Mentira, saúde e sabático barram 'medalhões' no Mundial de natação

PAULO ROBERTO CONDE
DE SÃO PAULO

As provas de natação do Mundial de Budapeste, que começam neste domingo (23), não terão "medalhões" que fizeram história no torneio e em Olimpíadas recentes.

Os motivos são diversos. Aposentadoria, problemas de saúde, períodos sabáticos e decepções. Sem contar com o adeus de Michael Phelps, recordista em pódios olímpicos (28), que deixou as piscinas após a Rio-2016.

Em termos de currículo, a ausência mais sentida será a do norte-americano Ryan Lochte, 32, detentor de 27 medalhas em Mundiais (18 ouros, cinco pratas e quatro bronzes) e 12 em Olimpíadas.

O multimedalhista foisuspenso pela federação norte-americana por dez meses por ter forjado um assalto durante os Jogos Olímpicos do Rio, ao lado de outros três nadadores da delegação.

Após apuração, a polícia concluiu que Lochte mentiu ao relatar um assalto sofrido na volta de uma festa no Rio.

A suspensão terminou no último dia 30, o que o alijou da seletiva nacional que formou a equipe para a Hungria.

Não bastasse a sanção esportiva,Lochte também perdeu patrocínios e deixou de receber premiação relativa à medalha que ganhou no Rio no revezamento 4 x 200 m.

Ele agora respira novos ares. No mês passado, viu o nascimento de seu primeiro filho, Caiden, e fez questão de afirmar que pretende disputar os Jogos de Tóquio.

"Foi uma longa suspensão, mas acabou. Eu aprendi e me tornei um homem melhor a partir dela. Agora vamos a 2020", escreveu Lochte em sua conta no Instagram.

O francês Florent Manaudou, 26, não teve qualquer suspensão imposta, mas impôs a si um período sabático. Que pode acabar ou não.

Campeão olímpico dos 50 m livre em Londres-2012, ele chegou à Rio-2016 como maior favorito para repetir a conquista. Era o atual campeão mundial e detentor da melhor marca da história (21s19) se desconsideradas as obtidas com trajes de poliuretano.

Mas, na capital fluminense, bateu na trave e isso mudou sua trajetória. Manaudou perdeu a final para o veterano norte-americano Anthony Ervin e teve de se contentar com a medalha de prata.

Surpreendentemente, um mês depois da Olimpíada ele anunciou uma pausa de duração indeterminada das piscinas para se dedicar ao handebol. Atualmente, é reserva de uma equipe da modalidade em Aix-en-Provence, na região sul da França.

Manaudou não comenta sobre um eventual retorno à natação competitiva, mas por ora parece que o esporte não lhe deixa. Ele fará comentários do Mundial de Budapeste para uma rede francesa de televisão e ainda tem contrato com a fornecedora de material esportivo Speedo.

Ao menos não terá de ver seu algoz na Hungria. Ervin, 36, que o bateu nos Jogos do Rio, nem ao menos obteve classificação para disputar os 50 m livre no Mundial.

Se Budapeste não terá o homem mais veloz da última Olimpíada, também não terá potenciais favoritos aos 100 m, prova mais tradicional da natação, nos dois naipes.

Campeão olímpico no Rio, o australiano Kyle Chalmers, 19, teve de abdicar do torneio após passar por cirurgia em junho para corrigir uma taquicardia supraventricular no coração. A intervenção foi bem-sucedida e ele disputou uma competição pequena em seu país já neste mês.

"Eu tive de tomar uma decisão muito dura de não competir no Campeonato Mundial em julho, mas a longo prazo eu sei que será a decisão certa", disse Chalmers.

Cate Campbell, sua compatriota que detém o recorde mundial feminino nos 100 m, decidiu abrir mão de ir à Hungria para se concentrar nos Jogos da Comunidade Britânica, em 2018, e nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
"Estou tirando este ano para cuidar da minha saúde mental", afirmou a velocista.

Dona de 21 medalhas entre Olimpíadas e Mundiais, a americana Missy Franklin, 22, abdicou de disputar a seletiva de seu país para se recuperar de cirurgia nos dois ombros após a Rio-2016.

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