Estado de SP anuncia oficialmente 1° caso de varíola dos macacos

Informação já havia sido divulgada na quarta (8) e foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz

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São Paulo e Brasília

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo anunciou oficialmente nesta quinta-feira (9) o primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil, um dia após a pasta divulgar o caso.

A confirmação foi feita pelo Instituto Adolfo Lutz após realização de diagnóstico diferencial de detecção por RT-PCR do vírus varicela zoster (com resultado negativo) e análise metagenômica do material genético, quando então foi identificado o genoma do vírus da varíola dos macacos.

Trata-se de um homem de 41 anos que viajou para Espanha e Portugal há pouco tempo. Ele está em isolamento no hospital Emílio Ribas, na zona oeste da capital. Todos os contatos do paciente estão sendo monitorados pelas equipes de vigilância sanitária.

Imagem feita por um microscópio eletrônico mostra vírus da varíola dos macacos
Imagem feita por um microscópio eletrônico mostra vírus da varíola dos macacos - Cynthia S. Goldsmith, Russell Regnery/CDC/Handout via Reuters

À Folha uma pessoa que conhece o diagnóstico do paciente disse que ele apresenta erupção cutânea e feridas pelo corpo que se assemelham aos sinais da doença, mas está em situação estável.

Fontes ligadas ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmaram à Folha que o resultado do exame já está com a Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério. A pasta vai reconhecer que este é o primeiro caso positivo de varíola dos macacos no país até o fim do dia.

"Não muda nada [em termos de estratégia]. Todas as estratégias de vigilância sanitária estão mantidas, assim como o rastreamento de contatos dos pacientes", afirmou à Folha o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.

O Centro de Vigilância Epidemiológico (CVE) estadual e a Prefeitura de São Paulo também investigam desde a semana passada um outro paciente, uma mulher de 26 anos, também moradora da capital. Segundo investigação preliminar, ela não tem histórico recente de viagem e também não teve contato conhecido com outras pessoas infectadas.

O estado de saúde da mulher é estável. Ela está internada em isolamento em um hospital público da cidade, de acordo com a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) da Secretaria Municipal da Saúde.

Em todo o país, há pelo menos oito casos suspeitos da varíola dos macacos em investigação, conforme nota do ministério divulgada nesta quarta. São pessoas que moram em Santa Catarina, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo.

O governo federal criou uma sala de situação para acompanhar o avanço da doença.

No mundo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) contabiliza mais de 1.000 casos confirmados em 29 países fora da África. Nenhuma morte foi registrada.

A doença é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero Orthopoxvirus. Outro patógeno que também é desse gênero é o que acarreta a varíola, doença erradicada em 1980.

Embora tenham suas semelhanças, existem diferenças entre as duas doenças. Uma delas é a letalidade: a varíola matava cerca de 30% dos infectados. Já a varíola dos macacos conta com uma taxa de mortalidade entre 3% a 6%, segundo a OMS.

Os sintomas mais comuns aparecem dentro de seis a 13 dias após a exposição, mas podem levar até três semanas. As pessoas que adoecem geralmente apresentam febre, dor de cabeça, dor nas costas e nos músculos, inchaço dos gânglios linfáticos e exaustão geral.

Cerca de um a três dias após a febre, a maioria das pessoas também desenvolve uma erupção cutânea dolorosa característica desse gênero de vírus. A erupção pode começar no rosto, nas mãos, nos pés, no interior da boca ou nos órgãos genitais do paciente e progredir para o resto do corpo.

A doença já era conhecida, mas vinha sendo registrada principalmente em países africanos. O que deixou a comunidade científica em alerta foi a disseminação rápida do vírus para outros países fora da África.

Apesar da referência a macacos em seu nome, os hospedeiros naturais do monkeypox provavelmente são roedores, como ratos. A partir deles, o vírus pode ser transmitido aos humanos por meio do contato com fluidos ou lesões dos animais infectados.

De pessoa para pessoa, a transmissão acontece por meio de contato próximo. A infecção pode ocorrer por vias respiratórias, mas é preciso contato face a face perto por tempo prolongado. Outra forma de infecção é por meio das feridas na pele. ​

Como mostrou a Folha, as notícias de novos casos no mundo têm levado brasileiros a procurarem pela vacina e por cartões de vacinação antigos.

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