Descrição de chapéu câncer

Conheça a história do A.C. Camargo, hospital referência no tratamento de câncer

Instituição de saúde de SP foi a primeira a ser construída apenas com doações da população

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São Paulo

O Hospital A.C. Camargo, referência no tratamento de câncer, anunciou que não irá mais atender pacientes pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a partir de dezembro, quando se encerra seu atual contrato com a Prefeitura de São Paulo.

Fundado em 1953, o hospital nasceu do casamento entre o cirurgião Antônio Prudente Meireles de Moraes e a jornalista Carmen Annes Dias, que era filha do médico pessoal do presidente Getúlio Vargas. Os dois se conheceram em 1938, em Berlim, durante uma viagem para conhecer os centros de medicina da Alemanha.

Imagem da entrada do hospital A.C. Camargo, mostrando as cadeiras na recepção. Ao fundo, há uma pessoa de cabelos brancos sentada em uma cadeira do rodas de frente às funcionárias da recepção. Na parede do fundo, está escrito quimioterapia. Ao lado das cadeiras, há uma parede na cor bege com o logo do hospital.
Entrada do Hospital A.C. Camargo, fundado em 1953 através de doações feitas pela própria população - Karime Xavier/Folhapress

No ano seguinte, já casados, os dois tiveram a ideia de transformar a APCC (Associação Paulista de Combate ao Câncer), que já existia desde 1934, num hospital. Moraes queria expandir a função da associação, criando um local para oferecer assistência hospitalar para pacientes com câncer, ampliar o conhecimento de oncologistas e divulgar informações sobre a doença para a população.

Como o casal não tinha o capital suficiente para colocar a ideia em prática, foram necessárias várias campanhas de doação. O comendador Giuseppe Martinelli (1870-1946), paciente do cirurgião Moraes, fez um lance inicial de 100 contos de réis em 1943.

As campanhas em si começaram em 1945, próximo ao fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1º de maio daquele ano, Dias lançou a primeira Campanha Contra o Câncer, que compartilhou informações sobre a enfermidade através de 25 mil cartazes colados nos muros de São Paulo.

Em 1946, a jornalista criou a Rede Feminina de Combate ao Câncer, uma organização que tinha a proposta de alistar mais de 31 mil pessoas para ajudar no enfrentamento aos tumores. Os voluntários foram distribuídos em 200 núcleos que tinham a missão de realizar campanhas regionais e transmitir conhecimento para a população.

A ação foi um sucesso e no mesmo ano a APCC conseguiu viabilizar sua primeira Clínica de Tumores, por meio de um acordo com o Hospital Santa Cruz, localizado na Vila Mariana, na zona sul. A clínica funcionaria no ambulatório do hospital, e a APCC seria responsável por instalar todos os equipamentos necessários. Entre 1946 a 1953, o local ofereceu cirurgia, fisioterapia e radioterapia aos enfermos.

Nesse meio tempo, com as doações, Moraes comprou dois lotes de terreno no bairro da Liberdade, próximo à linha de bonde da rua Vergueiro. Ali, foi construída a primeira unidade do A.C. Camargo, enfim fundado em 23 de abril de 1953.

E assim nasceu o primeiro hospital de São Paulo construído apenas com o dinheiro dado pela própria população, sem respaldo financeiro de organizações religiosas ou de colônia de imigrantes nem ligações com instituições oficiais de saúde do país, como era comum na época.

Atualmente, o A.C. Camargo Cancer Center possui cinco unidades e um centro internacional de pesquisa contra tumores e é mantido pela Fundação Antônio Prudente, antiga APCC.

A origem do nome A.C. Camargo

Chamado originalmente de Hospital do Câncer, o A.C. Camargo Cancer Center ganhou o novo nome em homenagem ao professor e grande mentor do fundador da instituição.

Antônio Cândido de Camargo (1864-1947) era cirurgião clínico e dava aulas na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo). No Brasil, foi pioneiro em neurocirurgia e trouxe importantes contribuições para o tratamento de tumores de cérebro e medula. Ele presidiu a APCC, mas faleceu antes da inauguração do hospital que hoje leva seu nome.

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