O governo brasileiro já usou a chamada diplomacia da bola, por exemplo o envio de técnicos para outros países, como um trunfo nas relações externas.
"A maioria dos profissionais do esporte faz muito sucesso no exterior e ajuda a projetar uma imagem positiva do Brasil, aumentando nosso 'softpower'", afirma Vera Cíntia Álvarez, embaixadora responsável pela cooperação esportiva.
Essa estratégia diplomática é adotada pelo menos desde 1967, quando Carlos Alberto Parreira, na época com 24 anos, foi convidado a treinar a seleção de Gana após o Itamaraty ter recebido do país africano pedido por um treinador do Brasil.
O mesmo aconteceu com René Simões nos anos 1990.
De acordo com ele, os jamaicanos aproveitaram que o Brasil oferecia em 1994 diversos programas de cooperação técnica a países do Caribe, como na agricultura, e correram para buscar ajuda no futebol.
René, que já havia estado no país em 1989 com a seleção brasileira sub-20, diz ter sido convencido pela diplomacia da bola. Segundo ele, o Itamaraty se comprometeu a pagar três meses do seu salário.
O Ministério das Relações Exteriores diz que a agência de cooperação é proibida por lei de pagar salários nesses casos. "Ele recebeu diárias e ajuda de custo como cooperante por 90 dias", declarou a pasta.
Álvarez afirma que o Itamaraty ainda recebe pedidos por treinadores e que atualmente há conversas com as Ilhas Salomão. A contratação, porém, ocorre na esfera privada, restando ao governo dar orientações a esses profissionais.
"Queremos ajudar, mas não podemos pagar coisas que não são pagáveis e meter um brasileiro numa roubada, sem que haja certeza de que ele estará com um bom salário", diz.
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