
Pessoas esperem para ser atendidas na AMA do do Hospital Central Sorocabana na Lapa, em São Paulo - Mathilde Missioneiro - 12.jan.22/Folhapress

De acordo com informações levantadas pelo UOL junto à SES/SP e que não foram confirmadas para a Folha, os dados separados de internação em leitos de UTI apontam uma queda de 12 para 7 dias e, em leitos de enfermaria, de 9 para 3 dias com a variante ômicron.

Nesta segunda (31), o número de pacientes internados em todo o estado com suspeita ou confirmação de Covid era de 11.316, dos quais 7.322 na enfermaria, e 3.994 em UTI. A taxa de ocupação dos leitos estaduais está em 70,6% para enfermaria e 72,1% nas UTIs.

Apesar da ocupação elevada, o número de novas internações apresentou uma pequena redução em comparação aos sete dias anteriores. No dia 24, a média móvel de internações diárias era de 1.480; já nesta segunda, ela caiu para 1.183 (redução de 20%).

Como mostrou reportagem da Folha, a capital paulista está passando por uma desaceleração de novos casos de Covid, mas o interior ainda concentra número elevado.

Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, atualmente a maioria das internações é em leitos de enfermaria e não nas UTIs, já indicando uma menor gravidade dos casos atendidos nos hospitais públicos de SP.

"Isto também compromete menos o sistema de saúde porque o tempo de renovação dos leitos é mais rápido do que vimos no passado", afirmou.

Mesmo assim, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou na última quarta (26) a abertura de 700 novos leitos para Covid na rede estadual. De acordo com a pasta da Saúde, o redirecionamento de leitos exclusivos para assistência de Covid para outras causas foi pausada em janeiro, e novos leitos poderão ser ativados se necessário.

Embora já seja bem estabelecido que esta cepa é mais transmissível, com maior reprodução nas vias aéreas superiores e, por isso, aumentando a transmissão de uma pessoa para outra, os estudos científicos mais recentes indicam que ela pode também estar associada a uma menor gravidade, justamente por não atingir tanto os pulmões.

Dados tanto do Brasil quanto de outros países, como o Reino Unido e África do Sul, indicam que a ômicron causa um pico de onda muito maior, mas de menor duração. Além disso, a grande quantidade de pessoas vacinadas na população pode resultar em internações mais brandas.

De acordo com os dados da plataforma estadual Vacina Já, o estado de São Paulo apresenta 96,73% da população com mais de 18 anos com esquema primário de vacinação completo, índice que vai a 80,57% na população geral. Nas crianças de 5 a 11 anos, mais de 1,2 milhão receberam a primeira dose da vacina, o que equivale a 30,1%.

Para o infectologista e pesquisador da Fiocruz Julio Croda, esses dados coletados de outros países sobre o perfil de internados revelam sim uma redução na proporção de novos casos e internações e óbitos com a ômicron em comparação com as outras cepas.

"Dados do sistema público de saúde do Reino Unido indicam uma redução do risco de hospitalização de cerca de 50% com a ômicron comparada à delta, independente da vacina. Além disso, as vacinas podem reduzir em até 20 vezes o risco de hospitalização", diz.

Croda, que já foi do Comitê de Contingenciamento do Coronavírus no estado de São Paulo, dissolvido no meio de agosto e que agora conta com apenas nove médicos e especialistas, explica que essa redução no tempo de internação está relacionada à menor gravidade da ômicron e à imunização, uma vez que o período tende a ser menor nas pessoas vacinadas.

"As pessoas internadas nessa onda da pandemia em São Paulo não evoluem, em geral, para internação em UTI, mesmo que elas tenham maior gravidade, como queda de saturação, necessidade de oxigênio, elas não evoluem para a intubação endotraqueal, que é o maior motivo de internação em UTI", afirma.

Apesar de já demonstrado que a ômicron consegue evadir parcialmente dos anticorpos produzidos pós-vacinação, especialmente os anticorpos chamados neutralizantes, capazes de impedir a entrada do vírus nas células, a proteção contra casos graves, hospitalização e óbitos se mantém.

O médico alerta, porém, que em uma situação em que a maior parte da população está vacinada, como é o caso de São Paulo, haverá um grupo de indivíduos, mesmo com esquema de vacinação primário completo (duas doses ou dose única, no caso da Janssen) ou que já recebeu a dose de reforço, que pode vir a ter quadro grave, ser internado e, eventualmente, vir a óbito.

"Mas é um número muito reduzido. Assim como outras doenças respiratórias, sempre há algumas pessoas, em especial aquelas com maior idade, maior risco devido à presença de outras comorbidades, imunossuprimidas, que ficam doentes e podem ter maior risco para hospitalização e óbito", afirma.

De acordo com os dados do estado, diz Croda, cerca de 91% dos internados em leitos de UTI no estado são pessoas que não receberam o esquema primário vacinal completo.

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