Bellucci revela que foi pego no doping e suspenso por cinco meses

Crédito: Li Ming/Xinhua Thomaz Bellucci foi flagrado em exame antidoping
Thomaz Bellucci foi flagrado em exame antidoping

DANIEL E. DE CASTRO
FÁBIO ALEIXO
DE SÃO PAULO

O tenista brasileiro Thomaz Bellucci, 30, revelou nesta quinta-feira (4) que foi pego em exame antidoping realizado em 18 de julho de 2017 e estará liberado para voltar às quadras em 31 de janeiro. O primeiro torneio será o ATP 250 de Quito (EQU), com início em 5 de fevereiro.

A substância encontrada em sua urina foi o diurético hidroclorotiazida, em teste realizado durante o ATP 250 de Bastad (SUE), quando foi eliminado na estreia.

A punição de cinco meses –que poderia ser de até quatro anos– é contabilizada a partir de 1º de setembro, embora só tenha sido revelada nesta quinta. A decisão final da ITF (Federação Internacional de Tênis) sobre o tempo de suspensão foi tomada em 31 de dezembro e publicada apenas após o anúncio do tenista devido a um acordo de confidencialidade.

O paulista não disputa uma partida oficial desde o dia 30 de agosto, quando foi eliminado em sua estreia no Aberto dos Estados Unidos pelo alemão Dustin Brown.

Os 90 pontos conquistados em Bastad —em jogos de duplas— foram retirados, e ele teve de devolver os 8.595 euros (R$ 33,5 mil) ganhos na competição.

O tenista, que ocupa atualmente a 112ª posição do ranking mundial, alegou que fez uso de um suplemento vitamínico comprado em uma farmácia de manipulação. "A substância era um diurético que iria fazer com que eu perdesse mais líquido. Eu sou um cara que sua para caramba, não teria sentido nenhum eu tomar um diurético, seria até uma piada", disse o atleta, que sofre com um problema de desidratação.

Bellucci afirma que foi notificado do resultado do teste no dia 18 de setembro, quando já estava na China para a disputa de um torneio.

Naquele momento, segundo informou a ITF, ele poderia ter aceitado uma suspensão voluntária provisória, o que não aconteceu.

Até o fim de 2017 ele desistiu de uma série de competições sem informar o caso de doping. O atleta disse na época que se recuperava de uma lesão no tendão de aquiles, que o tirou do duelo com o Japão pela Copa Davis.
Como foi condenado, perderia os pontos e a premiação conquistados no período.

"Cinco meses foi mais do que eu esperava, porque não tive culpa nenhuma. Foi difícil, mas o mais importante é que eu provei que não foi nada intencional. Não acredito que seja uma mancha na minha carreira", afirmou Bellucci.

"Foi justamente em um momento em que eu estava me recuperando de lesões e fazendo uma transição importante na minha carreira, de mudar para a Flórida, montar uma base de treinamento lá para atingir o meu máximo potencial no circuito nos próximos anos", completou.

DEFESA

Frascos do multivitamínico foram enviados por Bellucci para análise em laboratórios nos EUA e no Canadá credenciados pela Wada (Agência Mundial Antidoping). Nos testes, ficou comprovada a contaminação em diversos frascos.

Além disso, o tenista, voluntariamente, fez exames de urina e cabelo, também fora do país, para provar que não usou nenhuma substância proibida para melhora de performance ou drogas sociais. Os resultados deram negativos e foram aceitos pela federação.

Ele também refuta a hipótese de que o diurético poderia mascarar algo que lhe desse vantagem competitiva. "Jamais tomei algum tipo de substância que pudesse me favorecer. Sempre tomei todos os cuidados e respeitei as regras do esporte", disse.

A CBT (Confederação Brasileira de Tênis) informou por meio de sua assessoria de imprensa que só teve conhecimento nesta quinta-feira do doping do tenista e que não tinha informações sobre o caso na época da sua última convocação para a Copa Davis, em setembro.

BELUCCI

Bellucci é o tenista brasileiro que alcançou os melhores resultados em simples desde Gustavo Kuerten. Sua melhor posição no ranking da ATP foi a 21ª, em julho de 2010. De 2009 a 2013 e de 2015 a 2016, ele foi presença constante no top 50 da lista.

O paulista alcançou quatro títulos na carreira: duas vezes em Gstaad (2009 e 2012), uma em Santiago (2010) e uma em Genebra (2015).

Seu resultado mais expressivo foi a semifinal do Masters de Madri, em 2011, quando foi derrotado de virada pelo sérvio Novak Djokovic após ganhar de dois atletas do top 10: o britânico Andy Murray e o tcheco Tomas Berdych.

A campanha mais promissora em Grand Slams ocorreu em 2010, quando ele chegou às oitavas de final em Roland Garros -parou no espanhol Rafael Nadal.

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