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Mulheres podem usar anticoncepcional logo após o parto, destacam especialistas

Há opção de instalar implantes e DIUs ainda na maternidade; métodos com estrogênio, porém, têm de ser evitados

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Revista Mulher Sogesp

O uso de contraceptivos logo após o parto ainda é um assunto pouco abordado na rotina do pré-natal. De acordo Mariane Nunes de Nadai, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Bauru, especialista em reprodução humana e anticoncepção, trata-se, porém, de uma questão de suma relevância, devendo ser proposta para discussão pelas pacientes aos seus ginecologistas já no início da gestação.

Segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a gravidez não planejada atinge um grande número de mulheres no Brasil e no resto do mundo.

Mais de 100 milhões ou aproximadamente 18% daquelas que vivem com seus parceiros em países em desenvolvimento desejam evitá-la, mas não fazem uso de métodos contraceptivos. Em nosso país, cerca de 55% das mulheres engravidam sem planejar.

Cartelas de pílula em cima de uma mesa de madeira
Cartelas de pílula anticoncepcional - Noemie Olive - 5.jan.22/Reuters

Isso reforça a importância da cultura do planejamento familiar, com medidas instituídas desde o pré-natal, também podendo ser realizadas no pós-parto imediato. Essas ações, dizem especialistas, poderiam ter grande impacto na reversão desse cenário, levando à redução das gravidezes não planejadas e ao aumento do intervalo entre gestações.

São muitos os métodos seguros. Cabe ao ginecologista-obstetra a indicação do que mais se adequa às necessidades e particularidades da paciente.

Os anticoncepcionais orais, também conhecidos como pílula, um dos métodos mais usados pelas mulheres, são contraindicados em algumas situações. O "inconveniente", por assim dizer, é ter de se lembrar de tomá-lo diariamente, para garantir a eficácia.

Já entre os métodos contraceptivos de longa duração reversíveis e altamente eficazes disponíveis no país estão os DIUs (dispositivos intrauterinos) e os implantes.

Os DIUs de cobre e de progestagênio, assim como o implante de etonogestrel, podem ser inseridos no puerpério imediato. A puérpera, inclusive, já pode sair da maternidade com o dispositivo na grande maioria dos casos, após a alta do parto.

O DIU de cobre é um dispositivo em T introduzido no interior da cavidade endometrial. Dessa forma, libera íons de cobre que imobilizam os espermatozoides, dificultando a fecundação. A eficácia é de 99,4%, com duração de três a dez anos.

Já os DIUs hormonais atuam no muco cervical impedindo a passagem dos espermatozoides, alterando também a motilidade (movimento) das trompas. Basicamente, liberam doses baixas de progesterona, de forma controlada, deixando a camada do útero fina, diminuindo ou até mesmo cessando o fluxo menstrual. O DIU hormonal não possui estrogênio em sua composição e sua eficácia é de 99,7%.

O implante contraceptivo subdérmico, por sua vez, é um dispositivo anticoncepcional inserido no antebraço, por baixo da pele. Ele libera o hormônio etonogestrel, que é um progestagênio, na corrente sanguínea.

Esse hormônio bloqueia a ação ovulatória dos ovários, além de aumentar a hostilidade do muco cervical, reduzindo a capacidade de o espermatozoide se mover para dentro da cavidade do útero.

Nadai destaca que, nas primeiras semanas pós-parto, a paciente não pode utilizar nada com estrogênio, pois há um risco maior de trombose. Além disso, as mulheres que amamentam não devem usar estrogênio por seis meses após o parto.

Por fim, Nadai reforça a relevância de se aumentar o intervalo intergestacional, ou seja, de ter distanciamento maior entre as gestações. Quanto mais curtas essas janelas de tempo, mais riscos existem para a mãe e para o bebê, ampliando as chances de morte materna e fetal.

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