Atacante no Bangu, Somália vira volante e agora vai marcar Neymar
Remy Gabalda - 11.ago.2015/France-Presse | ||
O agora volante Somália em sua apresentação na equipe francesa do Toulouse |
Quando Neymar foi anunciado como reforço do Paris Saint-Germain (FRA), no mês passado, o telefone de Somália, 28, começou a tocar. "Todo mundo que conheço pedia que eu trocasse camisas com ele", afirma.
A primeira chance será neste domingo (20), às 16 horas (de Brasília), quando o Toulouse enfrenta o PSG, no estádio Parque dos Príncipes, pelo Campeonato Francês.
Não que o volante brasileiro, o primeiro compatriota a enfrentar Neymar desde a transferência dele do Barcelona para o PSG, queira pedir alguma coisa. Só de falar no jogador mais caro do futebol mundial, Somália muda a voz para um tom de reverência.
"Eu nem acredito que vou estar no mesmo campo que ele. Vai ser uma coisa incrível. Como faz para marcá-lo? Não faz... Não tem como. A gente vai fazer o melhor possível. Mas é difícil", admite, em entrevista por telefone à Folha na semana passada.
Em algum momento dos 90 minutos, os caminhos dos dois vão cruzar. O técnico Pascal Dupraz o avisou que ele terá de vigiar o camisa 10 rival de perto.
As diferenças entre clubes e jogadores são consideráveis. O Paris Saint-Germain, com a força do dinheiro do Qatar, se transformou em um dos clubes mais ricos do mundo. Campeão em cinco dos últimos seis campeonatos nacionais, sonha em vencer a Liga dos Campeões.
O único título de expressão da história do Toulouse é a Copa da França de 1957.
Ao assinar contrato com o PSG, Neymar passou a ser o dono do maior salário do futebol: 30 milhões de euros R$ 111 milhões) anuais, livres de impostos. Sem contar seus contratos de patrocínio.
"Ele ganha mais com os patrocinadores do que com o futebol", disse o presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi.
Somália não diz quanto recebe. Não é preciso esforço para perceber que não faz cócegas no contrato de Neymar com o clube de Paris.
"Sou mais modesto, mas estou feliz. Estou conseguindo fazer meu pé-de-meia e é uma alegria grande poder ajudar a minha mãe", afirma.
Neymar teve de provar ao fisco brasileiro - e conseguiu - que o barco comprado pela empresa dos pais não era para seu uso pessoal. A preocupação de Somália é os investimentos para a aposentadoria: apartamentos no Rio de Janeiro para "ter uma renda quando parar de jogar."
DO BANGU
Somália foi profissionalizado pelo Bangu, no Rio. Ponta veloz e de jogadas de linha de fundo, passou por Resende, Madureira e Paraná Clube, sem se destacar. Em 2011 foi emprestado para o Ferencváros, da Hungria.
Após o primeiro treino, o treinador alemão Thomas Doll o chamou.
"A partir de hoje, você não é mais atacante. No meu time, vai ser volante", disse.
Criado em comunidade pobre de Duque de Caxias e acostumado a fazer gols, o brasileiro protestou. Nem sabia como marcar.
"Eu ensino. É mais fácil fazer o habilidoso aprender a marcar do que o marcador aprender a ser habilidoso", respondeu o técnico.
Estava aberto o caminho que o faria ser rival de Neymar no Campeonato Francês. Somália se destacou na função, mas quebrava o galho em outras. Em quatro anos na Hungria, jogou em todas as posições, menos a de goleiro.
Se tivesse ficado mais uma temporada no país, poderia se naturalizar e jogar pela seleção, mas a oportunidade de ir para o Toulouse em 2015 foi boa demais para desperdiçar.
"Quando contei para os meus amigos de Duque de Caxias [na Baixada Fluminense] que atuava de volante, disseram que eu estava louco. Quando me viram jogando, disseram: por que você não fez isso antes?", se diverte.
O que ele jamais havia feito e terá a chance neste domingo é enfrentar Neymar. Talvez pedir a camisa do astro. Não para dar de presente. Para ele mesmo.
"Só dá ele aqui na França. Só se fala em Neymar. Está todo dia no noticiário da TV", conclui o volante.
NA TV
PSG x Toulouse
16h ESPN e SporTV
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