Descrição de chapéu The New York Times

Memorial sobre as vítimas do atentado nos Jogos Munique-1972 simboliza dor

ANDREW KEH
DO "THE NEW YORK TIMES"

O espaço cinzento foi talhado em uma encosta gramada, evocando uma ferida aberta.

Dessa forma, o Munich 1972 Massacre Memorial, que será inaugurado em 6 de setembro, simboliza a dor que perdurou para muitos desde a Olimpíada de 1972, quando 11 integrantes da delegação israelense e um policial alemão foram assassinados por membros da facção palestina Setembro Negro.

O memorial, disseram familiares das vítimas, será um novo passo no caminho da paz.

"Não há pessoas mais felizes e satisfeitas do que nós", disse Ankie Spitzer, cujo marido, Andre, treinador de esgrima, foi um dos assassinados nos jogos de Munique. "Foram precisos 45 anos, mas, como digo aos meus filhos, se você tem um sonho, corra atrás, se considerar que é a coisa justa a fazer".

Costas disse em entrevista que "infelizmente ataques terroristas e outras atrocidades ocorrem o tempo todo. Mas esse atingiu o movimento olímpico em si. É o que o distingue: não que tenha sido mais trágico e significativo que outros ataques, mas que tenha tido vínculo direto com a olimpíada".

E as coisas começaram a mudar logo depois disso. Spaenle, o ministro bávaro da Cultura, se reuniu com Spitzer e outros familiares das vítimas em 2012, meses depois dos jogos de Londres, em uma cerimônia na base aérea de Fürstenfeldbruck, onde os reféns encontraram seu trágico fim. Na reunião, ele prometeu que trabalharia no projeto do memorial, e voltou a se encontrar com Romano diversas vezes, na Alemanha e em Israel.

Thomas Bach, eleito presidente do COI em 2013, mostrou mais simpatia do que seus predecessores pela causa dos familiares das vítimas, e rapidamente apoiou o projeto. Bach, medalhista de ouro na esgrima na Olimpíada de 1976, representando a Alemanha Ocidental, também aprovou a cerimônia na Vila Olímpica do Rio em 2016, durante a qual ele leu os nomes das vítimas de Munique.

"Os integrantes da delegação olímpica israelense que foram assassinados foram vítimas de um ataque ao coração dos jogos olímpicos e a todos os valores olímpicos", disse Bach. "Portanto, nada mais justo do que essas vítimas inocentes serem recordadas para sempre em um memorial digno, em lugar próximo à Vila Olímpica. Será um símbolo de nossa memória e de nossa dor compartilhada".

O memorial e exposição custaram 2,4 milhões de euros (mais de US$ 2,8 milhões) de acordo com Karg, e as despesas foram cobertas pelo governo bávaro, pelo governo federal alemão, pelo COI e pela fundação para o Desenvolvimento Mundial do Esporte, uma organização norte-americana de promoção do espírito esportivo.

O trabalho será concluído um ano depois do prazo original. Reações negativas de moradores locais forçaram os organizadores a transferir o memorial por duas vezes, o que exigiu mudanças no projeto arquitetônico em ambos os casos. O local será aberto ao público depois de uma cerimônia de inauguração só para convidados, em 6 de setembro, da qual participarão membros dos governos alemão e israelense, do COI e das famílias das vítimas.

Barbara Holzer, arquiteta de Zurique que fez parte do júri que selecionou a proposta vencedora para o projeto, disse que qualquer memorial precisa ser "um local que dê espaço para a reflexão social e individual". Para muitos, esse processo recomeçará agora.

Spaenle tenha 11 anos e morava perto do Parque Olímpico quando o massacre aconteceu, 45 anos atrás. Ele ainda recorda o som dos helicópteros sobrevoando a área quando os terroristas estavam transferindo os reféns para Fürstenfeldbruck, e estava dentro do Estádio Olímpico quando Avery Brundage, presidente do COI na época, declarou que "os jogos precisam continuar", causando controvérsias.

Spaenle conhece bem os dois memoriais mais modestos sobre o massacre, em outros locais do Parque Olímpico - uma escultura do artista alemão Fritz Koenig e uma placa na entrada do edifício onde os reféns ficaram aprisionados -, "mas eu sentia o tempo todo que faltava alguma coisa", disse Spaenle.

"Esse é o elo perdido", ele disse.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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