Ricos e poderosos, clubes ingleses tentam domínio europeu

Inglaterra tem elencos valiosos, mas não fatura Liga dos Campeões há 5 anos

Equipe do Chelsea treina antes do duelo contra o Barcelona, em Londres
Equipe do Chelsea treina antes do duelo contra o Barcelona, em Londres - Adrian Dennis/AFP
Eduardo Geraque
São Paulo

O fato de cinco equipes estarem nas oitavas de final da Liga dos Campeões é um recorde para o futebol da Inglaterra. Feito que pode tornar-se ainda mais histórico se as campanhas dos ricos e poderosos clubes ingleses continuarem vitoriosas.

Pelos resultados das partidas de ida na semana passada, o Manchester City, que goleou o Basel, na Suíça, por 4 a 0, e o Liverpool, que massacrou o Porto, jogando em Portugal, por 5 a 0, apenas ficarão fora das quartas de final se forem goleados.

Resta saber o que Tottenham (empate de 2 a 2 no jogo de ida com a Juventus) e Manchester United (enfrenta o Sevilla nesta quarta (21) farão. O duelo mais difícil é o do Chelsea, que enfrenta nesta terça-feira (20) o Barcelona (veja mais ao lado).

"Agora, eu me sinto como um inglês. Sou parte desta liga [inglesa]", afirmou Pep Guardiola, treinador espanhol do Manchester City, ao comentar os bons resultados dos times do país na atual Liga dos Campeões.

"Vamos ver se agora, ou no futuro, daqui a quatro ou cinco anos, nós teremos vários ingleses nas fases finais da competição", disse o treinador, com boas passagens pelo Barcelona e Bayern.

Corroborar ou não a pro jeção de Guardiola é uma das principais incógnitas que envolvem o futebol europeu.

Todos os cinco times ingleses, que terminaram a fase de grupos na primeira colocação em suas chaves, estão entre os dez mais ricos do continente. De acordo como site Transfermarkt, especializado em avaliação do valor de jogadores, o City tem o terceiro elenco mais valioso da Liga dos Campeões, atrás apenas de Barcelona e Real Madrid.

Apesar do sucesso na temporada atual, desde 2012 um time inglês não ganha a competição mais importante de clubes da Europa. Apenas o Chelsea --ao lado do Bayern de Munique-- conseguiu quebrar a recente hegemonia da dupla Barcelona e Real Madrid no continente europeu.

Os espanhóis ficaram com cinco dos últimos sete títulos. E ainda estão com boas chances na atual competição.

O Real, em casa, ganhou por 3 a 1 do PSG na partida de ida das oitavas de final. Além de Barcelona e Chelsea, que farão o primeiro jogo, Bayern e Besiktas também se enfrentam nesta terça-feira (20).

Desde o título do Chelsea, apenas dois ingleses voltaram a frequentar as semifinais da Liga dos Campeões. Nas duas vezes, os times do futebol inglês caíram para representantes da Espanha.

Na temporada 2013/2014, o Chelsea perdeu para o Atlético de Madri, que seria o vice-campeão na final espanhola com o Real Madrid.

Em 2015/2016, o Manchester City parou diante do Real, que mais uma vez ganharia o título da Europa sobre o rival Atlético de Madri.


Mas com tanto dinheiro, e a formação de times recheados de jogadores de alto nível, por que os times ingleses não estão ganhando títulos europeus em profusão?

O quase sempre equilibrado Campeonato Inglês é apontado como uma das causas do fracasso dos times do país em competições internacionais. Mesmo na atual Liga da Europa, apesar do Manchester United ser o atual campeão, foram apenas dois títulos ingleses nas últimas oito edições do torneio.

A tese é de que enquanto Real Madrid e Barcelona, ao lado do Bayern, têm tarefas mais fáceis no âmbito doméstico, na Inglaterra, as disputas por título, por vagas nas competições internacionais e contra o rebaixamento são mais dramáticas.

Entre 1976 e 1982 foram seis títulos europeus seguidos para times ingleses. Marca histórica difícil de ser batida mesmo com a riqueza atual.


RIVALIDADE RECENTE

Na recente rivalidade europeia entre Chelsea e Barcelona, que começou no ano 2000, o time da Catalunha tem um retrospecto negativo diante da agremiação londrina.


A 13ª partida entre os dois campeões europeus, nesta terça (20), é válida pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.

Nas 12 partidas até hoje em quase 18 anos, o Chelsea, que atua em casa nesta terça, ganhou quatro vezes. O Barcelona saiu vitorioso em três.

As demais cinco partidas terminaram empatadas. E os dois times marcaram 18 gols cada um.

Nos cinco confrontos em fases de mata-mata, o time espanhol avançou em três. Porém, perdeu o último duelo com o Chelsea, na semifinal de 2012, quando os ingleses venceram a competição ao derrotar o Bayern.

Apesar de respeitar os números, o técnico do Chelsea, Antonio Conte, prefere olhar o presente e aliviar a pressão sobre o seu elenco.

"No papel, começamos estes dois jogos com um favorito: o Barcelona", afirmou o treinador italiano nesta segunda-feira (19), em Londres.

O treinador do time inglês não fez mistérios sobre como os seus comandados vão atuar, mesmo diante da sua torcida.

"Temos que sofrer quando não tivermos a bola. Mas não podemos perder a cabeça. E quando tivermos a posse vamos fazer aquilo que sabemos", disse Conte.

Do lado do Barcelona, o discurso do treinador Ernesto Valverde foi baseado no respeito ao técnico do Chelsea, "que por ter um excelente currículo sempre sabe o que faz", mas também nos embates recentes das equipes.

"A história conta. É positivo existir uma pequena rivalidade, porque isso alimenta ainda mais nossas expectativas", completou o técnico.

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