O lado financeiro pesou e a implementação do árbitro de vídeo na Série A do Campeonato Brasileiro não foi aprovada pela maioria dos clubes que disputarão a edição deste ano da competição.
A decisão foi tomada após uma reunião entre os representantes das 20 equipes e da CBF nesta segunda-feira (5), na sede da entidade, no Rio.
No encontro, a entidade que comanda o futebol brasileiro fez uma apresentação da tecnologia e mostrou aos dirigentes dos clubes que o valor para a implementação do sistema seria de aproximadamente R$ 1 milhão por ano para cada time.
A Folha apurou com pessoa que estiveram na reunião que a CBF disse que não assumiria os custos pois não recebe recursos do torneio.
A entidade diz estar preparada apenas para operá-lo.
"Foi uma discussão que durou mais de uma hora e o lado financeiro realmente pesou para que não aprovássemos a utilização do árbitro de vídeo no Brasileiro. Ainda apresentei uma proposta para que a CBF arcasse com pelo menos uma parte, mas não vingou", disse o vice-presidente do Atlético-MG, Lásaro da Cunha, um dos 12 clubes que votaram contra a implementação da tecnologia.
"Temos outras carências grandes no futebol brasileiro como a diminuição do público. Não podemos onerar ainda mais o campeonato", continuou o dirigente.
América-MG, Atlético-PR Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Paraná, Santos, Sport, Vasco e Vitória foram os outros times contrários.
Já Bahia, Botafogo, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras foram favoráveis à implementação no segundo turno do Brasileiro —os clubes nem chegaram a votar o uso da tecnologia no campeonato inteiro.
A única equipe que não participou da votação foi o São Paulo. O presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, deixou o encontro antes do término.
Com a decisão, o Brasil é o único entre os seis países autorizados pela Fifa para ser pioneiro na implementação do árbitro de vídeo no futebol que não conseguiu ainda colocar o uso da tecnologia em prática. Em junho de 2016, a entidade que controla o futebol mundial deu aval para as ligas da Austrália, Alemanha, Portugal, Holanda e EUA.
No ano passado, Marco Polo Del Nero, então presidente da CBF, ordenou que a tecnologia fosse implementada imediatamente após um gol de mão marcado pelo atacante Jô na vitória do Corinthians sobre o Vasco por 1 a 0, pelo Campeonato Brasileiro.
A entidade chegou até a convocar 64 árbitros para treinamentos com a tecnologia em Águas de Lindoia (SP).
De acordo com a CBF, problemas técnicos foram a principal dificuldade para a aquisição de um equipamento que possibilitasse o replay imediato, tanto para a transmissão de TV quanto para a central do árbitro de vídeo. O aparelho não existe no país.
A entidade também temia não conseguir implantar o sistema com a mesma eficiência nos dez jogos por rodada da Série A do Brasileiro.
Por outro lado, na reunião desta segunda, foi aprovado o uso do árbitro de vídeo na Copa do Brasil a partir da fase de quartas de final.
Na competição mata-mata, o sistema será bancado integralmente pela CBF.
Por conseguir captar recursos com a disputa da Copa do Brasil, a CBF entendeu que, nesse caso, poderia arcar com os custos da implementação e operação da tecnologia.
OUTRAS DECISÕES
O Conselho Técnico aprovou também outras duas mudanças importantes no regulamento do Campeonato Brasileiro deste ano.
A utilização de gramados sintéticos, como da Arena da Baixada estádio do Atlético-PR, está liberada.
Uma votação, realizada no ano passado, havia proibido a utilização de gramados artificiais a partir da edição deste ano do Nacional.
Na época, a sugestão do veto foi de Eurico Miranda, então presidente do Vasco, e apoiada por outros 14 times.
A venda de mando de jogos para fora do Estado de origem do clube também foi aprovada, mas com restrição.
Os clubes são liberados a negociar apenas cinco mandos durante todo o campeonato; todos eles antes das cinco últimas partidas como mandantes na competição.
No campeonato do ano passado, nenhum time pôde mandar jogos fora do Estado.
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