Moradores vizinhos a estádio que desabou dizem que já temiam acidente
Os moradores da rua Apóstolo João, em Diadema, vizinha do estádio José Batista Fernandes, do Água Santa, clube recém-promovido à elite do Campeonato Paulista, já temiam um acidente antes de parte da arquibancada da arena desabar na manhã deste sábado (7).
"Ontem [sexta-feira] eu sentei na laje da minha casa, fiquei olhando a construção e falei pra todo mundo que um dia esse estádio ia cair". disse Roberto da Costa, 24, estudante de engenharia civil.
"Desde o início, eu falava que essa estrutura ia cair. Há cinco meses, um pedaço de madeira caiu na minha casa e quebrou o telhado", contou Paulo Sérgio, 45, cozinheiro.
As casas ficam a menos de 30 cm de distância das vigas que sustentam o estádio. Do teto delas, é possível tocar nas estruturas só esticando o braço.
Apesar do acidente, houve alívio entre os moradores. "Ainda bem que não caiu para trás [em direção às moradias]. Se isso acontecesse, nossas casas estariam no chão", afirmou o prensista Alessandro Alves Rodrigues, 42, que estava com sua mulher e seu filho em casa na hora do desabamento.
Em entrevista, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), disse que dez casas vão ser interditadas e que as pessoas serão realocadas para um hotel.
"A Defesa Civil veio aqui, deixou um papel para a gente assinar e foi embora. Não sabemos o que vai acontecer depois", lamentou o gráfico Robson Magalhães, 37, que viu o auxílio chegar nove horas depois do ocorrido.
Mesmo diante da oferta de hotel, feita pela prefeitura e pelo clube, as pessoas dizem sentir medo de deixar suas casas.
"É difícil falar que a gente quer sair daqui. Se ficarmos, a casa pode cair. Se a gente sai, tem o risco de a nossa casa ser assaltada. Pedimos para a prefeitura para deixar um carro policial aqui na rua durante esse tempo de afastamento, mas disseram que é impossível. Não sei se quero sair", disse Paulo Sérgio.
Três pessoas que trabalhavam na obra ficaram feridas. A ampliação da arquibancada é uma exigência da Federação Paulista de Futebol para o time ser aceito na Série A-1 do Paulista –o estádio precisa ter capacidade para ao menos 10 mil torcedores. As causas do acidente ainda não foram divulgadas.
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