Ouro no Pan e perto da Rio-16, Felipe conta com 'paitrocínio' para se manter
Felipe Wu, 23, conquistou neste domingo (12) a medalha de ouro na pistola de ar de 10 m com um desempenho digno de campeão mundial.
A marca ao final da campanha que o levou ao topo do pódio, de 201.8 pontos, além de novo recorde dos Jogos Pan-Americanos, seria suficiente para conquistar o título mundial da prova em 2014.
"Esse título mostra que há chance de eu ganhar medalha em Mundial. Eu preciso acreditar em mim, mais e mais a cada dia", afirmou Wu à Folha.
Com o triunfo, ele está praticamente garantido na disputa da prova nos Jogos do Rio.
O norte-americano ficou com a prata e o equatoriano Mario Delgado, com o bronze.
Mais que opção, a crença em si virou necessidade.
Felipe passa por sacrifícios para dar continuidade à sua carreira no tiro esportivo.
Sem patrocínio, ele conta com a ajuda direta do pai, Paulo, para se manter no esporte.
"Ganho R$ 1.800 de Bolsa Atleta e pertenço ao Exército, que me ajuda financeiramente também. Mas isso não paga nada, nem a munição", disse o atirador, que foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude de Cingapura-2010.
"Na verdade, eu nem tenho dinheiro para comprar equipamento para treinar todos os dias. Eu faço um malabarismo."
O malabarismo passa por montar um stand de tiro no quintal de sua casa em São Paulo, para reduzir custos.
E também por dirigir quatro vezes por mês para Curitiba, onde mora sua namorada e também atiradora Rosane Ewald. Lá, ele tem direito a utilizar as estruturas de um clube de campo para praticar.
"Para economizar, eu vou de ônibus. O tiro é muito caro, e é difícil conseguir patrocínio no Brasil porque as pessoas não o veem muito bem", contou.
Na medida do possível, ele e Rosane, que compete nesta segunda-feira (13) no rifle de 10 m, se apoiam para seguir.
Apesar das agruras, Felipe saiu satisfeito com o ouro. "Conquistar uma medalha de ouro em um Pan é a realização de um sonho antigo. É bom voltar a aparecer", afirmou.
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