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Maior produtor mundial de vacinas suspende sua produção de versão da AstraZeneca contra Covid

Instituto Serum na Índia disse que demanda de Covishield caiu e por isso é necessário parar a fabricação

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Mumbai (Índia) | AFP

O maior produtor de vacinas do mundo, o Instituto Serum da Índia, interrompeu a produção da sua versão local de vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca devido à queda na demanda, informou o seu CEO na última sexta-feira (22).

O Instituto Serum produziu mais de 1 bilhão de doses da Covishield —sua versão da vacina da AstraZeneca— e é o maior fornecedor do programa global para os países mais pobres, o Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mulher recebe uma dose da vacina Covishield contra a Covid em Bangalore, na Índia
Mulher recebe uma dose da vacina Covishield contra a Covid em Bangalore, na Índia - Manjunath Kiran - 11.ago.21/AFP

Essa situação contrasta com o que aconteceu há cerca de um ano, quando a Índia —conhecida como "farmácia do mundo"— teve que restringir suas exportações para combater uma terrível onde de infecção em seu território, levando a uma situação extrema para o sistema de saúde desta nação de 1,4 bilhão de pessoas. As exportações de vacinas foram retomadas em novembro passado.

"Temos 200 milhões de doses em reserva", disse o CEO do instituto, Adar Poonawalla.

"Paramos a produção em dezembro. Até sugeri que sejam doadas para quem quiser leva-las", disse ele em um fórum econômico organizado pelo grupo Times Network.

"Não sei o que fazer com o produto. Por isso tive que dizer para eles pararem de produzir. Se não, [as doses] vão expirar", acrescentou.

Apesar da interrupção na produção, o Instituto Serum foi um importante pólo de produção de vacinas contra a Covid, não apenas da Covishield, mas também de outras vacinas. No início da vacinação contra Covid-19 no Brasil, as primeiras remessas da vacina da AstraZeneca enviadas ao país vieram do instituto indiano.

Países vizinhos do gigante indiano também se beneficiaram da produção local, como Bangladesh, Nepal e Sri Lanka.

As vacinas ajudaram a frear o número de mortes em 2021, salvando milhares de vidas. Mas com o atraso na vacinação em diversos países, o último ano também foi marcado pelo surgimento de novas variantes do coronavírus, como a delta, cuja origem foi na Índia, em abril de 2021, e a ômicron, que apareceu pela primeira vez na África do Sul em novembro de 2021.

O fornecimento para o Covax Facility, porém, ficou aquém do esperado pela própria OMS, que não conseguiu atingir a meta de 70% da população mundial vacinada até 2021. Em diversos países, incluindo muitos do continente americano e alguns países caribenhos, como o Haiti, menos de 10% da população já recebeu pelo menos as duas doses da vacina no que ficou conhecido como esquema primário vacinal.

A Índia, inclusive, está em uma disputa com a OMS acerca do número verdadeiro de mortos por Covid no país. Enquanto os números oficiais dizem que morreram 520 mil vítimas pelo coronavírus no país, uma investigação da OMS apontou que o número verdadeiro seria cerca de oito vezes esse valor, chegando a 4 milhões de mortos.

Segundo o relatório da OMS, o mundo teria alcançado a marca de 15 milhões de mortes ainda em 2021. Ainda de acordo com o levantamento, mais de um terço dos 9 milhões de mortos adicionais teria ocorrido no país indiano. A Índia criticou duramente o relatório e disse que o modelo matemático utilizado é questionável.

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