Quando emagrecer deixa de ser saudável? Veja riscos à saúde da obsessão por perder peso

Edição da newsletter Cuide-se explica danos de tratamentos sem eficácia comprovada e substâncias não regulamentadas

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São Paulo

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Em uma sociedade com números alarmantes de sobrepeso e obesidade, a busca pelo emagrecimento pode ter como pano de fundo melhorar a saúde e reduzir os riscos de doenças crônicas.

A procura por tratamentos estéticos cresceu 390% em 2022, o primeiro ano de recuperação da pandemia. Nesse cenário, há oferta de procedimentos muitas vezes divulgados nas redes sociais com promessas de resultados "eficazes" em poucos dias.

Mas tratamentos sem eficácia comprovada e com o uso de substâncias não regulamentadas podem trazer mais danos do que benefícios.

Dietas restritivas podem provocar perda de massa muscular, danos ao organismo e déficit nutricional - Snowing/Adobe Stock

Os médicos alertam para os riscos. É o caso do uso de chás, ervas ou outras substâncias de origem fitoterápica, consideradas como "naturais". O consumo pode provocar danos ao fígado e disfunção hormonal.

Os efeitos são graves. Uma enfermeira morreu de hepatite fulminante após fazer o uso de um produto com cerca de 50 substâncias fitoterápicas, que não tinha regulamentação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Produtos comercializados como esse contêm substâncias laxantes, diuréticos e até antidepressivos. Os especialistas afirmam que a combinação de vários desses componentes pode também provocar efeitos tóxicos ao organismo.

Além disso, o uso de hormônios sem indicação médica, também propagandeados para a perda de peso, pode levar a efeitos na tireoide e em outras glândulas do corpo.

Tratamentos sem indicação

Outro fenômeno preocupante é a busca por medicamentos já aprovados, porém sem recomendação médica para "perder alguns quilos".

  • Um desses tratamentos é o Ozempic, nome comercial da semaglutida, composto atualmente com indicação para o tratamento de diabetes tipo 2;
  • Ele vem sendo utilizado para perda de peso –uma vez que, em estudos clínicos, o princípio ativo mostrou efeito também positivo no tratamento da obesidade;
  • O uso não recomendado ocasiona um efeito social, que é a falta do remédio para aqueles que necessitam, como os pacientes com diabetes.

Outro fator comumente associado à perda de peso são os transtornos alimentares ou as dietas restritivas. Segundo um estudo publicado na revista Jama Pediatrics, 1 em cada 5 jovens de 6 a 18 anos têm algum tipo de desordem alimentar, como bulimia ou anorexia nervosa.

Dietas restritivas podem provocar perda de massa muscular, danos ao organismo e déficit nutricional, afirmam os especialistas.

Por que importa: médicos recomendam uma perda de peso de maneira adequada, com acompanhamento médico e nutricional, aliada à prática de atividade física e a uma alimentação saudável. Resultados "rápidos" e promessas milagrosas devem ser evitados.

Ciência para viver melhor

Novidades e estudos sobre saúde e bem-estar

  • Cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego conseguiram, pela primeira vez, modificar geneticamente através da biologia computacional o envelhecimento celular. Como em um circuito elétrico, onde algumas partes podem falhar e outras não, as células também possuem um "circuito genético", com algumas partes sendo "desligadas" antes de outras. Os pesquisadores puderam acessar os diferentes genes que sofrem essas modificações em células de levedura e alterá-los, prolongando assim a longevidade. O estudo foi publicado na revista Science. A ideia é expandir a pesquisa para alguns tipos de células humanas, como células-tronco e neurônios.
  • Um novo medicamento se mostrou eficaz em atrasar os sintomas de esclerose múltipla em pessoas com a condição, mas que ainda não manifestaram a doença. A pesquisa foi divulgada na 75ª reunião anual da Academia Americana de Neurologia, nos Estados Unidos. A esclerose múltipla é uma doença neurológica em que as células do sistema imunológico destroem a capa protetora dos neurônios do sistema nervoso central, gerando falha na comunicação entre o cérebro e o corpo. A nova droga, chamada teriflunomida, reduziu em 79% o surgimento dos sintomas em pessoas que realizaram ressonância magnética e apresentaram sinais da doença, chamada síndrome radiologicamente isolada. O estudo foi conduzido pelo Hospital Universitário de Nice (França) e pela farmacêutica Sanofi.
  • Os estados da região Norte do país são os que mais têm falhas nas políticas de segurança alimentar e nutricional da população, segundo uma pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). O estudo analisou o sistema de segurança alimentar e nutricional (Sisan) em 26 estados brasileiros. A descentralização afetou de maneira mais contundente cinco dos sete estados: Amazonas, Acre, Amapá, Roraima e Rondônia. A fome fez parte do dia a dia de 25,7% das famílias na região Norte e de 21% no Nordeste, sendo a média nacional de aproximadamente 15%.
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