Em amistosos, Tite variou esquemas táticos de acordo com rivais

Técnico pode usar dois ou três volantes, como contra a Rússia e Alemanha

O técnico Tite durante o amistoso entre a seleção brasileira e a Alemanha
O técnico Tite durante o amistoso entre a seleção brasileira e a Alemanha - Markus Schreiber - 27.mar.2018/Associated Press
São Paulo

A 80 dias da estreia na Copa do Mundo, a seleção brasileira não só mostrou que tem uma equipe consolidada como também apresentou variações de estilo de jogo. 

Contra Rússia e Alemanha, últimos amistosos antes da convocação para o Mundial, Tite testou duas opções táticas que podem ser utilizadas dependendo do estilo de jogo dos adversários do Brasil.

Diante dos anfitriões da Copa do Mundo, o treinador optou por uma escalação com jogadores de característica mais ofensiva, que poderia funcionar melhor contra adversários que se fecham na defesa. Caso dos primeiros rivais do Brasil na Copa: Suíça, Costa Rica e Sérvia.

Nessa formação, ele escalou Philippe Coutinho como armador, no meio, no lugar de Renato Augusto, e manteve dois jogadores velozes atacando pelos lados: Willian, na direita, e Douglas Costa, que fez a função que deve ser de Neymar, pela esquerda.

A intenção do treinador era fazer um ataque capaz de se infiltrar —com habilidade ou velocidade— nas linhas de marcação do adversário.

Isso pôde ser visto principalmente no segundo tempo da partida contra os russos, quando a equipe construiu a goleada por 3 a 0, após uma etapa inicial monótona.

Independentemente da escalação, a seleção mantém o esquema de jogo 4-1-4-1, com alternâncias para o 4-2-3-1.

Com Renato Augusto, o time tem uma dinâmica mais cadenciada. Foi esse o estilo de jogo mostrado no amistoso contra a Inglaterra, realizado em novembro.

Naquela ocasião, a linha defensiva inglesa travou o ataque da seleção brasileira e o jogo terminou empatado em 0 a 0. Na oportunidade, o Brasil forçou o jogo pelas laterais e houve poucas infiltrações dos meias na área.

A Inglaterra foi o primeiro adversário europeu enfrentado por Tite desde que o técnico assumiu a seleção, em junho de 2016. Até então, havia jogado contra países asiáticos (Japão), da Oceania (Austrália) e da América do Sul.

Tite ainda terá mais dois amistosos até a estreia na Copa do Mundo: diante da Croácia, no dia 3 de junho, e contra a Áustria, no dia 10. Os rivais também possuem estilo de jogo parecido ao dos adversários do Brasil na primeira fase do Mundial da Rússia.

“Sempre levamos em conta o estilo ou o sistema de jogo dos nossos adversários da Copa para tentar encontrar similares. A Croácia é extremamente interessante, do ponto de vista do sistema tático e dos atletas. E a Áustria jogou nas eliminatórias com uma linha de cinco bastante rígida. Acreditamos que vamos encontrar isso na Copa do Mundo”, disse Edu Gaspar, coordenador de seleções da CBF, na semana passada.

CONSERVADOR

Outra faceta da seleção brasileira foi testada na vitória por 1 a 0 sobre a Alemanha, na última terça (27).

Tite colocou em campo uma formação mais conservadora, mas que não deixou de atacar os atuais campeões mundiais. A única diferença foi a entrada do volante Fernandinho, que formou um trio de meio-campistas com Casemiro e Paulinho.

O Brasil subiu a marcação pressionando a saída de bola do adversário e conseguiu criar boas oportunidades quando recuperava a bola. Na etapa complementar, recuou e sofreu pressão no final, mas evitou o gol de empate.

“A agressividade na saída de bola adversária foi impressionante, com os homens de frente, os alas e articuladores. Isso me impressionou. No intervalo, tivemos cuidado para não ter desgaste”, avaliou o treinador após o jogo.

Essa formação deverá ser utilizada quando o Brasil enfrentar adversários mais fortes e que também proponham o jogo e não possuem características apenas defensivas.

Antes dos dois amistosos, o padrão da seleção brasileira era usar o 4-1-4-1 com Renato Augusto —na maioria das vezes pela esquerda.

O meio-campista do Beijing Guoan, da China, foi titular em jogos contra a Argentina e Uruguai durante a campanha das eliminatórias.

Porém, é perceptível uma queda de rendimento do jogador desde o ano passado. Neste ano, por exemplo, fez apenas três partidas pelo seu clube, já que o Campeonato Chinês começou neste mês.

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