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Pesquisa nega risco cardíaco para mulher na menopausa
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REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
Uma preocupação a menos para as mulheres que já têm de lidar com o turbilhão hormonal chamado menopausa: ao contrário do que se pensava, o risco de problemas cardíacos sérios aparentemente não dispara quando os ciclos de menstruação terminam.
A conclusão está na revista especializada "British Medical Journal" e se baseia numa análise estatística dos dados fornecidos por censos populacionais na Inglaterra, no País de Gales e nos Estados Unidos. Foram estudados os registros de pessoas nascidas entre 1916 e 1945.
O quarteto de cientistas capitaneado por Dhananjay Vaidya, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins (EUA), tinha à mão dados de mortalidade e de causa de morte de mulheres e homens dessa população. O que interessava mais aos pesquisadores eram, obviamente, as mortes causadas por problemas cardíacos.
EFEITO PROTETOR?
A questão é que, até agora, achava-se que o perfil hormonal típico das mulheres em idade reprodutiva tinha efeito protetor para o coração.
Com a menopausa, que envolve o fim da produção dos hormônios estradiol e progesterona nos ovários, haveria também um aumento súbito do risco de problemas cardíacos em mulheres.
Vaidya e seus colegas se dispuseram a testar essa hipótese usando dois modelos matemáticos para testar o que acontecia com homens e mulheres ao longo do tempo.
Um modelo reproduzia a visão corrente -uma subida súbita na "curva" de mortes femininas pós-menopausa. O outro considerava que a mortalidade crescia ano a ano, devagar e sempre, como os juros que se acumulam numa caderneta de poupança.
Depois, os cientistas verificaram qual dos modelos representava um "encaixe" melhor para os dados demográficos reais.
"Nossos dados mostram que não há nenhuma grande inflexão ligada a um aumento de ataques fatais do coração depois da menopausa", declarou Vaidya em comunicado oficial.
"Acreditamos que, nas mulheres, as células do coração e das artérias estão envelhecendo como qualquer outro tecido do corpo, e por isso é que vemos mais e mais ataques conforme elas envelhecem. O impacto hormonal alterado da menopausa não parece ter um papel nisso tudo."
Aliás, a pesquisa sugere que, se há uma transição considerável na meia-idade, ela acontece com o sexo masculino, e no sentido inverso.
Segundo os dados dos censos internacionais, os homens é que experimentam uma queda no ritmo de aumento da mortalidade quando chegam aos 45 anos. Depois disso, o aumento do risco de morte por problemas cardíacos é mais gradual.
Para os cientistas, a implicação prática de tudo isso é que vale a pena monitorar a saúde cardíaca das mulheres durante toda a vida, e não enfatizar esse cuidado apenas depois da menopausa.
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