Suspeita de doping choca atletas de curling nos Jogos de Inverno

Medalhista russo nas duplas mistas testou positivo para meldonium em exame

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O russo Alexander Krushelnitski disputa uma prova de curling de duplas mistas em PyeongChang
O russo Alexander Krushelnitski disputa uma prova de curling de duplas mistas em PyeongChang - Cathal McNaughton/Reuters
Scott Cacciola
Gangneung (Coreia do Sul) | The New York Times

Victoria Moiseeva estava envolvida em uma partida decisiva, mas na manhã da segunda-feira (19) não conseguia tirar da cabeça o escândalo que está abalando o Centro de Curling de Gangneung. Foi a primeira vez em sua vida, ela afirmou, que não conseguiu se concentrar no jogo.

“É uma catástrofe”, disse.

Moiseeva, a capitã da equipe feminina russa de curling, se referia aos possíveis efeitos da reprovação de um colega de equipe no exame antidoping dos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang.

Ela e outros russos estavam preocupados com as possíveis consequências. “Pensar nisso é apavorante.”

O atleta Alexander Krushelnitski  foi o primeiro russo a ser investigado na Olimpíada de 2018 pelo uso de uma substância proibida, o que coloca em risco a medalha de bronze que ele conquistou na semana passada, na competição de duplas mistas do curling. O incidente também complica os esforços da Rússia para reabilitar sua imagem depois do imenso esquema de doping organizado pelo Estado em Sochi-2014.

O caso de Krushelnitski tem alta visibilidade porque ele joga curling, ou seja, lança pedras de granito por uma pista de gelo e varre à frente delas para abrir caminho. Foram raras as violações do antidoping no esporte.

Krushelnitski foi apanhado em um teste de urina rotineiro, que apontou para traços de meldonium (midronato) em seu sistema. O uso do remédio, um medicamento cardíaco que aumenta o fluxo de sangue e está proibido na maioria dos esportes desde 2016, já levou outros atletas russos a serem apanhados em testes antidoping.

Krushelnitski, que partiu da Vila Olímpica para Seul, onde aguarda os resultados do teste final, não participa das competições por equipe.

Sergei Belanov, técnico do time feminino de curling  russo, expressou apoio ao atleta. “Ele não é estúpido.”

O remédio aumenta a resistência e poderia ser útil no curling ao dar mais energia ao atleta, que precisa manter precisão na ordem de centímetros em seus lançamentos. 

“É como qualquer esporte.  Você precisa de força”, disse a americana Nina Roth, após um jogo da sua equipe.

A Rússia foi excluída da Olimpíada em dezembro. O COI, no entanto, liberou mais de 160 russos para competir em PyeongChang de forma neutra, sob o nome “Atletas Olímpicos da Rússia” e usando a bandeira olímpica.

Moiseeva, cuja equipe perdeu para a Suíça na manhã de segunda, afirmou ter pensado em contatar o atleta, mas decidiu não fazê-lo. 

“É impossível crer que alguém possa fazer algo assim e dormir tranquilo à noite, depois de arruinar não só a própria vida, mas a de muitas outras pessoas”, disse.

O curling é conhecido por seus padrões rigorosos em termos de cortesia e fair play. Adversários costumam sair juntos para uma cerveja após disputarem um torneio.

Mesmo antes do doping, o curling já havia causado controvérsia em PyeongChang.

Rachel Homan, capitã do time canadense, violou a etiqueta ao pedir a retirada de uma pedra quando uma rival dinamarquesa tocou nela por acidente com a vassoura. 

No domingo (19), Eve Muirhead, capitã britânica, teve o lançamento final anulado porque uma luz se acendeu em sua pedra, indicando que ela não a teria soltado em tempo. Replays mostraram que ela não cometeu falta.

De qualquer forma, o maior escândalo estava por vir. 

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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