Andrés busca unificar Corinthians após eleição e dividir responsabilidades

Presidente quer apoio de sócios e torcedores que votaram em outros candidatos 

Andrés Sanchez durante coletiva de imprensa no CT Joaquim Grava, no Parque Ecológico com telão ao funco com o símbolo do Corinthians
Andrés Sanchez durante coletiva de imprensa no CT Joaquim Grava, no Parque Ecológico - Daniel Vorley/AGIF/Folhapress
Alex Sabino
São Paulo

Após ser eleito presidente do Corinthians no sábado (3), o deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP) prometeu a pessoas próximas que não assumiria mais a bronca dos outros. Quis dizer que não pretender mais ser responsável por todos os problemas que acontecem no clube.

A primeira nomeação foi a de Luis Paulo Rosenberg para comandar o marketing e, mais importante do que isso, renegociar a dívida da arena.

Por ser o principal nome do clube na viabilização do estádio, Sanchez acredita carregar até hoje o peso dos erros cometidos na obra do Itaquerão. Erros que diz não terem sido só dele, e espera que Rosenberg consiga resolver. Sanar a questão da dívida de mais de R$ 1 bilhão com a Caixa é a prioridade.

Andrés Sanchez foi eleito pela força da sua imagem. Personalidade que domina a política do Corinthians nos últimos dez anos. Da mesma forma que aconteceu com Vicente Matheus, Wadih Helu e Alberto Dualib (de quem foi diretor). Mas, paradoxalmente, quer entrar em uma fase paz e amor para tentar pacificar a política interna.

Mesmo quando estava fora do cargo, nos mandatos de Mario Gobbi e Roberto de Andrade, era Andrés a principal força política do Corinthians.

"Somos todos corintianos e o bem do clube está acima de tudo", disse várias vezes durante a campanha.

Ele sabia que seria difícil, e ter ficado 15 minutos trancado no banheiro feminino do Parque São Jorge para evitar agressão de integrantes de torcidas organizadas após a eleição apenas provou isso.

Seus aliados e o próprio Andrés têm passado os últimos dias buscando o diálogo com antigos correligionários que o abandonaram no pleito da semana passada. A busca é por unidade para colar os cacos das dissidências do Renovação e Transparência, seu grupo político.

Em todas as outras quatro chapas de oposição no pleito, havia antigos aliados de Andrés entre os candidatos a presidente ou a vice.

"Eu sempre considerei que o fato de haver tantos candidatos não era por culpa da oposição. Era por culpa da situação. Eles [da Renovação e Transparência] racharam", afirma Antonio Roque Citadini, candidato derrotado a presidente.

O discurso de unidade pode servir porque ele precisa agradar a muita gente. Alcançar antigos correligionários, negociar com integrantes de chapinhas que vão compor o conselho deliberativo e satisfazer amigos de longa data. A Folha apurou que nem todos estão contentes com o rumo das conversas para compor a diretoria até agora.

Entre os nomes escolhidos, ele anunciou velhos conhecidos, como Duílio Monteiro Alves para o Futebol e Rosenberg para o marketing.

Sanchez vai precisar de apoio porque, entre os candidatos a presidente, era o mais simpático à Odebrecht, que construiu a arena. Relatório elaborado pelo Conselho Deliberativo apontou problemas no Itaquerão e obras incompletas ou que precisam ser refeitas. Foi considerada a possibilidade de acionar a construtora na Justiça.

Andrés Sanchez descarta isso e, sem entrar em detalhes, diz que a questão será resolvida rapidamente. Sem a maioria esmagadora no conselho, ele será cobrado se isso não acontecer.

"Ele tem que renunciar. O Andrés não pode ser presidente do Corinthians. Ele não tem condições legais para isso", diz o conselheiro Romeu Tuma Júnior, candidato de oposição que teve o discurso mais agressivo contra o vencedor e o menos votado.

Tuma Júnior tentou barrar na Justiça a candidatura do novo presidente porque, como deputado federal, teoricamente não poderia também comandar o Corinthians. Sanchez disse que na próxima semana, após o Carnaval, vai se licenciar do mandato.

Não está claro se tentará se reeleger para o Câmara nas eleições de outubro deste ano. Ele descarta com veemência, mas há o temor no clube de que seja investigado na Operação Lava Jato. Neste caso, vai precisar de todo apoio que puder conseguir.

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