Domínio de Messi e Ronaldo expõe era do Brasil sem craque
Lluis Gene/AFP | ||
Neymar volta a ser finalista contra Cristiano Ronaldo e Lionel Messi |
Cristiano Ronaldo, 32, vai entrar no Bloomsbury Ballroom, em Londres, nesta segunda (23), como o favorito ao "The Best", prêmio de melhor jogador do mundo em 2017 oferecido pela Fifa.
Se vencer, será pela quinta vez. Igualará a marca de Lionel Messi, seu permanente rival. São dez anos que os dois dominam o futebol mundial.
É uma década marcada pela falta de protagonismo de brasileiros. Levantamento das planilhas do prêmio da Fifa mostra que a partir de 2008, quando Ronaldo e Messi dominaram as premiações, apenas 2,4% dos votos para melhor do mundo foram dados a jogadores do país.
O último nome do Brasil a ser escolhido foi Kaká, então do Milan (ITA), em 2007.
Neste ano, Neymar é finalista, mas é considerado zebra. Assim como aconteceu em 2015, quando também chegou à última lista, mas terminou em 3º. O argentino Lionel Messi venceu.
É o maior jejum do Brasil na premiação. Entre 1991, quando a Fifa começou a fazer a eleição, e 2007, em oito edições jogadores do país levaram o prêmio. O maior período de seca antes disso aconteceu entre 1991 e 1993, quando o alemão Lothar Matthaeus, o holandês Marco van Basten e o italiano Roberto Baggio ganharam.
Depois disso, Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997 e 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho Gaúcho (2004 e 2005) e Kaká (2007), tiveram o maior número de votos.
Nos últimos nove anos, dentro do período de reinado da dupla Cristiano Ronaldo-Lionel Messi, o brasileiro mais votado foi Kaká em 2009. Foi apontado como melhor do ano por 5,55% do colégio eleitoral.
O sistema de votação tem como base as escolhas de técnico, capitães e representantes da imprensa de cada nação filiada à Fifa. Cada um vota no primeiro, segundo e terceiro colocados do ano. A partir de 2004, as escolhas tiveram de ser restritas à pré-lista elaborada pela entidade.
O vencedor sai pela pontuação. Cada voto como primeiro colocado representa cinco pontos para o jogador; segundo, três pontos; terceiro, apenas um ponto.
Folhapress |
(fo1l). |
Considerados apenas os citados para o primeiro lugar, por exemplo, em 2012 nenhum brasileiro foi votado para melhor mundo. Em 2013, o único jogador do país lembrado foi Neymar (0,43%).
As planilhas divulgadas pela Fifa mostram que, a partir de 2008, apenas seis brasileiros foram escolhidos por algum dos votantes na primeira posição: Kaká, Diego, Maicon, Thiago Silva, Neymar e Diego Costa, atacante nascido no Brasil, mas que obteve cidadania espanhola e atua pela seleção europeia.
O período de seca nacional é justificado pela falta de protagonismo de atletas do país em conquistas de títulos importantes na Europa, onde se concentra o prêmio.
Em 2007, Kaká foi eleito por ser o astro do Milan vencedor da Liga dos Campeões da Europa. Nesta temporada, Cristiano Ronaldo é o favorito porque foi o principal nome do Real Madrid (ESP) que conquistou o segundo torneio europeu consecutivo.
"Cristiano Ronaldo tem de ganhar o prêmio. Não há outro nome possível", disse o meia Isco, seu companheiro de Real Madrid.
"Neymar é grande jogador, mas Messi é melhor", opinou o volante Paulinho, companheiro de um na seleção brasileira e de outro no Barcelona (ESP).
Um dos argumentos usados para convencer Neymar a sair do Barcelona e ir para o Paris Saint-Germain (FRA) foi que na França ele seria o grande nome da equipe. Se o PSG vencer a Liga dos Campeões em 2018, fará o brasileiro favorito ao prêmio da próxima temporada.
"Você quer ser escolhido melhor do mundo? Não tem problema, eu te ajudo", disse Messi para o brasileiro em julho, durante a pré-temporada do clube catalão nos Estados Unidos. Era uma tentativa para convencê-lo a não sair da equipe catalã.
Benoit Tessier/Reuters | ||
Eleito o melhor jogador do mundo, Kaká comemora a Bola de Ouro da "France Football" em 2007 |
MUDANÇAS
O prêmio da Fifa já teve três nomes diferentes. Começou em 1991 como "Melhor jogador do ano" até que, entre 2010 e 2015, a entidade fundiu sua cerimônia com a "Bola de Ouro", oferecida desde 1956 pela revista francesa "France Football".
A parceria acabou e desde o ano passado, a premiação passou a ser chamada de "The Best" ("o melhor", em inglês).
A cerimônia acontecia sempre em janeiro e celebrava o melhor do ano que havia acabado. Para se diferenciar da "Bola de Ouro", a Fifa mudou o sistema para 2017. Vale apenas a temporada europeia, que começa em agosto e termina em maio do ano seguinte. Neste caso, as atuações de Neymar pelo PSG, para onde se transferiu em agosto, não serão consideradas.
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