MARIANA LAJOLO
EDITORA-ASSISTENTE DE ESPORTE
Quando o filho fez seis anos, Arthur Franklin Mendes começou a se preocupar. O garoto corria para lá e para cá, adorava ir à praia e tinha uma grande paixão: a água.
Como viviam em Vila Velha, no litoral do Espírito Santo, decidiu colocar o garoto numa escolinha para aprender a nadar, por segurança. O cuidado de pai definiria o destino do pequeno Arthur, que herdou seu nome.
Desde as primeiras braçadas, o menino era escolhido para torneios das categorias menores. O esforço na piscina se tornou tão grande que ele largou o futebol e o vôlei.
O pai que o levou à natação por segurança se transformou em seu treinador.
"Eu gosto de treinar com meu pai e me dou bem lá [em Vila Velha]. Às vezes, é difícil porque eu treino sozinho. É duro manter o foco e a motivação quando você está só na piscina. E eu e meu pai sempre levamos trabalho para casa", afirma Arthur, 18.
"Mas eu sou dedicado e me adapto bem ao treino do meu pai. Vou ficar com ele pelo menos até o meio do ano."
Com bons resultados se acumulando, há dois anos o jovem decidiu investir e buscar também ajuda fora.
"Percebi que precisava de algo mais para continuar, aí vim para o Pinheiros [em São Paulo]. Eles me convidaram. Eu venho para cá, fico um tempo, treino e consigo comparar com meus treinos de lá. É bom. Melhorei bastante."
Foi no clube que Arthur viu o que considera o maior momento da história da natação. Em 2009, estava em São Paulo quando Cesar Cielo quebrou o recorde dos 50 m livre --20s91, que resiste até hoje.
"Ninguém acreditava que ele fosse capaz de fazer aquilo. E ele foi lá e fez. Foi demais, um grande exemplo."
Com a mistura de treinos com o pai, em Vila Velha, e no Pinheiros, o garoto atingiu seu melhor resultado na carreira. Em 2011, foi o único sul-americano a ganhar medalha no Mundial júnior --bronze nos 100 m borboleta.
Antes de competir, tomou banho de sal grosso, dica da avó Zélia que ele tenta seguir: "É minha única superstição".
Seu melhor tempo nos 100 m borboleta, sua prova favorita, é 53s68. O índice para a Olimpíada de Londres, neste ano, é 52s33. Só Kaio Márcio está classificado, com 52s11.
Por enquanto, Arthur só quer se aproximar dessa marca. Sonha mesmo é com o índice na Rio-2016. Mas já traça planos para quando parar, medalhista olímpico ou não.
"Não vou largar os estudos. Uma hora vou parar, vou ter 30 e poucos anos e, se não tiver estudado, começarei do zero. Meu pai já me dizia isso, mas eu mesmo percebi o quanto é importante. A carreira não é para sempre."
Nome: Arthur Franklin Mendes Filho
Nascimento: 7.set.1993, em Cáceres (MT)
Onde mora: Vila Velha (ES)
Peso e altura: 75 kg e 1,82 m
Clube: Corinthians
Escolaridade: Quer fazer faculdade no meio de 2012
Twitter: Não tem
Facebook: Arthur Mendes
Site oficial: Não tem
Ídolo: O nadador Gabriel Mangabeira e o pai, Arthur
Superstição: Antes das competições, toma banho de sal grosso, dica da avó Zélia
Hobby: Ir à praia, ficar no sol e praticar esportes aquáticos
Música: Ouve surf music e músicas para relaxar. Na competição, gosta de rock, mas entra na piscina sem fones para ouvir a torcida
Comida: Qualquer uma da mãe, Rachel
Seu maior momento no esporte: A medalha de bronze no Mundial júnior de 2011. "Fui o único sul-americano a ganhar uma medalha."
O maior momento do esporte: "Recorde mundial de Cesar Cielo [50 m livre, em 2009], que vi na piscina do Pinheiros."
Patrocinadores: Não tem
Principais feitos: Medalha de bronze no Mundial júnior de 2011, campeão brasileiro júnior e recordista brasileiro juvenil dos 100 m borboleta