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Vontade constante de urinar é sintoma de bexiga hiperativa

Problema, que afeta fortemente qualidade de vida, tem tratamento; conheça

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Revista Mulher Sogesp

A síndrome da bexiga hiperativa é caracterizada pela necessidade urgente de urinar. É acompanhada do aumento da frequência de idas ao banheiro, estimulada por uma vontade súbita que ocorre também durante as noites, levando quem sofre desse problema a acordar.

Em um terço dos casos, as mulheres podem apresentar incontinência urinária. O diagnóstico da chamada bexiga hiperativa idiopática (sem origem conhecida) é realizado na ausência de infecção urinária.

O problema se manifesta quando há hipercontratilidade do músculo detrusor que reveste a bexiga. Ou seja, essa maior pressão interna faz com que se tenha constante vontade de urinar, mesmo quando existe pouco líquido a ser expelido. Assim, é comum que a paciente necessite ir ao banheiro mais de oito vezes durante o dia e mais de uma vez à noite.

Boneco de madeira sentado em um vaso sanitário branco
Segundo o professor Emerson Oliveira, uma em cada quatro mulheres acima de 40 anos que passam em consulta com ginecologistas tem bexiga hiperativa - Unsplash

Em situação de normalidade, a bexiga está sempre relaxada e, quando há precisão de urinar, é dado um comando de contração e esvaziamento. Na bexiga hiperativa, é como se esse comando fosse acionado sem controle.

Segundo Emerson Oliveira, professor assistente e responsável pelo setor de uroginecologia e disfunções do assoalho pélvico da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), uma em cada quatro mulheres acima de 40 anos que passam em consulta com ginecologistas tem bexiga hiperativa.

"A prevalência aumenta com o evoluir da idade e tem impacto negativo nas atividades diárias. A bexiga hiperativa prejudica, sobremaneira, vários domínios da qualidade de vida, promovendo restrições na vida social e profissional, além de demandar maior uso e recursos do sistema de saúde", destaca Oliveira.

A avaliação do histórico da paciente, além de exames físicos e de urina, são os primeiros passos para se chegar ao diagnóstico de bexiga hiperativa. Para descartar outras causas de sintomas urinários, como infecções, pedras na bexiga, tumor de bexiga e diabetes, podem ser solicitadas a ultrassonografia renal e de vias urinárias, avaliação urodinâmica, cistoscopia e outros exames.

A bexiga hiperativa pode decorrer de sinais nervosos transmitidos do cérebro para a bexiga sem exatidão. Além do que, doenças que afetam o cérebro e/ou a medula espinhal, distúrbios neurológicos, espasmos musculares e alterações hormonais podem ser gatilhos. São casos chamados de bexiga neurogênica, com comportamento diferente da idiopática.

Ainda é possível a mulher desenvolver sintomas da bexiga hiperativa, como a incontinência urinária, durante o período gestacional. É decorrência da maior produção de urina, assim como da pressão que o útero exerce sobre a bexiga. Consequentemente, há mais dificuldade para controlar e segurar o fluxo.

A ginecologista Cássia Raquel Teatin Juliato, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e vice-presidente da Comissão Nacional Especializada de Uroginecologia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), explica o tratamento da bexiga hiperativa.

"Uma primeira linha se refere a intervenções comportamentais, como a suspensão do tabagismo, adequação do peso, controle da obesidade e da diabetes", diz.

Juliato afirma que devem ser evitados itens que estimulam o músculo detrusor da bexiga, como cafeína, álcool, pimenta, chocolate, refrigerantes e alimentos ricos em potássio.

"Treinamentos musculares do assoalho pélvico também melhoram o quadro. Outra vertente inclui tratamento medicamentoso com anticolinérgicos ou B3 adrenérgicos. Em mulheres na pós-menopausa, pode-se utilizar estrogênio vaginal associado a estas medicações", conta também.

Para casos mais graves, nos quais falharam os tratamentos anteriores, são opções "a aplicação de toxina botulínica [botox] intravesical, neuroestimulação sacral e estimulação do nervo tibial percutâneo".

Ao notar frequência urinária elevada (intervalo menor do que duas horas), urgência miccional, noctúria, incontinência e vontade de ir ao banheiro mesmo com a bexiga vazia, a paciente deve procurar ajuda, pois, como frisa Juliato, a bexiga hiperativa é uma síndrome com grande impacto na qualidade de vida das mulheres.

"Não tenha vergonha dos sintomas", diz. "Todos os ginecologistas estão aptos a realizar o diagnóstico e o tratamento adequado. Mas, caso haja falha no tratamento, deve-se buscar um especialista, que é o uroginecologista", completa.

Oliveira reforça que o impacto de ter bexiga hiperativa se dá nos campos físico, social e psicológico. "Então, se você possui ou conhece alguém que demonstra sintomas, fale com um médico. A bexiga hiperativa tem tratamento e isso faz toda a diferença em qualidade de vida", conclui.

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