Descrição de chapéu Coronavírus

Hospitais de São Paulo têm alta de crianças internadas por problemas respiratórios

Nos hospitais públicos municipais, dos 368 leitos de enfermaria pediátrica, 347 estão ocupados; na UTI, 111 dos 131 permanecem com pacientes

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São Paulo

Um aviso no site do Sabará Hospital Infantil, na Consolação, na capital paulista, alerta os pais para a lotação no hospital e pronto-socorro. No momento, crianças com quadros mais graves são atendidas primeiro. Para as demais, o tempo de espera é incerto. O plano de contingência se deve à alta de casos respiratórios.

Para o pediatra Felipe Lora, diretor-médico do Sabará, a situação é a mesma de todos os anos. Houve uma exceção, em 2020 e 2021, por causa da pandemia e do isolamento social. "Desde março, estamos passando por algo muito parecido com o vivenciado em 2019 e 2018. São doenças respiratórias virais, das mais variadas causas", explica Lora.

Segundo o especialista, o vírus que mais agride as crianças é o sincicial respiratório. Além dele, há o rinovírus, o parainfluenza 3, o bocavírus, o adenovírus e o metapneumovírus.

UTI de atendimento exclusivo a crianças no Hospital Cândido Fontoura, na Mooca, zona leste de São Paulo
UTI de atendimento exclusivo a crianças no Hospital Cândido Fontoura, na Mooca, zona leste de São Paulo - Adriano Vizoni - 04.fev.2022/Folhapress

Nesta quinta (23), a taxa de ocupação na UTI é de 87,3%; na unidade de internação (quartos individuais com pacientes de quadros mais leves, sem necessidade de cuidados intensivos) o índice chega a 97,1%. Por consequência, o pronto-socorro também lota, de acordo com o médico. Entre os dias 2 e 16 de junho, a UTI tinha 92% de ocupação e a unidade de internação, 92%.

As orientações são lavar bem as mãos, usar máscaras, o que é recomendável a partir de dois anos de idade, e evitar levar as crianças para a escola se estiverem doentes. O aluno deverá ficar em casa se surgir qualquer sinal de febre ou sintoma mais importante que não seja alérgico ou habitual, especialmente respiratório, uma tosse com secreção, por exemplo.

Para tranquilizar os pais, a incidência de problemas respiratórios vai reduzir nas próximas semanas. "Tradicionalmente, o pico dessas doenças sazonais é de março a junho, e vem se comportando como nos anos pré-pandemia", diz o médico.

No pronto-atendimento do Hospital Santa Catarina, na Bela Vista (região central), a situação é a mesma: tempo de espera imensurável devido à alta de casos respiratórios. O aviso também aparece em destaque no portal da instituição.

Nesta quinta, havia 54 pacientes pediátricos internados. Destes, 42 com diagnóstico de problemas respiratórios, sendo 17 na UTI e 25 nas unidades de internação —ocupação de 65% e 58%, respectivamente​.

Nos dias 2 e 16 de junho, havia 33 e 28 hospitalizados pelo mesmo motivo, respectivamente.

No Hospital Santa Catarina, a prevalência dos atendimentos pediátricos envolve casos respiratórios, bronquiolite, Covid-19 e pneumonias. A instituição está com 43 leitos pediátricos nas unidades de internação e 26 na UTI.

A reportagem também pediu dados ao Hospital Sírio-Libanês, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

Rede Pública

No Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, referência no atendimento de crianças e adolescentes na cidade de São Paulo, a taxa de ocupação da UTI pediátrica nesta quinta era de 90%.

No total, a rede pública municipal possui 368 leitos de enfermaria pediátrica e 131 de UTI para este público. Nesta data, 347 estão ocupados na enfermaria (94%) e 111 (85%) nas UTIs.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, com a chegada do inverno é esperado aumento nos atendimentos e internações por doenças respiratórias, principalmente pelo vírus sincicial respiratório.

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde não informou os dados dos hospitais localizados na capital paulista. Em nota, a pasta afirmou que conta com cerca de 770 leitos pediátricos de enfermaria, com ocupação de 55,3%, e 400 de UTI, do mesmo tipo, com 49,6% de ocupação.

No dia 2 de junho, os leitos de UTI registravam 49,7% de ocupação e os de enfermaria 51,6%. Já em 16 de junho, a ocupação era de 48,9% na enfermaria e 46,2% na UTI.

Síndrome Respiratória Aguda Grave

A média móvel do total de crianças internadas (UTI e enfermaria) por dia em decorrência de alguma SRAG (síndrome respiratória aguda grave) também aumentou nos hospitais estaduais Darcy Vargas (Morumbi) e Infantil Cândido Fontoura (Mooca), e no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus (região central).

De acordo com dados da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada por pesquisadores da USP e da Unesp com apoio da Fapesp, entre os dias 1º e 23 de junho, a alta foi de 28,57% —a média móvel passou de 42 para 54 hospitalizados.

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