Metrô guarda obras de arte escondidas em jardins e até no teto; conheça oito delas

De estação em estação, há convites para a quebra da monocromia na arquitetura do metrô paulistano. Em 37 paradas (de um total de 84), moram nada menos do que 91 obras de arte permanentes.

Algumas são conhecidas, como os painéis de Tomie Ohtake na estação Consolação e os retratos gravados nos vidros da estação Sumaré por Alex Flemming. Mas outras ficam mais escondidas em jardins internos, tetos, cantinhos de mezaninos e passam facilmente despercebidas ao olhar.

Você já reparou no buraco de cristais da estação Clínicas, na obra de Denise Milan e Ary Perez? Ou observou a imagem de Oswald de Andrade se formar, por meio de reflexos, em uma coluna na instalação de Antonio Peticov na República?

Nessa grande galeria subterrânea, frequentada por mais de 3 milhões de pessoas diariamente, há esculturas, instalações, pinturas, murais, painéis e uma infinidade de outros formatos. Conheça oito criações que valem uma escala.

*

"As Quatro Estações"
Tomie Ohtake
Sabe aqueles grandes painéis de pastilhas coloridas vistos da plataforma da estação Consolação? São de autoria da artista Tomie Ohtake e representam "As Quatro Estações" (1991), numa efusão de degradês em quatro painéis de pastilhas amarelas, vermelhas, azuis e verdes.

Consolação, linha 2-verde, plataforma

Zanone Fraissat/Folhapress
"As Quatro Estações", de Tomie Ohtake, no metrô Consolação
"As Quatro Estações", de Tomie Ohtake, no metrô Consolação

"Inter-relação entre o Campo e a Cidade"
Aldemir Martins
O multicolorido mural anima a passagem da estação Tatuapé com montanhas, céus e ambientes internos que mostram trabalhadores exercendo suas atividades. A enorme obra de autoria do desenhista e pintor cearense Aldemir Martins tem quase 25 m de largura. Ele pintou sobre cerâmica vitrificada, em uma reflexão sobre as migrações em São Paulo e, como diz o título, as relações entre o campo e a cidade. Festa de cores presente na estação desde 1993.

Tatuapé, linha 3-vermelha, mezanino

"Estação Sumaré"
Alex Flemming
Identidade, poesia, interação com a paisagem e com a luminosidade. Essas qualidades tornam a conhecida instalação de 44 retratos, por Alex Flemming, uma atração à parte na estação Sumaré. São 22 rostos de cada lado da plataforma, com sobreposição. Homens e mulheres diferentes convivem enfileirados, convidando a imaginar quem são —o próprio Flemming é um deles. No próximo embarque, repare como esses perfis se mesclam perfeitamente com o mirante do entorno, de dia ou à noite: o artista levou em conta o contraste de todas as horas.

Sumaré, linha 2-verde, plataforma

Alberto Rocha/Folhapress
Obra de Alex Flemming na estação Sumaré
Obra de Alex Flemming na estação Sumaré

"Inscrever os Direitos Humanos na Estação Luz do Metrô"
Françoise Schein, Tatiana Amaral Laura Taves e jovens de diversas comunidades
A artista e arquiteta belga Françoise Schein é engajada e tem trabalhos em estações do metrô de capitais como Berlim, Estocolmo e Paris —onde transcreveu a Declaração dos Direitos Humanos da Revolução Francesa sobre azulejos na estação Concorde. Para a nossa estação Luz, Françoise seguiu no tema dos direitos humanos como proclamados pela ONU, com diferentes colaboradores. O incrível resultado dos azulejos pintados de 102 m, pronto em 2011, é apenas a primeira parte da obra, que pretende ocupar 700 m e incluir trechos da história de São Paulo. Procure, vale a visita.

Luz, linha 1-azul, mezanino

"São Paulo Viva"
Isabelle Tuchband, Verena Matzen e Paula Pedrosa
Alegre e lúdico, o mural "São Paulo Viva" (1996) leva cenas do cotidiano da cidade, além de retratos de mulheres de diferentes etnias, flores e bichos para a estação Santa Cruz. O grande trabalho tem 180 peças de cerâmica pintadas à mão pela artista paulista Isabelle Tuchband e pela argentina Verena Matzen, com projeto técnico e de instalação da arquiteta Paula Pedrosa.

Santa Cruz, linha 1-azul, sobre as escadas rolantes no acesso ao shopping Metrô Santa Cruz

"Momento Antropofágico com Oswald de Andrade"
Antonio Peticov
Se olhar com atenção, será agraciado com um personagem que se revela na instalação de 1990 de Antonio Peticov: Oswald de Andrade. O mentor do movimento modernista aparece refletido na coluna central, resultado dos reflexos distorcidos das laterais da obra. Outra referência é a tela "Abaporu", de Tarsila do Amaral, representada, assim como a frase "Tupy or Not Tupy". Feita com azulejo, madeira, aço, vinil e tronco de pau-brasil, celebra o centenário de nascimento de Oswald.

República, linha 3-vermelha, sob a passagem da Av. Ipiranga

Zanone Fraissat/Folhapress
O artista plástico Antonio Peticov, autor do mural "Momento Antropofágico com Oswald de Andrade", na República
O artista plástico Antonio Peticov, autor do mural "Momento Antropofágico com Oswald de Andrade", na República

"Figuras"
Lygia Reinach
Você passa pela catraca de saída da estação Ana Rosa, vira à direita e se depara com a instalação de aura arqueológica. O que são aquelas esculturas? Coisa do passado? A instalação da paulista Lygia Reinach tem nada menos do que 80 peças cilíndricas de cerâmica. E, veja só, o barro com que foram feitas veio das crateras das fundações do metrô, que, queimado e transformado em cerâmica, voltou ao seu local de origem. Tem mais: as inspirações para as "Figuras", título da obra de 1992, foram justamente os passageiros do metrô.

Ana Rosa, linha 2-verde, mezanino

"Aspectos das Populações Brasileiras"
Gontran Guanaes Netto
A geometria do jardim externo na Marechal Deodoro compõe a moldura perfeita para dois dos painéis de "Aspectos das Populações Brasileiras" (1989), de Gontran Guanaes Netto, que tem na motivação social tema recorrente. Ele propôs ao metrô painéis que representassem os brasileiros, a liberdade e os direitos humanos. Com sinal verde, montou um ateliê ao lado da estação, conversou com passageiros e passantes e retratou alguns deles -assim como Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, Sandino e Mandela.

Marechal Deodoro, linha 3-vermelha

Publicidade
Publicidade
Publicidade

Últimas

  1. 19/01/2019
    1. Parque da Juventude e CTN são opções de passeios na zona norte de São Paulo

      CTN Dá para provar autênticas receitas no Centro de Tradições Nordestinas, que tem até festival gastronômico. Também sedia shows de pagode e sertanejo.

    2. Veja bares e restaurantes imperdíveis para conhecer na zona norte de São Paulo

      FRANGÓ Difícil saber quem atrai mais clientes para o tradicional boteco: a vasta carta de cervejas artesanais, com 500 rótulos de 18 países, ou as famosas coxinhas de frango com Catupiry. EXPERIMENTE Nascido rotisseria, o bar ainda serve o frango na brasa original, com tempero da família do fundador.

    3. Fervilhante, quadrilátero da República concentra novos restaurantes e bares

      Renovada, a agora fervilhante região da República vem recebendo novos bares, restaurantes e cafés. Confira alguns deles.

    4. De aquário à antiga casa de Lina Bo Bardi, confira passeios na zona sul

      AQUÁRIO DE SÃO PAULO Tem 15 mil m² e cerca de 60 aquários com 4 milhões de litros d'água. Além de peixes e tubarões, o local abriga cobras, coalas e até ursos polares. tchibum Até 31/1, sereias mergulham nos tanques.

    5. Cinema de luxo e teatros grandiosos agitam a zona sul de São Paulo

      CINEMATECA BRASILEIRA Nasceu em 1940 como um clube de cinema e ocupa um edifício histórico, tombado em 1988. FEBRE DE CINEMA Sedia mostras e sessões especiais.

    6. Croissant, café e torta estão na seleção de quitutes da zona oeste de São Paulo

      guloseimas

    7. De japonês a italiano, veja novos restaurantes na zona oeste de São Paulo

      ÂNIMA MEA Jeovane Godoy saiu do Cór para comandar a casa, centrada em carnes dry aged. Ali, os cortes são pedidos por peso -com guarnições como arroz de chorizo.

    8. Galerias, teatros, cinemas de arte, casas de show: o que fazer na zona oeste de SP

      MUSEUS E GALERIAS

    9. Bares e restaurantes premiados estão entre as opções para comer e beber na zona oeste paulistana

      gastronomia

    10. Conheça o maître do Terraço Itália, restaurante dono da vista mais arrebatadora do centro de São Paulo

      Mezzo perplexidade, mezzo curiosidade. Foi mais ou menos assim o sentimento que tomou conta de Osmar Jesus da Silva quando, ainda rapaz, viu uma lagosta pela primeira vez.

  1. 1
  2. 2
  3. 3
  4. 4
Publicidade