Pelé vai ao sorteio da Copa em cadeira de rodas e ganha beijo de Maradona

Crédito: Reprodução/Twitter/@FIFAWorldCup
Maradona beija Pelé, que chega de cadeira de rodas ao sorteio dos grupos da Copa, em Moscou

ALEX SABINO
SÉRGIO RANGEL
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A MOSCOU

Convidado pela Fifa para o sorteio da Copa do Mundo, Pelé, 77, foi ao evento no Kremlin, em Moscou, se locomovendo em cadeira de rodas. O ex-jogador entrou no palco do sorteio empurrado por ajudantes. O brasileiro sofre com problemas físicos desde 2012.

Em 2016, Pelé disse à Folha que médicos que o examinaram disseram que houve um erro em uma cirurgia à qual foi ele submetido em 2012, para a implantação de uma prótese no quadril.

Ele disse que uma suposta falha o levou a passar por nova operação, em dezembro do ano passado.

O primeiro procedimento, no qual ele acredita ter havido erro, foi realizado em São Paulo, no hospital Albert Einstein. O segundo aconteceu no Hospital for Special Surgery, em Nova York.

"Segundo os médicos que me analisaram, teve um erro médico. Um erro na técnica dos brasileiros", afirmou em 2016.

Após a declaração de Pelé, o ortopedista Roberto Dantas, responsável pela cirurgia de prótese de quadril feita em 2012, afirmou que não houve erro na operação. "Estou perfeitamente seguro de que fizemos o melhor trabalho possível", disse Dantas, que integra a equipe médica do Hospital Israelita Albert Einstein.

Neste ano, Pelé esteve na Rússia para uma série de compromissos com um de seus patrocinadores pessoais, que também é patrocinador da Fifa. Ele, inclusive, acompanhou o triunfo da Rússia sobre a Nova Zelândia na abertura da Copa das Confederações.

No ano passado, Pelé ficou fora da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio. Convidado por Carlos Arthur Nuzman, o ex-jogador não foi liberado por seus médicos.

A Folha apurou que o jogador reclama de dores no quadril e tem outras preocupações de saúde causada pela idade, mas nada considerado sério por seus médicos.

O anúncio da presença de Pelé arrancou aplausos discretos da plateia presente no Palácio do Kremlin, em Moscou. Ele entrou no auditório sentado na cadeira de rodas ao lado de Ronaldo. Os dois conversaram até que o jogador campeão mundial em 1958, 1962 e 1970 teve de ser amparado por dois funcionários da Fifa para sentar na poltrona que lhe havia sido reservada, na primeira fileira. Ele não foi chamado ao palco.

A presença de Pelé, decidida na semana passada, manteve a sequência de presença do ex-jogador em sorteios de Mundiais. A última vez que se ausentou foi em 1993, ao não ser chamado pelo então presidente da Fifa, João Havelange, para a escolha dos grupos para a Copa do ano seguinte, nos Estados Unidos. Os dois estavam brigados.

O brasileiro já foi convidado para participar de cerimônias durante o torneio do ano que vem. O assunto será definido mais próximo da abertura, por causa da dúvida quanto à sua saúde.

Pelé não considera a possibilidade de se aposentar por ser um garoto-propaganda requisitado e ter acordos de patrocínios, mas tem reduzido o ritmo das viagens, como as temporadas em seu apartamento em Nova York. Candidatos da oposição à presidência do Santos querem contar com ele como embaixador do clube e que participe de eventos em nome do clube. Mas todos fazem a ressalva de que é preciso saber primeiro como estará a condição física do maior atleta da história do time.

O que ele ainda diz manter a esperança é de cumprir promessa feita em 2010, quando completou 70 anos e recebeu uma chuva de homenagens do mundo do futebol.

"Disse à minha família que aos 80 anos, quero fazer um gol no Maracanã. Na festa dos meus 50 anos (em 1990), não consegui fazer um gol (em amistoso da seleção brasileira no estádio San Siro, em Milão, na Itália). Com 80, no Maracanã, vai ser possível."

A data para isso acontecer seria em 2020.

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress Chamada - Copa - Raio-x do Mundial

ENCONTRO COM MARADONA

Na Rússia, Pelé encontrou Maradona durante o evento e recebeu um beijo do argentino antes do sorteio dos grupos.

Em maio, a CBF chamou Pelé e Maradona para comentar o amistoso entre Brasil e Argentina, mas o jogador argentino recusou. Já Pelé recebeu R$ 400 mil para comentar os jogos da seleção contra Argentina e Austrália.

A quantia fez Pelé aceitar trabalhar com o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Em dezembro de 2015, o ex-jogador assinou um documento batizado de "Manifesto por uma nova CBF", que pedia a renúncia imediata do mandatário.

Em 2000, o brasileiro e o argentino estiveram juntos na cerimônia de escolha de melhor jogador do século 20 da Fifa. A eleição seria realizada pela internet. Como Diego ganhava com folgas, foi feita uma segunda escolha, com especialistas. Pelé venceu e Maradona ficou em terceiro, atrás do argentino Di Stéfano.

Ao perceber o que tinha acontecido, foi embora enquanto o brasileiro era chamado ao palco.

Em 2006, os dois estiveram juntos em sorteio de grupos do Mundial, na Alemanha. Eram convidados de honra da organização. Em dezembro de 2009, Pelé esteve na África do Sul para definição das chaves da Copa-2010. Maradona era técnico da seleção argentina, mas suspenso, não foi.

 

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