Torcida invade CT do Corinthians e cancela treino
Cerca de cem torcedores invadiram o centro de treinamento do Corinthians na zona leste de São Paulo na manhã deste sábado, ameaçaram funcionários e jornalistas, furtaram celulares, obrigaram os jogadores a se refugiarem em uma sala e provocaram o cancelamento do treino.
No horário, por volta das 9h30, o técnico Mano Menezes iria realizar um treino tático, o último antes do jogo contra a Ponte Preta no domingo, em Campinas, pelo Paulista. Após o protesto, alguns jogadores defendiam que o time não entrasse em campo, mas o jogo está confirmado
Os invasores, ligados às principais organizadas do clube, passaram por um portão utilizado para a entrada da imprensa, depredaram parte da tela de proteção e foram em busca dos atletas. Os jogadores foram levados, então, a uma das dependências do clube e não tiveram contato com os torcedores. No momento da invasão, os goleiros Walter, Julio César e Danilo Fernandes já estavam no gramado e saíram às pressas.
Os torcedores ainda invadiram a academia do CT atrás dos jogadores. No caminho, segundo funcionários do clube, o grupo furtou coletes, equipamentos de treino e ao menos três celulares, um deles do meia peruano Luis Ramirez. Uma recepcionista, ainda segundo funcionários, teria sido agredida.
Já havia policiamento no local desde o começo da manhã por causa de um protesto inicial, pacífico, de cerca de 15 torcedores, mas a polícia não foi capaz de conter os torcedores, que exigiram conversar com um representante do elenco antes de deixar o local.
Cinco invasores foram recebidos por Mano, que teria sido cobrado pelo mau desempenho do time, principalmente na goleada imposta pelo Santos por 5 a 1 na quarta-feira passada, pelo Paulista. O teor da conversa, porém, não foi divulgado.
O médico Joaquim Grava, que dá nome ao CT do Corinthians, sofreu alteração da pressão arterial, caiu e sofreu um corte no cotovelo. Foi atendido pelo médico Júlio Stancati, do Corinthians, e passa bem.
Os principais alvos do protesto foram os atacantes Emerson e Alexandre Pato, que já haviam sido muito hostilizados após a derrota para o Santos.
Depois da confusão, o zagueiro Paulo André, líder do movimento de jogadores Bom Senso F. C., que defende mudanças no futebol brasileiro, se reuniu com a direção do clube e disse que alguns atletas estavam muito assustados e não tinham condições de entrar em campo no domingo.
Por volta das 15h, o presidente do clube, Mario Gobbi, e os diretores Edu Gaspar e Ronaldo Ximenes, discutiam o que fazer. No fim, optaram por jogar a partida de domingo, em Campinas.
A empresa que cuida da segurança do clube já havia registrado o caso na polícia, e funcionários seus prestavam depoimento.
Os jogadores da Ponte Preta, rival do Corinthians no domingo, também foram alvos de protesto na sexta-feira. Cerca de 30 torcedores levaram faixas e cartazes criticando as últimas exibições da equipe.
Mauro Horita/Agif/Folhapress | ||
Torcedores do Corinthians invadem CT Joaquim Grava |
BLACK BLOCKS
Funcionários do clube compararam a invasão aos protestos liderados pelos chamados black blocks, porque houve manifestantes mascarados e depredações.
Em uma sala do CT, familiares de jogadores que foram assistir ao treino mostravam preocupação com o perigo que corriam seus filhos e irmãos.
Sônio, pai do lateral Guilherme Andrade, recebeu uma ligação do filho para avisar que estava tudo bem.
De acordo com o pai do atleta, o carro do meia-atacante Romarinho teve o retrovisor danificado.
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