Clubes paulistas pouco aproveitam suas revelações da Copa SP

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Crédito: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians/Divulgação Arana domina a bola durante treino do Corinthians
Arana domina a bola durante treino do Corinthians

EDUARDO GERAQUE
LUIZ COSENZO
DE SÃO PAULO

Participar de um jogo decisivo na Copa São Paulo de futebol júnior, apontada como um dos principais torneios de base do país, não credencia o jovem atleta necessariamente a ganhar uma chance no time profissional dos quatro grandes clubes de São Paulo. Aliás, está bem longe disso.

É o que mostra levantamento feito pela Folha. Dos 262 jogadores relacionados para as últimas partidas -seja do título ou da eliminação- de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo entre as edições de 2011 e 2015 do torneio sub-20, apenas 42 (16%) acabaram se firmando no time principal e chegaram a fazer ao menos dez partidas como titulares desde então.

A grande maioria desses jogadores, cerca de 70%, nunca conseguiu ser titular na equipe que o revelou.

A reportagem não considerou no levantamento os atletas que disputaram a Copa São Paulo em 2016 e 2017, já que esses atletas, por serem muito jovens, podem ainda estar em processo de amadurecimento para atuar no elenco profissional de seus clubes. A Fifa considera a idade de 23 anos como ideal para o fim da formação do jogador.

Maior vencedor da Copa São Paulo de futebol júnior, com dez títulos -ganhou quatro nos últimos nove anos-, o Corinthians foi o clube entre os quatro principais do Estado que menos utilizou seus atletas da Copinha. 

Dos 70 relacionados para os últimos jogos de cada edição da Copa São Paulo, apenas 7 atuaram ao menos dez vezes como titular em partidas no elenco profissional.

O grupo que foi campeão brasileiro em 2017 teve o zagueiro Pedro Henrique, os laterais Léo Príncipe e Arana e os volantes Maycon e Marciel nessa situação.

No elenco ainda estavam o meia Pedrinho e o atacante Carlinhos, que disputaram o torneio de base em 2017, além do zagueiro Léo Santos -atuou em 2016-, que não estão incluídos no levantamento.

"Esse número não é tão grande, mas é consistente, já que esses jogadores participaram de grandes conquistas, momentos vitoriosos do clube", disse Fernando Yamada, 38, ex-goleiro do clube e atualmente gerente geral do Departamento de Formação de Atletas da equipe.

"Historicamente no Corinthians os atletas da base que deram certo no profissional, 90% dos casos foram aqueles que chegaram no clube muito cedo, que chegaram no sub-13 e sub-15. Isso porque ficam mais adaptados com a pressão, com o ambiente interno e externo do clube", acrescentou o dirigente citando Arana e Maycon, que estão desde o sub-13 no Parque São Jorge.

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MENINOS DA VILA

O recordista de utilização de jogadores da base é o Santos. Dos 64 jogadores que disputaram o torneio, a equipe da Baixada Santista usou 16 como titulares em dez partidas ou mais pelo profissional, o que significa um índice de aproveitamento de 25%.

"O Santos procura sempre aproveitar a base. É um dos primeiros clubes a ter a categoria sub-23, para dar mais tempo de maturação aos atletas", afirmou Jose Bezzi, coordenador da base santista. 

"No Santos, a prioridade está no desenvolvimento técnico ao invés do uso da força. O que rende melhores resultados no profissional quando o fator força física dos atletas é equivalente", disse. 

O número poderia até ser maior. Thiago Maia, vendido para o Lille (FRA), Cajú e Gabriel, que está no Benfica (POR), foram inscritos na Copa São Paulo de 2014, mas não foram sequer para o banco de reservas nas partidas do torneio júnior. Por isso, não foram contabilizados no levantamento.

Pelos mesmos critérios, o Palmeiras, que jamais venceu a Copa São Paulo, utilizou nove jogadores que atuaram pelo clube no torneio júnior em seu time principal. O que representa 13% da amostragem, contra 10% do índice registrado no Corinthians.

A maioria foi utilizada em 2014, quando a equipe esteve ameaçada pelo rebaixamento. O zagueiro Nathan, os laterais Victor Luís e João Pedro e o meia Patrick Vieira fizeram parte do elenco.

O jogador de maior sucesso dos últimos anos da base palmeirense, porém, foi Gabriel Jesus, semifinalista da edição de 2015. Com 61 jogos como titular no profissional, o atacante foi decisivo na conquista do Campeonato Brasileiro de 2016. Ele foi negociado com o Manchester City por R$ 121 milhões, a maior venda da história do clube.

João Paulo Sampaio, coordenador da base do Palmeiras, diz que a utilização de jovens formados no clube foi uma constante nos últimos anos. 

"Em 2014, no último jogo pelo Brasileiro, cinco jogadores da base foram titulares. Em 2015, quatro [Gabriel Jesus, Matheus Sales, João Pedro e Lucas Taylor] disputaram a final da Copa do Brasil e foram campeões", disse ele.

Em 2017, o Palmeiras não teve nenhum jogador da base utilizado com frequência no time principal.

Já o São Paulo promoveu 10 atletas (16,7% dos 60 jogadores diferentes usados em cincos anos). Apenas o zagueiro Rodrigo Caio permanece no time. Boschilia, João Schimidt e Luiz Araújo também atuaram mais de dez vezes como titular pelo profissional e já foram negociados.

David Neres, que jogou a Copa São Paulo de 2015, foi utilizado nove vezes entre os profissionais. Por isso, não está na lista dos atletas aproveitados pelo clube. Ele foi negociado com o Ajax (HOL).

A equipe do Morumbi foi procurada, mas não comentou os números.

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