Descrição de chapéu campeonato brasileiro

Clubes reprovam árbitro de vídeo no Brasileiro

Das 20 equipes da Série A, 12 votaram contra por questões financeiras

Árbitros escolhidos pela CBF fazem treinamento em Águas de Lindóia - Bruno Santos/ Folhapress
Luiz Cosenzo
São Paulo

O lado financeiro pesou e a implementação do árbitro de vídeo na Série A do Campeonato Brasileiro não foi aprovada pela maioria dos clubes que disputarão a edição deste ano da competição.

A decisão foi tomada após uma reunião entre os representantes das 20 equipes e da CBF nesta segunda-feira (5), na sede da entidade, no Rio.

No encontro, a entidade que comanda o futebol brasileiro fez uma apresentação da tecnologia e mostrou aos dirigentes dos clubes que o valor para a implementação do sistema seria de aproximadamente R$ 1 milhão por ano para cada time.

A Folha apurou com pessoa que estiveram na reunião que a CBF disse que não assumiria os custos pois não recebe recursos do torneio.

A entidade diz estar preparada apenas para operá-lo.

"Foi uma discussão que durou mais de uma hora e o lado financeiro realmente pesou para que não aprovássemos a utilização do árbitro de vídeo no Brasileiro. Ainda apresentei uma proposta para que a CBF arcasse com pelo menos uma parte, mas não vingou", disse o vice-presidente do Atlético-MG, Lásaro da Cunha, um dos 12 clubes que votaram contra a implementação da tecnologia.

"Temos outras carências grandes no futebol brasileiro como a diminuição do público. Não podemos onerar ainda mais o campeonato", continuou o dirigente.

América-MG, Atlético-PR Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Paraná, Santos, Sport, Vasco e Vitória foram os outros times contrários.

Já Bahia, Botafogo, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras foram favoráveis à implementação no segundo turno do Brasileiro —os clubes nem chegaram a votar o uso da tecnologia no campeonato inteiro.

A única equipe que não participou da votação foi o São Paulo. O presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, deixou o encontro antes do término.

Com a decisão, o Brasil é o único entre os seis países autorizados pela Fifa para ser pioneiro na implementação do árbitro de vídeo no futebol que não conseguiu ainda colocar o uso da tecnologia em prática. Em junho de 2016, a entidade que controla o futebol mundial deu aval para as ligas da Austrália, Alemanha, Portugal, Holanda e EUA.

No ano passado, Marco Polo Del Nero, então presidente da CBF, ordenou que a tecnologia fosse implementada imediatamente após um gol de mão marcado pelo atacante Jô na vitória do Corinthians sobre o Vasco por 1 a 0, pelo Campeonato Brasileiro.

A entidade chegou até a convocar 64 árbitros para treinamentos com a tecnologia em Águas de Lindoia (SP).

De acordo com a CBF, problemas técnicos foram a principal dificuldade para a aquisição de um equipamento que possibilitasse o replay imediato, tanto para a transmissão de TV quanto para a central do árbitro de vídeo. O aparelho não existe no país.

A entidade também temia não conseguir implantar o sistema com a mesma eficiência nos dez jogos por rodada da Série A do Brasileiro.

Por outro lado, na reunião desta segunda, foi aprovado o uso do árbitro de vídeo na Copa do Brasil a partir da fase de quartas de final.

Na competição mata-mata, o sistema será bancado integralmente pela CBF.

Por conseguir captar recursos com a disputa da Copa do Brasil, a CBF entendeu que, nesse caso, poderia arcar com os custos da implementação e operação da tecnologia.

OUTRAS DECISÕES

O Conselho Técnico aprovou também outras duas mudanças importantes no regulamento do Campeonato Brasileiro deste ano.

A utilização de gramados sintéticos, como da Arena da Baixada estádio do Atlético-PR, está liberada.

Uma votação, realizada no ano passado, havia proibido a utilização de gramados artificiais a partir da edição deste ano do Nacional.

Na época, a sugestão do veto foi de Eurico Miranda, então presidente do Vasco, e apoiada por outros 14 times.

A venda de mando de jogos para fora do Estado de origem do clube também foi aprovada, mas com restrição.

Os clubes são liberados a negociar apenas cinco mandos durante todo o campeonato; todos eles antes das cinco últimas partidas como mandantes na competição.

No campeonato do ano passado, nenhum time pôde mandar jogos fora do Estado.

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