Descrição de chapéu Coronavírus

Nova subvariante da ômicron consegue escapar mais de anticorpos; saiba como se proteger

Linhagem, responsável por alta de casos nos EUA e Europa, aumenta importância de doses de reforço

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São Paulo

A chegada da subvariante ômicron BQ.1 ao Brasil gera preocupação em especialistas por sua capacidade de escapar de anticorpos e amplia a importância das doses de reforço.

A nova linhagem é responsável pelo recente aumento de casos nos Estados Unidos e na Europa e já foi identificada no Amazonas, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

"Ela consegue fugir dos anticorpos, tanto produzidos por quem se vacinou quanto pela infecção natural, o que aumenta a capacidade dela de causar infecção", diz Alberto Chebabo, presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Pessoas sentadas no metrô de Barcelona com máscaras de proteção
Pessoas no metrô de Barcelona com máscaras de proteção; após aumentar o número de casos na Europa e nos EUA, a subvariante ômicron BQ.1 chegou ao Brasil e demanda atenção redobrada - Nacho Doce - 12.jan.22/Reuters

O infectologista Francisco Ivanildo Oliveira Junior, gerente médico do Hospital Infantil Sabará, explica que a subvariante apresenta uma modificação no formato da proteína reconhecida pelos anticorpos, dificultando seu encaixe e, consequentemente, sua eficácia no combate ao invasor.

"Imagine cópias de chave. Se o chaveiro não faz uma chave exatamente igual, às vezes, a cópia até consegue abrir a fechadura, mas ela abre com um pouco mais de dificuldade e, dependendo da alteração, nem entra na fechadura. É isso que vai caracterizando as mutações, são pequenas mudanças nesse mecanismo de encaixe", comenta.

Após semanas sem registro de Covid-19, o Sabará atendeu recentemente 14 crianças com a doença, oito delas entre os dias 26 de outubro e 1º de novembro.

No caso da BQ.1, como os anticorpos têm maior trabalho para se ligar ao vírus, é preciso ter mais deles para um combate efetivo. "A vacina estimula a produção de anticorpos, mas depois de algum tempo essa produção começa a cair e, como esse anticorpo não tem uma afinidade tão boa com o vírus, preciso de uma quantidade maior para compensar a deficiência nas ligações", afirma Oliveira Junior.

E a melhor forma de conseguir manter em alta o número de anticorpos, apontam os médicos, é seguir a vacinação completa contra Covid-19, incluindo todas as doses de reforço recomendadas.

"O esquema com duas doses não é suficiente para proteger completamente contra essas novas subvariantes exatamente por esse escape imune, pelas mutações que elas têm", reforça Chebabo.

Em declaração publicada no fim de outubro, o grupo consultivo da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre evolução do vírus Sars-CoV-2 reuniu informações sobre duas novas subvariantes da ômicron: XBB e BQ.1. Para os especialistas, elas não divergem o suficiente para ganhar um novo rótulo ou modificar a forma como a Covid-19 vem sendo enfrentada, mas a situação será regularmente reavaliada.

De acordo com a OMS, a XBB e suas derivadas são uma recombinação das sublinhagens BA.2.10.1 e BA.2.75 da ômicron. No início de outubro, elas tinham prevalência global de 1,3% e já haviam sido detectadas em 35 países, entre eles Singapura e Índia.

A BQ.1 e sua sublinhagem BQ.1.1, por sua vez, são provenientes da BA.5 e, há um mês, tinham prevalência de 6% e registro em 65 países. No documento, a OMS chama atenção para as mutações dessas subvariantes e o escape imune, mas indica não haver dados que sugiram aumento na gravidade da doença.

Para Chebabo e Oliveira Junior, a maior preocupação neste no momento no Brasil é com as crianças. Cidades como o Rio de Janeiro suspenderam a vacinação com Coronavac em crianças de 3 e 4 anos por falta de doses e levantamento da Folha divulgado nesta segunda-feira (7) mostra que apenas 13,9% dos meninos e meninas nessa faixa etária iniciaram a trajetória vacinal.

Para aqueles que têm de seis meses a três anos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou a vacinação com o imunizante da Pfizer e, apesar de o primeiro lote já ter chegado ao país, a vacinação não foi iniciada.

"É importante que o Ministério da Saúde disponibilize rapidamente essas vacinas para toda a população pediátrica, porque hoje, junto com os imunodeprimidos, é a de maior risco", defende Chebabo.

"Estamos incorrendo numa falha tremenda porque estamos deixando de proteger um contingente considerável, que tem a chance de se infectar e de evoluir com gravidade", ressalta Oliveira Junior, lembrando que a doença pode levar à SIM-P (Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica), à Covid longa e mesmo à morte das crianças.


Perguntas e respostas

Era esperada a chegada da subvariante BQ.1 ao Brasil? Sim. Com o aumento de casos nos Estados Unidos e na Europa e a facilidade de locomoção, era iminente a chegada da BQ.1 ao Brasil.

Quais são os sintomas da subvariante? Assim como outras subvariantes da ômicron, a BQ.1 pode causar febre, coriza, sintomas gastrointestinais, dor no corpo, dor de cabeça, dor de garganta e rouquidão.

Como se proteger? Tomar todas as doses de vacina recomendadas para sua faixa etária, incluindo as doses de reforço, é a melhor forma de proteção. Além disso, é importante intensificar a higienização das mãos e, no caso de idosos e pessoas imunodeprimidas, usar máscara em locais fechados ou com aglomeração.

Como proteger as crianças que ainda não têm vacina disponível? Evite levá-las para ambientes fechados ou com aglomeração, como supermercados, shoppings e restaurantes, e caso seja possível fuja também do transporte público.

Visitas de familiares e amigos com sintomas respiratórios devem ser adiadas e vale reforçar para todos a importância da higienização das mãos antes do contato com a criança. Caso ela vá para a creche, conheça o funcionamento da unidade, verifique se há pontos adequados para higienização das mãos e se os profissionais estão orientados.

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