Descrição de chapéu Coronavírus

Tire suas dúvidas sobre a Covid longa em crianças

Apesar de incomum e com sintomas leves, pais devem ficar atentos

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São Paulo

A Covid longa também pode acometer as crianças, mesmo imunizadas. A incidência é baixa, em relação aos adultos.

A síndrome se caracteriza por sintomas recorrentes ou persistentes —dor de cabeça, no estômago ou cansaço, por exemplo—, após o período de infecção aguda pelo coronavírus. Ainda são desconhecidos os fatores responsáveis por desencadear a doença em pacientes já recuperados.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a Covid longa pode surgir três meses após o início da infecção, com sintomas que duram pelo menos dois meses e sem um diagnóstico alternativo. A condição ganhou status de doença em outubro de 2021.

UTI de atendimento exclusivo a crianças com covid do Hospital Cândido Fontoura, em São Paulo, em abril deste ano - Adriano Vizoni 4.abr.22/Folhapress

"No começo da pandemia, tínhamos um olhar muito voltado ao adulto, que era quem mais se expunha, mais se infectava e tinha sintomas graves. Com o tempo, começamos a observar um aumento de casos de Covid entre as crianças, sobretudo em 2021, e também sintomas de Covid longa nesta faixa etária pediátrica", afirma a médica imunologista Ana Karolina Barreto Marinho, membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).

Na falta de exames que comprovem a Covid longa, os pais devem ficar atentos aos pequenos sinais, inclusive comportamentais —se a criança continua indisposta após passado o período de infecção aguda, ou se não brinca e nem se movimenta como antes.

Com a chegada das férias escolares, os novos casos de Covid-19 devem diminuir, na avaliação da pediatra Ana Escobar, professora livre-docente da Faculdade de Medicina da USP.

O recente aumento de infecções pelo coronavírus se deve à alta capacidade de transmissibilidade das subvariantes da ômicron em circulação e à baixa das medidas de proteção.

"Não obstante a Covid se apresente com um quadro mais leve nas crianças, Covid é Covid e temos sempre que tomar muito cuidado. A doença nos ensinou uma coisa: temos que respeitar esse vírus. Não dá para tratá-lo como qualquer um", ressalta a pediatra.

A seguir, confira mais informações a respeito da Covid longa em crianças.

Na Covid longa, há uma faixa etária predominante?
Pode acometer todas as idades. A pediatra Ana Escobar explica que a Covid longa depende muito mais do estado imunológico da criança, da situação em que está e da presença ou não de alguma doença de base, como a pulmonar, reumatológica, a crônica —como o diabetes— as imunodeficiências e a doença neurológicas. Crianças com patologias crônicas são mais suscetíveis.

Segundo a médica Ana Karolina, os dados mais recentes mostram que são crianças nos dois primeiros anos de vida até 13, 14 anos de idade. "É importante ressaltar que em crianças muito pequenas o diagnóstico é mais difícil, porque os sintomas não vão ser os mais clássicos, de crianças maiores que conseguem se comunicar melhor", diz a imunologista.

A duração da Covid longa em crianças e adultos é igual?
As crianças têm alguns sintomas que persistem por cerca de 20 ou 30 dias e depois somem, de acordo com Ana Escobar. Nos adultos, a Covid longa pode durar meses. Eles têm mais perda de olfato e paladar, dor de cabeça, queixa de cansaço e falta de memória. Também tem sido observada a queda de cabelo em adultos, dois ou três meses após a Covid.

Como identificar se os sintomas são de Covid longa ou reinfecção pelo coronavírus?
A reinfecção pode ocorrer quatro meses após o diagnóstico de Covid, porque a taxa de anticorpos dura esse período. "Não é comum ser reinfectado logo na sequência. Na Covid longa, em vez de um conjunto de sintomas, persiste um ou dois, no máximo", explica a pediatra Ana Escobar.

No Brasil, as crianças abaixo de cinco anos não estão elegíveis para a vacina contra a Covid-19. Neste caso, elas podem ter Covid longa grave?
As não vacinadas e sem patologia de base têm menos de 1% de risco de irem para a UTI, ressalta Ana Escobar. Isso significa que a Covid nas crianças incide de forma mais branda. Nas vacinadas, essa taxa é menor ainda, devido à proteção contra a gravidade da doença.

O que leva uma criança pós-Covid à UTI é a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), que pode surgir 15 dias após a Covid. A doença, rara, atinge uma a cada 3.000 crianças e jovens abaixo de 21 anos que contraem Covid. Ocorre devido a uma reação intensa do sistema imunológico para tentar combater o coronavírus e pode acometer vários órgãos vitais, como o coração. A taxa de mortalidade no Brasil é de 6%, quatro vezes inferior a dos EUA.

Os sintomas da SIM-P são febre alta, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele, olhos vermelhos, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, queda de pressão arterial, taquicardia, convulsões, confusão mental e gânglios aumentados, entre outros.

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