Medalhista olímpica processa Comitê dos EUA e federação por abusos

Aly Raisman disse que as entidades foram negligentes no caso do médico Larry Nassar

A ginasta Aly Raisman, de cabelo preso e roupa rosa, fala ao microfone ao prestar depoimento contra o médico Larry Nassar, condenado por cometer abusos sexuais contra mais de 200 atletas
A ginasta Aly Raisman presta depoimento contra o médico Larry Nassar, condenado por cometer abusos sexuais contra mais de 200 atletas - Dale G. Young/Detroit News via Associated Press
São Paulo | Reuters

A ginasta americana Aly Raisman está processando o Comitê Olímpico dos Estados Unidos e a Federação de Ginástica do país por conta dos abusos sexuais cometidos pelo médico Larry Nassar contra ao menos 265 atletas, entre elas menores de idade. Ela afirma que as entidades sabiam ou deveriam saber das violações perpetradas por Nassar.

Raisman formalizou o processo em uma corte estatal no condado de Santa Clara, na Califórnia, na quarta-feira (28). As reparações exigidas pela ginasta não foram reveladas.

Vencedora de três medalhas olímpicas de ouro, a atleta disse em novembro que foi abusada por Nassar. Ela esteve entre as quase 200 ginastas que testemunharam nos julgamentos que levaram à condenação do ex-médico da Federação de Ginástica.

Nassar se declarou culpado no ano passado por ter molestado atletas durante 20 anos. Ele cometia os abusos dizendo que estava realizando procedimentos médicos.

Em janeiro e fevereiro, o médico recebeu em Michigan duas condenações à prisão. As sentenças foram de 40 a 125 anos de prisão e 40 a 175 anos de prisão. Ele também cumpre uma pena de 60 anos por ter sido flagrado com material pornográfico de crianças.

Raisman também implicou como réus os dirigentes que chefiaram a Federação de Ginástica na época dos abusos. "Até hoje, Aly Raisman sofre de depressão, ansiedade e medo decorrentes dos abusos que foram cometidos pelo réu Nassar, os quais ainda afetam sua vida", diz o processo.

O Comitê Olímpico dos EUA e os advogados de Raisman não responderam aos pedidos para comentar o caso. A Federação de Ginástica afirmou que não se manifestaria sobre o assunto.

O escândalo envolvendo Nassar provocou a renúncia de toda a diretoria da Federação de Ginástica, assim como da presidente e do diretor esportivo da Universidade Estadual de Michigan, onde o médico também trabalhava.

MUDANÇAS URGENTES

Em um comunicado reproduzido pela NBC News, Raisman diz que se nega a esperar que as entidades que processou tomem uma atitude acertada. "É minha esperança que um processo judicial irá colocá-los como responsáveis e permitirá a mudança que precisamos desesperadamente", disse.

O Comitê Olímpico dos EUA tem enfrentado críticas relacionadas ao caso há meses. Na quarta (28), o CEO da entidade, Scott Blackmun, renunciou ao posto por conta de um câncer de próstata. Larry Probst, que preside o conselho do comitê, declarou que o escândalo teve influência no pedido de demissão.

Para Raisman, as entidades esportivas se negam a conduzir uma investigação completa sobre o caso de Nassar. "Sem um entendimento sólido de como isso aconteceu, é uma ilusão acreditar que as mudanças suficientes serão implementadas."

Em fevereiro, Probst admitiu que o comitê falhou com as centenas de ginastas que sofreram violações sexuais cometidas por Nassar.

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