De sócios a estacionamento, empresa concentra propriedades do Corinthians
Criadora do programa de sócio-torcedor do Corinthians, a Omni se transformou em uma das principais parceiras do clube em menos de sete anos e hoje controla vários dos principais ativos do clube.
São cinco contratos que a empresa tem com a diretoria alvinegra atualmente: ela dá o nome ao teatro da sede social do clube no Parque São Jorge, controla a bilheteria do estádio em Itaquera, gerencia o programa de sócios Fiel Torcedor, toma conta do estacionamento da arena e presta serviço de administração no local.
De propriedade de um casal, Marta Alves de Souza Cruz e Luiz Alberto Ravaglio, ela consegue arrecadar milhões anualmente com a parceria. Os valores que recebe com os negócios no clube não são divulgados, nem quanto a empresa paga para o Corinthians pelos direitos às propriedades.
Só com o programa de sócios, que tem cerca de 130 mil fidelizados, a receita da empresa no ano passado chegou em cerca de R$ 9 milhões, exatamente metade do total.
O contrato em vigor, como mostrou a Folha em outubro do ano passado, prevê que 50% do faturamento no segmento seja repassado para a Omni.
Pelo serviço de administração da bilheteria, a arrecadação é de quase R$ 100 mil por jogo, cuidando das catracas e do controle de acesso dos torcedores –função que nada tem a ver com a do programa de sócio, ou seja, poderiam ser feitas por empresas diferentes.
Considerando 35 partidas que o Corinthians jogo em média em casa no ano, a Omni pode ganhar R$ 3,5 milhões neste setor.
Para administrar toda a estrutura montada na parceria com o clube, a empresa tem três firmas abertas, com objetos sociais distintos. Duas delas apresentam, segundo dados da Junta Comercial, apenas R$ 10 mil reais de capital; a outra, R$ 50 mil.
Uma dessas empresas tem como endereço a Avenida Miguel Ignácio Curi, 111, exatamente o endereço da arena.
No estacionamento, ela desembolsa cerca de R$ 1 milhão por ano pela concessão, que está sendo pago com investimentos, como cancelas, e fica com a receita nos dias de jogos.
Na administração da arena, que envolve ainda todo o trabalho de tecnologia, ela recebe uma taxa 20% sobre o valor da folha de pagamento que ela tem. A folha hoje está em cerca de R$ 200 mil mensais. O Corinthians banca o valor e paga cerca de R$ 40 mil à empresa.
AJUDA PARA SALÁRIOS
Parceira do clube, a Omni muitas vezes é quem dá o fluxo financeiro necessário para a arena, liberando dinheiro para pagamentos urgentes, evitando que o Corinthians demore com as burocracias do fundo criado para administrar o estádio, que conta com a Caixa, com o clube e com a Odebrecht.
A empresa chegou a pagar salário atrasado de funcionário, como reembolsar gastos e arcar com custos de reformas internas da arena –os valores eram descontados do repasse final.
"Todos os serviços prestados por nós para o Corinthians estão rigorosamente de acordo com os contratos assinados, que estão cobertos por cláusulas de confidencialidade, como é de praxe. Não comentaremos unilateralmente afirmações sem origem e embasamento definidos, nem suposições sobre negociações presentes ou futuras", afirmou Marta Alves de Souza Cruz.
Procurado pela Folha, o Corinthians disse que não irá se pronunciar.
NAMING RIGHTS
A Folha apurou que a parceria entre Corinthians e Omni está perto de se desfazer.
Com a efetivação da venda dos direitos de nome, os naming rights, da casa corintiana, a Omni deverá deixar o controle do Fiel, e também dos demais serviços.
A empresa que negocia a aquisição dos naming rights da arena quer a saída da Omni para que tenha acesso amplo e irrestrito ao banco de dados de torcedores, item estratégico para os novos produtos que lançarão.
O imbróglio neste momento, como mostrou o blog do Perrone, no UOL, é financeiro. A Omni quer ganhar cerca de três vezes mais do que o grupo ofereceu pagar.
Segundo apurou a reportagem, é esse o único e último detalhe que atrapalha o anúncio da assinatura dos naming rights.
O Corinthians espera resolver isso nos próximos dias. Uma auditoria foi contratada para tentar descobrir o valor real que vale a empresa.
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