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Mais de um terço dos idosos acima de 80 não tomou reforço contra Covid

População nessa faixa etária poderá completar esquema vacinal durante imunização contra gripe

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São Paulo

Com o anúncio do Ministério da Saúde sobre a quarta dose da vacina contra a Covid-19 às pessoas acima de 80 anos, a SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) chama a atenção para uma parcela considerável de idosos que ainda não recebeu o reforço da terceira dose e, por isso, precisa ser priorizada.

De acordo com os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde, o percentual de doses de reforço aplicadas a partir dos 60 anos variava de 48% a 71% até o fim do mês passado. Entre os idosos com 80 anos ou mais, perto de 36% (cerca de 2,8 milhões) ainda não haviam recebido a dose de reforço.

Vacinação de idosos para a quarta dose da vacina contra a Covid, em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

O risco de morte por Covid chegou a ser 18 vezes maior entre os idosos não vacinados, na comparação com os já imunizados, durante a onda causada pela variante ômicron no Brasil, segundo análise realizada pela Folha a partir do cruzamento dos dados oficiais do Ministério da Saúde com as estimativas populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Foram considerados os registros de internações e mortes confirmadas pela doença no período de dezembro a fevereiro.

Um outro estudo recente da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina mostra que a mortalidade por Covid entre não vacinados ou que receberam apenas uma dose é 33 vezes maior nos idosos e 19 vezes maior nos adultos, em comparação com as pessoas dos mesmos grupos que já tomaram o reforço.

O risco de hospitalização é 25 vezes maior em idosos e 9 vezes maior em adultos não imunizados. A pesquisa levou em consideração 1.675 mortes e 6.580 hospitalizações por Covid notificadas por municípios catarinenses entre 1º de novembro de 2021 e 28 de fevereiro de 2022. Entre os óbitos no período, 1.329 (79%) foram de pessoas sem reforço.

Segundo a geriatra Ivete Berkenbrock, presidente da SBGG, a entidade estimula a quarta dose da vacina às pessoas acima dos 80 anos e aos imunossuprimidos, mas tem pedido em seus canais mais atenção aos idosos que ainda não receberam a terceira dose.

Ela afirma que há muitas disparidades regionais, com estados já aplicando a quarta dose, enquanto outros estão com dificuldade de fazer crescer o percentual dos imunizados com a terceira.

Para ela, a campanha de vacinação contra a gripe pode ser uma oportunidade para os idosos receberem as doses faltantes da imunização contra a Covid.

Os idosos são um dos primeiros grupos convocados a tomar o imunizante contra o vírus influenza. No estado de São Paulo, a campanha começa neste domingo (27). Já o Ministério da Saúde anunciou o início para o dia 4 de abril.

De acordo com a orientação do ministério, as vacinas contra a Covid-19 e contra a gripe podem ser aplicadas de forma simultânea, aproveitando a mesma visita ao posto de saúde.

"Essa população que não se vacinou ou está com o esquema vacinal incompleto está vulnerável. Então mesmo com a flexibilização do uso de máscaras, a gente recomenda que os idosos continuem usando, especialmente em locais fechados", diz Berkenbrock.

O Ministério da Saúde argumenta que os dados recentes de casos, hospitalizações e mortes por infecções respiratórias no país indicam uma "tendência de perda de proteção em idosos adequadamente vacinados", com destaque para "a faixa etária acima de 80 anos de idade".

De acordo com o documento, essa redução da efetividade das vacinas após quatro ou cinco meses nos mais idosos pode ser em parte explicada pelo processo da imunossenescência, ou o envelhecimento natural do sistema imunológico.

A imunização contra a gripe acontecerá em duas etapas, de acordo com o cronograma do governo federal. A primeira, entre 4 de abril e 2 de maio, está voltada aos idosos com mais de 60 anos e aos trabalhadores da área de saúde. A segunda, a partir de 3 de maio, será aberta aos demais públicos-alvo, como gestantes, crianças de 6 meses a 4 anos e povos indígenas.

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