Descrição de chapéu Coronavírus

Como fica a etiqueta social após máscara deixar de ser obrigatória

O que fazer na hora de cumprimentar alguém, dar uma festa ou visitar um amigo

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São Paulo

O que se viu no rosto de quem sai de casa após o governo paulista decretar o fim da obrigação de usar máscaras é a expressão de interrogações. Beijinho no rosto ainda parece uma realidade distante em encontros na rua. Ninguém aperta a mão de ninguém com a mesma convicção de antes.

Os protocolos que eram obrigatórios podem ter influenciado um novo código de conduta e convivência. As dúvidas sobre como proceder mudam a cada encontro. Mas os especialistas em comportamento consultados para essa reportagem são unânimes ao menos sobre um novo hábito: é preciso manter a máscara no bolso, pois talvez você precise dela não por obrigatoriedade, mas por educação.

Pedestre circula pela av. Paulista com máscara após o governo do estado de São Paulo anunciar a desobrigação do uso do item - Zanone Fraissat/Folhapress

Ainda tem gente com medo e é preciso respeitar esse fato, dizem os especialistas. "Estamos vivendo a etiqueta do medo e da precaução", diz a jornalista e consultora de moda Gloria Kalil, referência na área do comportamento, em defesa de paciência diante de situações inesperadas.

A hesitação na hora de cumprimentar com beijo no rosto ou aperto de mão é um dos melhores exemplos. Kalil afasta a hipótese de o beijinho cair em desuso para sempre, mas aponta que esse hábito ganhou restrições. "Antes, até em situações formais era aceito. Acho que o beijinho vai ter espaço no nosso futuro, mas ainda é cedo. Numa situação formal ou de trabalho, dar beijo no rosto hoje é invasivo."

Se as situações, no espaço público, têm se apresentado de maneira variada, a capacidade de observar ganhou relevância. "Tudo é uma questão de ir tateando, estamos entrando em uma situação nova de novo", diz. "Se é pessoa íntima sua, tudo bem cumprimentar com aperto de mão. Se não, é preferível manter uma distância."

O cumprimento com a cabeça tem sido uma alternativa chique. "Essa distância nas situações mais formais pode continuar. E, caso você dê a mão e a pessoa não tope apertá-la, não se ofenda. É um reflexo de uma condição dos anos de pandemia". Para a consultora, não existe espaço para mágoas dessa natureza agora. "Você não sabe o que aquela pessoa passou, se ela perdeu alguém."

Kalil não acha indelicado cobrar carteira de vacinação de convidados de reuniões e festinhas. Mas dar festa e cobrar a obrigação de usar máscara já não é tão legal, diz. "Provavelmente as pessoas vão comer, vão beber. Se você ainda está com medo, daí melhor não dar a festa, diz. Ela também aconselha que seja indicado para os convidados, no momento do convite, a quantidade de gente esperada para a situação. "É simpático."

A simpatia é um instrumento que deve estar sempre à mão. Para o professor de etiqueta Fábio Arruda, existe uma forma elegante, e simpática, de se aproximar de alguém que você conhece sem intimidar.

"Você pode muito bem perguntar: e aí, como vocês estão? Estão cumprimentando ou não?", simula. Não tem, para ele, problema nenhum em recusar-se a cumprimentar alguém com a mão. "Você não deve ficar constrangido pela liberalidade do outro. E essa é uma regra que vale para tudo na vida", diz.

De novo, apela-se para a intuição. "Existem sinais. Tem gente que se aproxima, tem gente que já se mantém mais distante. No universo corporativo, só existe beijo aqui no Brasil. No resto do mundo isso é inconcebível. Leia esses sinais. Se a pessoa está de máscara, é óbvio que ela não quer te cumprimentar, não dê a mão nem dê beijo", diz.

Se a pandemia mudou algum de nossos hábitos de maneira permanente? "Acho que vai ter gente, ainda que pouca gente, que não vai abandonar a máscara", prevê.

Daí o conselho de manter uma máscara sempre ao seu alcance se faz fundamental. "Se for um ato de respeito e se for necessário, e se a pessoa exigir que eu use a máscara em alguma situação, não vou me aviltar. Se for do meu interesse, eu coloco. O que te custa manter uma máscara na bolsa ou no bolso. Você vai perder uma reunião se te pedirem para colocar a máscara?"

Por fim, a flexibilização do uso de máscara também vai exigir que hotéis, lojas e outros estabelecimentos determinem protocolos de higiene e de convívio necessários para proteger aqueles que fazem uso do seu espaço, lembra a professora de etiqueta Ângela Pimentel. Será importante "para que todos possam exercer o direito e ir e vir".

Beijo, abraço, aperto de mão

O CONVÍVIO E A ETIQUETA EM UM MUNDO SEM OBRIGAÇÃO DE USAR MÁSCARA

Beijinho no rosto pode?
Em situações mais formais, antes era permitido usar os dois beijinhos, como os cariocas, ou um beijinho, como se fazia em São Paulo. Agora, não dê beijinhos em situações formais. Entre amigos e familiares, sinta-se mais livre, mas não reclame se a pessoa a ser beijada recuar.

O que fazer se estou sem máscara e alguém espirrar ou tossir ao meu lado?
Meça o risco antes disso acontecer, principalmente quando há muita gente desconhecida em volta. Não é indelicado recuar ou se afastar de quem tem algum sintoma da doença

Se vou visitar um amigo, devo perguntar se é necessário o uso de máscara?
Chegue à casa do anfitrião com a máscara e espere que ele diga se não vê problema em retirá-la. No caso do anfitrião, tudo bem perguntar se o convidado está vacinado e pedir o uso da máscara, considerando, porém, que o convidado pode preferir não fazer a visita.

Como deve se portar quem oferece ou pega carona?
Se você vai aceitar carona de alguém, vá de máscara e espere que o motorista libere você da obrigação de usá-la. Aquele que chega toma a iniciativa. Não é errado pedir para que as janelas fiquem abertas.

Já é possível apertar a mão de alguém sem hesitar?
Quando você tem intimidade com a pessoa, tudo bem. Depois de ir tateando a situação, até abraço vale. Se você não tem intimidade, é preferível manter distância e usar um cumprimento com a cabeça.

Posso recusar dar a mão a um desconhecido, em alguma situação social?
Se você não se sente seguro, pode. O conselho aqui vai paro o outro: não se sinta ofendido.

Se vou dar uma festa, é indelicado pedir carteira de vacinação para os convidados?
É mais indelicado pedir para que se use máscara, pois é de costume beber e comer nas celebrações. Se você não está seguro, não dê a festa ou a reunião. Pedir carteira de vacinação é válido e até recomendável, até para que os convidados fiquem mais à vontade. Não vale porém reclamar de quem não foi.

O que mais posso fazer se sou anfitriã de uma reunião ou festa?
É legal avisar o convidado sobre o tamanho da celebração, dizer se foi chamada muita ou pouca gente, para que todos possam decidir de acordo com seus medos e preferências.

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