Lucro líquido dos clubes de futebol europeus sobe em R$ 5 bilhões
Rui Vieira/Associated Press | ||
Valencia, do Manchester, e Ramsey, do Arsenal, durante partida do Campeonato Inglês desta temporada |
Os clubes de futebol europeus elevaram seus lucros em R$ 5 bilhões nas duas últimas temporadas, depois de sustentarem anos de pesados prejuízos, por conta da entrada em vigor das regras ditas de fair play financeiro.
A Uefa, a organização que comanda o futebol europeu, divulgou seu relatório anual sobre a saúde financeira do esporte nesta quinta (12). O estudo, um referencial para o mercado futebolístico, aponta para alta constante na receita dos clubes da Europa nas duas últimas décadas, e revela que a vantagem financeira do Campeonato Inglês sobre seus similares no continente europeu continua a aumentar.
O interesse pelo esporte, especialmente as cinco grandes ligas da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália, resultou em contratos de valor ainda mais alto com as empresas de mídia e patrocinadores, e em bilheterias maiores nos estádios. Mas os pesados gastos, como a contratação de jogadores e o salário dos atletas e pessoal, resultaram em prejuízos constantes para os times europeus.
Os dados demonstram que os clubes europeus começaram a transição para o lucro desde a entrada em vigor, em 2011, das regras de fair play financeiro, que limitam os gastos que os times podem realizar a uma dada proporção de suas receitas. Naquele ano, os prejuízos agregados dos clubes foram de R$ 1,25 bilhões, ante lucro de R$ 2,45 bilhões em 2015, o ano mais recente sobre o qual os números foram divulgados.
Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, declarou que as regras de fair play financeiro "não só firmaram o navio das finanças europeias mas ofereceram a estrutura para crescimento, investimento e lucratividade sem precedentes".
Os números são distorcidos pela ascensão do Campeonato Inglês, que deixa para trás os clubes de ligas europeias rivais em termos de lucratividade, receita, gastos com contratações e valor das equipes.
A receita média anual dos clubes da divisão mais alta do futebol inglês é de R$ 14,9 bilhões –R$ 6,8 bilhões a mais que do Campeonato Alemão, o segundo colocado em termos de faturamento. Os times da liga inglesa foram beneficiados por um contrato de R$19,7 bilhões pelos direitos de transmissão nacionais do torneio nas próximas três temporadas, com a Sky e BT Sport, uma alta de R$ 2,3 bilhões comparada ao contrato anterior.
Apenas dois clubes –o Barcelona e Real Madrid, da Espanha– têm receitas de transmissão superiores aos oito principais times do Inglês, porque o Campeonato Espanhol distribui o dinheiro dos contratos televisivos de maneira mais desigual que a liga inglesa.
Josep Lago-18.dez.2016/AFP | ||
O uruguaio Luis Suárez, do Barcelona; clube deve faturar mais de R$ 500 com direitos de transmissão |
A Telefónica pagou cerca de R$ 2 bi pelos direitos nacionais de transmissão de todos os times da liga espanhola na temporada passada, e a Mediapro renovou seu contrato internacional de transmissão com 38 times espanhóis por R$ 1,3 bi, para a temporada 2016/2017. Uma análise do desempenho passado mostra que o Barcelona deve faturar R$ 508,5 milhões com direitos de transmissão nesta temporada –mais de R$ 169,5 milhões acima do faturamento do Atlético de Madrid, o terceiro mais lucrativo entre os times da liga espanhola.
Os números da Uefa sugerem que os dois maiores clubes espanhóis continuam a ter o mais alto faturamento da Europa, e são capazes de arcar com salários mais altos para os seus jogadores do que o Manchester United, o time mais rico da da liga inglesa em termos de receita.
Mas disparidades mais amplas em receitas comerciais e de transmissão, entre os diferentes países europeus, permitiram que os clubes ingleses pagassem somas recordes aos seus jogadores –um total de R$ 9,1 bilhões. A folha salarial média de um time da primeira divisão inglesa é quase duas vezes mais alta que a da liga que a segue em termos de salários, a Série A italiana.
A Uefa também estima o "valor de mercado" dos jogadores do Campeonato Ingês como o mais alto da Europa, cerca de R$ 14,9 bilhões. Isso a despeito de os principais times da liga espanhola terem sob contrato os jogadores em geral considerados como os melhores do mundo, a exemplo de Lionel Messi e Luis Suárez, do Barcelona; Cristiano Ronaldo e Gareth Bale, do Real Madrid; e Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid. De acordo com a Uefa, os talentos que jogam na liga espanhola valem no total R$ 11 bilhões, seguidos pelos da Série A italiana com R$ 10 bilhões.
A primeira divisão da Inglaterra também tem o melhor público da Europa, com 13.885.810 espectadores na temporada 2015/2016. Mas o Campeonato Alemão tem o melhor público médio da Europa, com 43,3 mil torcedores por partida.
A Ásia, especialmente a China, se tornou a maior fonte de investimento externo em clubes europeus –17 clubes têm sócios majoritários asiáticos. Empresas e indivíduos chineses assumiram o controle de nove clubes europeus nas duas últimas temporadas, entre os quais o ADO Dan Haag, na Holanda, a Inter de Milão, na Itália, e o Aston Villa, na Inglaterra.
Giusepper Cacace/AFP | ||
Gabriel, da Inter de Milão, um dos 17 times europeus que pertencem a asiáticos |
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade