Folha de S.Paulo

Folha Imagem

Oscar e Falcão marcam Paolo Rossi em duelo histórico

A Copa da Espanha-1982 mostrou ao mundo duas grandes seleções, Brasil e França, mas foi a Itália, deixada em segundo plano até mesmo pelos italianos, que não acreditavam no time, que acabou ficando com o título - o terceiro de sua história, igualando o recorde dos brasileiros. Após o término da primeira fase, a impressão era de que a festa ia ser toda do Brasil. O time comandado por Telê Santana, que tinha como destaque o quarteto formado por Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, venceu seus três primeiros jogos, com dez gols marcados. A Itália não conseguiu vencer nenhuma de suas três partidas iniciais e Paolo Rossi, artilheiro da Copa e algoz brasileiros, não marcou nenhuma vez nas quatro primeiras vezes em que entrou em campo. Na segunda fase, porém, a Azzurra passou pela Argentina e venceu o Brasil, sensação do torneio, por 3 a 2, com três gols de Rossi, que voltava ao futebol depois de uma suspensão de dois anos por manipulação de resultados. Embalados e contando com a boa fase momentânea, os italianos fizeram 2 a 0 na Polônia, nas semifinais, com dois gols de Rossi, e venceram na final Alemanha Ocidental, por 3 a 1 - novamente o artilheiro deixou sua marca. A França, de Michel Platini, Giresse e Tiganá, chegou às semifinais. Mas em uma decisão nos pênaltis contra o alemães o time não fez jus ao favoritismo.

Brasil

O técnico Telê Santana formou em 1982 o melhor time que o Brasil teve desde 1970, na conquista do tri. O clima em todo o país era de otimismo. Tanto que antes de embarcar para a Espanha com a seleção, o lateral Júnior gravou e lançou um compacto com a música "Povo Feliz", mais conhecida como "Voa Canarinho", que foi a música-tema da equipe e vendeu mais de 200 mil cópias durante a Copa. A equipe brasileira jogava um futebol altamente técnico e ofensivo, empolgando os torcedores. Na primeira fase, o time venceu seus três jogos de forma convincente. Na segunda fase, da vitória sobre a Argentina por 3 a 1, em jogo em que Maradona foi expulso, tudo parecia correr para o óbvio. A Itália vinha capengando e não deveria ser páreo. No entanto um jogador que estava desacreditado até por seus companheiros acabou com o sonho brasileiro. Paolo Rossi marcou o primeiro para os italianos aos 5min. Sócrates empatou aos 12min. Rossi colocou a Itália novamente à frente aos 25min. No segundo tempo, Falcão deixou de novo tudo igual, aos 23min. Mas a noite era de Rossi. A 15 minutos do final, o atacante marcou seu terceiro gol na partida e selou a classificação italiana. O episódio, muito sentido pelos brasileiros, ficou conhecido como "Tragédia do Sarriá", em referência ao estádio, hoje já demolido.

Curiosidades

• A maior goleada de todas as Copas foi registrada nesta edição: Hungria 10 x 1 El Salvador. O atacante hungaro Laszlo Kiss se tornou o 1º reserva a marcar três gols em uma partida.
• Se o time brasileiro ficou fora da decisão, pelo menos um representante do país esteve na final. O árbitro Arnaldo César Coelho apitou a decisão entre Itália e Alemanha Ocidental.
• Presente nas Copas de 1970, 1974 e 1978, o goleiro Dino Zoff foi titular da seleção italiana aos 40 anos em 1982 e se tornou o mais velho jogador da história a ser campeão mundial.
• A seleção italiana iniciou a Copa conturbada por conflitos entre os jogadores e a imprensa de seu país. Os atletas fizeram greve de entrevistas, só interrompida com o título.
• Calções curtos e justos e camisa colada no corpo, com mangas bem curtas, eram a moda na época. A caneleira ainda não era usada, e muitos jogadores jogavam com meias abaixadas.
• O zagueiro Paul Breitner se tornou o terceiro jogador a fazer gol em duas finais de Copa, igualando o feitos de Vavá (58 e 62) e Pelé (58 e 70). Zinedine Zidane repetiria o feito.
• O brasileiro Elba de Pádua Lima, o Tim, qua havia jogado a Copa do Mundo de 1938, foi o técnico da seleção peruana na Copa da Espanha.
• A Copa de 1982 contou pela primeira vez com 24 seleções. 105 países participaram das eliminatórias.