Time do Penapolense, de Sabrina Sato, custa menos do que salário de Pato
"Gostaria de agradecer e parabenizar a todo Clube Atlético Penapolense pelo desempenho maravilhoso", disse nesta quinta-feira Sabrina Sato, conterrânea do clube e neta do ex-presidente Kemil Rahal.
Ao dar o título de embaixadora do time à apresentadora de TV no ano passado, o Penapolense buscava a visibilidade que não tinha.
Desde quarta-feira, no entanto, ela não é mais a principal vitrine do time.
Após bater o São Paulo nos pênaltis e, surpreendentemente, chegar às semifinais do Campeonato Paulista, o Penapolense tem agora no desempenho dos seus jogadores dentro de campo a sua melhor propaganda, apesar dos investimentos modestos e da pouca pretensão inicial.
Com menos de 60 mil habitantes, Penápolis, a 480 km de São Paulo, estreou no Paulista no ano passado. Pelo segundo ano seguido, sua equipe avançou ao mata-mata.
No domingo, às 16h, por vaga na decisão, enfrentará o melhor time da competição, o Santos, na Vila Belmiro.
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A apresentadora Sabrina Sato com camisa e boné do Penapolense |
O VALOR DE PATO
Fundado em 1944, o clube estava na terceira divisão estadual até 2011.
No ano passado, voluntários ajudaram funcionários da prefeitura a pintar o estádio municipal Tenente Carriço antes da estreia no Paulista.
Salários de jogadores e comissão técnica custam R$ 400 mil mensais ao Penapolense. É quanto o Corinthians paga por mês pelo atacante Pato, que está no São Paulo –o valor total vai além disso.
"Fomos o primeiro clube do Paulista a iniciar a preparação, em 5 de novembro", contou o gerente de futebol do Penapolense, Paulo de Carvalho.
O time tricolor, porém, temia o rebaixamento.
Perdeu três dos quatro jogos iniciais. Depois ganhou cinco partidas consecutivas. E, desde então, está em jejum de sete rodadas. Foram cinco derrotas e dois empates.
Para o técnico Narciso, 40, ex-zagueiro do Santos e da seleção brasileira, a série negativa não resultou em um momento ruim. Pelo contrário.
"Tiramos Corinthians e São Paulo", argumentou, citando empates sem gols que eliminaram a dupla.
"Jogamos sem vários titulares, o que fez falta na sequência de derrotas", disse ele, acostumado às reviravoltas –no campo e fora dele.
Nos anos 2000, ele se notabilizou por voltar a jogar futebol após se recuperar de uma leucemia.
"Temos dificuldade de reposição [de atletas]. Com time completo, tivemos bons resultados", disse o presidente Nilso Moreira. "Alguns ainda não são jogadores prontos para um torneio tão forte".
Apesar do sucesso, os números do Penapolense não são vistosos. Trata-se do terceiro pior ataque da fase de grupos, ao lado do lanterna Paulista, com 14 gols.
Entre os oito classificados, foi a equipe que somou menos pontos, 19, quatro a menos do que o próximo da lista, o Bragantino. Fez apenas a 13ª melhor campanha entre os 20 clubes do campeonato.
Mas só o Penapolense, que perdeu por apenas 1 a 0 do Palmeiras no Pacaembu, conseguiu derrotar o Santos. Goleou por 4 a 1 em casa.
"Foi fantástico, isso traz uma confiança a mais para enfrentá-lo na Vila Belmiro. Mas foi um jogo totalmente diferente, não era mata-mata", afirmou Narciso.
"Não vamos mudar nada do que temos feito. Vamos marcar forte e sair para jogar", prometeu o técnico.
Ele garante que seus jogadores não se contentaram com a chegada à semifinal e se mantêm motivados.
"Tivemos uma conversa sobre o que podemos conquistar, mesmo sabendo da dificuldade que encontraremos. Vejo nos olhos deles que querem muita coisa ainda. Podemos ir lá e fazer um grande jogo", disse Narciso.
"O Santos tem nosso respeito, é o favorito. Tem jogadores velozes e leves, a melhor campanha, o melhor ataque", acrescentou.
CONTINUIDADE
Com a vaga para a Série D do Campeonato Brasileiro, o Penapolense já assegurou atividade no segundo semestre.
Para tentar manter o elenco, ajudam as premiações de R$ 300 mil no mata-mata do Paulista e as bilheterias divididas pela metade com São Paulo e Santos.
"Os jogadores ficam em evidência, é difícil segurar. Temos que deixá-los seguir sua carreira com brilho. A gente fica feliz quando um jogador nosso vai para um time grande", admitiu o presidente Nilso Moreira.
Seis titulares tricolores disputaram o Estadual do ano passado pelo clube: o goleiro Samuel Pires, os zagueiros Jailton e Gualberto, o lateral esquerdo Rodrigo Biro, volante Liel e o meia Guaru.
"Sem dúvida, ter uma espinha dorsal ajudou muito. Por jogar com quem você conhece, em quem você tem confiança, tem entrosamento melhor, o cara sabe como o colega se posiciona", avaliou Narciso.
Depois de despachar os são-paulinos, a delegação penapolense continua hospedada na capital. Nesta quinta-feira, o time fez exercícios numa academia e numa piscina. O treino da manhã desta sexta acontecerá no estádio Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul.
Até onde vai a alegria de Sabrina Sato?
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