Conheça o sommelier do Terraço Itália, apaixonado por rótulos de garrafas desde a infância
A paixão por rótulos vem da infância em Quixadá, no sertão do Ceará. Desde garotinho, Francisco Everardo de Freitas, hoje com 54 anos, tinha a curiosidade despertada pelos desenhos que ilustravam garrafas de qualquer tipo de bebida.
Keiny Andrade/Folhapress | ||
Francisco Everardo de Freitas, sommelier da casa |
Para o jovem, a labuta começou cedo: aos 15 anos de idade, ele começou a trabalhar num barzinho na zona leste de São Paulo. Lá, o vinho era de garrafão, mas nem por isso menos sedutor.
No dia 23 de outubro de 1982, Francisco iniciou sua jornada no Terraço Itália como lavador de pratos, mas já se imaginava às voltas com o fascinante universo dos rótulos, especialmente os de vinho.
Não perdeu tempo. Concluiu um curso de garçom e outro de sommelier. Depois de ter pronunciado equivocadamente o nome da uva branca "chardonnay" na frente de um cliente, tomou a resolução de aprender a falar francês.
Pegou gosto pela coisa e estudou também italiano. Visitou vinícolas tanto do Velho quanto do Novo Mundo e conheceu de perto cerca de 10 mil tipos de vinho.
Objetos de devoção, os rótulos tornaram-se definitivamente parte de sua vida. Hoje, 245 deles, presentes em 12 mil garrafas, acomodadas em três adegas do Terraço Itália, estão sob sua supervisão.
"Gosto de vinhos mais modernos, robustos", diz ele, apontando para um exemplar de Château Latour, safra 2011, cuja garrafa custa R$ 7.958 -o mais caro da casa, o Château Lafite Rothschild 2010, alcança a cifra de R$ 11.539.
Há, porém, um vinho à venda no restaurante mais alto da capital cujo rótulo faz o sommelier Francisco encontrar-se com o garoto cearense: o célebre alentejano Pêra-Manca, uma das marcas mais tradicionais de Portugal, que Pedro Álvares Cabral teria trazido em sua expedição e servido aos índios quando chegou ao Brasil.
O rótulo traz o desenho de uma camponesa que serve uma taça para um cavaleiro montado.
O brio, a coragem e a valentia do cavaleiro medieval tocam a sensibilidade de Francisco, que também precisou de uma boa dose dessas qualidades para, saído da roça, tornar-se sommelier de um requintado restaurante na maior cidade do país.
Talvez seja por isso que o Pêra-Manca tem para ele um significado especial: "Sagrado, merece devoção", diz.
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