Aos 35, Leandrinho espera vaga na seleção e diz ter 'lenha para queimar'

Crédito: Ayrton Vignola/Fiesp Leandrinho fez suas estreia pelo Franca em janeiro deste ano
Leandrinho fez suas estreia pelo Franca em janeiro deste ano

FÁBIO ALEIXO
DE SÃO PAULO

Leandrinho já não é mais um garoto. Pelo menos não como aquele que, aos 19 anos, conquistou seu primeiro título nacional pelo Bauru, em 2002. Aos 35 anos e após 14 temporadas na NBA, o ala-armador volta ao basquete brasileiro buscando dar o título inédito do NBB ao Franca e esperando o retorno à seleção brasileira.

Esta é sua terceira passagem pela liga nacional. Em 2011, durante o locaute (greve dos patrões) da NBA, fez seis partidas pelo Flamengo e teve média de 19 pontos por jogo. Na temporada 2013/2014, após se recuperar de grave lesão no joelho enquanto ainda jogava pelo Boston Celtics, defendeu o Pinheiros em oito jogos e fez 20,8 pontos por partida.

Neste ano, Leandrinho ainda tenta pegar ritmo de jogo, mas já deu mostras de seu potencial. Em quatro partidas, acumula média de 11,4 pontos -é o terceiro melhor pontuador da equipe. Apesar da idade, ele garante que continua com a mesma velocidade e pontaria de sempre.

"Gosto de treinar, me condicionar e penso que isso ajuda muito a manter a boa forma aos 35 anos. Ainda tenho lenha para queimar", disse o jogador paulistano à Folha.

Com suas atuações no país, Leandrinho também quer mostrar ao técnico croata Aleksandar Petrovic que pode ser útil para a seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2019.

Lesionado e sem time, ele não foi convocado para os primeiros jogos da seleção no torneio classificatório, entre 24 e 27 de novembro. Sua expectativa é ser chamado para os duelos contra Colômbia, em 22 de fevereiro, e Chile, no dia 25. Ambos serão realizados na cidade de Goiânia.

"Servir o meu país sempre foi e sempre será o meu maior prazer. Da minha parte, estou à disposição", disse.

A última vez que o jogador atuou com a camisa da seleção foi na Rio-2016, quando o time brasileiro foi eliminado ainda na fase de grupos.

Leandrinho afirmou que conversou com Petrovic em outubro de 2017, logo após o treinador assumir o time, mas ainda espera por maior contato com o técnico croata.

"Ainda não tivemos tempo de conversarmos com calma. Mas é um cara com conceitos bem definidos, que vem de uma escola muito qualificada. O [Rubén] Magnano deu sua contribuição, agora é a vez do Petrovic."

Em entrevista recente à Folha, o croata se queixou da maneira que os times brasileiros jogam, com muitos jogadores querendo arremessar da linha dos três pontos. Criticado muitas vezes por abusar das bolas de três em momentos decisivos, o ala-armador contemporizou.

"Acho que toda forma inteligente para vencer as partidas deve ser utilizada. O basquete é um jogo muito dinâmico, mas temos que usar a melhor estratégia para chegar aos objetivos", afirmou.

VOLTA PARA CASA

Após curtas passagens pelo país, Franca tem expectativa de contar com Leandrinho por um longo tempo.

O jogador também parece disposto a ficar, ainda que não descarte um retorno para a NBA antes do fim da carreira. Seu último time nos EUA foi o Phoenix Suns, na temporada 2016/2017.

"Sei que as portas lá estão abertas, mas hoje, estou com a cabeça voltada para fazer um bom trabalho pelo Franca. Tudo pode acontecer no esporte, então prefiro focar no presente", afirmou o jogador, que foi campeão da liga americana defendendo o Golden State Warriors na temporada 2014/2015.

Desde 1999, a tradicional equipe do interior paulista não levanta uma taça em campeonatos nacionais. No NBB, foi vice-campeã em 2011. Na atual edição do torneio, ocupa a quarta posição.

"O projeto que foi apresentado me deu confiança e motivação para este novo desafio na minha carreira. Estou muito empolgado. Sempre é preciso respeitar times com história e tradição. Isso não se conquista de um dia para o outro, é fruto de muito trabalho", afirmou.

O clube é comandado por Helinho, 42, que dá seus primeiros passos como técnico. Os dois, inclusive, jogaram juntos na seleção brasileira.

"O Helinho é um cara sensacional. Conhece bem os atletas, a cabeça e o estilo de cada um, e nem preciso dizer o quanto ele entende de basquete", afirmou Leandrinho.

Em mais uma experiência no basquete brasileiro, o jogador vê a liga nacional muito mais organizada, no caminho certo para se firmar como uma das mais importantes do planeta. Em 2018, o NBB completa dez anos.

"Houve um período de altos e baixos, mas acredito que voltamos a uma curva de crescimento. Isso é muito importante para o basquete brasileiro. Sabemos que é preciso ainda muito trabalho para chegar a um nível semelhante a de outros países, mas acredito que estamos no caminho certo", disse.

O atleta evitou falar sobre as polêmicas envolvendo a CBB (Confederação Brasileira de Basquete). No ano passado, a entidade foi suspensa pela Fiba (Federação Internacional de Basquete) por causa de dívidas. Com isso, clubes do país e seleções ficaram impedidos de disputar torneios internacionais.

"Torço para os que estão no comando agora possam realizar um bom trabalho e trazer coisas boas para o nosso basquete", afirmou o jogador do Franca.

RAIO X
Leandro Mateus Barbosa
Nascimento: 28.nov.1982 (35 anos), em São Paulo
Times que defendeu: Palmeiras (1999-2001), Bauru (2001-2003), Phoenix (2003-2010, 2014 e 2016-2017), Toronto (2010-2012), Flamengo (2011), Indiana (2012), Boston (2012-2013), Pinheiros (2013-2014), Golden State (2014-2016) e Franca (atual)
Conquistas: campeão brasileiro (2002), campeão da NBA (2015), bicampeão da Copa América, com a seleção brasileira (2005 e 2009), melhor sexto homem da NBA (2007)

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