Para ter mais renda, Santos volta ao Pacaembu contra o Corinthians

Decisão de fazer clássicos na capital não é unânime no clube, mas é promessa do presidente

Muitos torcedores do Santos ocupam as arquibancadas do tobogã, atrás de um dos gols do estádio do Pacaembu durante treino da equipe em janeiro
Torcida do Santos, preenchendo quase todo o Pacaembu, durante treino da equipe - Ivan Storti - 27.jan.2018/Santos FC
Klaus Richmond
Santos (SP)

O Santos volta ao Pacaembu neste domingo (4), às 17h, diante do Corinthians, pela 10ª rodada do Campeonato Paulista cercado pela polêmica. A atípica escolha santista de mandar o clássico na capital acendeu nos bastidores uma antiga briga de opiniões entre alas políticas e números pouco animadores.  

A opção da diretoria põe em prática uma das principais promessas de campanha do presidente José Carlos Peres: igualar o número de jogos entre São Paulo e Santos.

Politicamente, o Santos trava há anos uma queda de braço de defensores de que o clube tem mais vantagens jogando na Vila Belmiro, principalmente em clássicos, contra os que pedem por um time menos enraizado no litoral, para ter melhores rendas.

Diante do rival, este será o 4º jogo como mandante em São Paulo no século. O último foi empate por 0 a 0 em 3 de março de 2013, no Morumbi. Mas não foi uma escolha do clube, como ocorre agora.

Na ocasião, o Santos optou pelo estádio devido a suspensão da Vila Belmiro após moedas serem atiradas no então meia do São Paulo Paulo Henrique Ganso, que havia deixado o clube em 2012.

Fora isso, o time jogou outras duas vezes como mandante contra o rival na capital. Na primeira final do Brasileiro de 2002, vitória por 2 a 0, e no decisivo jogo da semifinal do Paulista, no ano anterior. Ambos no estádio do São Paulo. 

A polêmica decisão de jogar um clássico com o rival fora da Vila também é acompanhada do retrospecto ruim. Segundo dados históricos do “Almanaque do Timão”, desde o fim da era Pelé, em 1974, o Santos mandou 31 jogos na capital e só venceu três vezes o Corinthians. Foram 11 derrotas e 17 empates, apenas 21,5% de aproveitamento dos pontos disputados.

“Essa escolha beneficia o Corinthians. Fica um campo neutro e também é um lugar que o Corinthians já jogou esse ano. Na Vila o Santos sempre foi mais forte, exerce mais pressão”, disse à Folha o ex-atacante Tupãzinho.

Foi ele o autor de um dos gols do último encontro com o Santos como mandante no Pacaembu, vencido por 2 a 1 pelo Corinthians, em 16 de novembro de 1994.

A era Pelé, de 1956 a 1974, é o contraste. Mesmo longe da Vila como mandante, foram dez vitórias em 20 jogos, sete empates e três derrotas. Os jogos aconteceram no Morumbi e no Pacaembu.

“Éramos um time diferenciado e acostumado a excursões, a jogar em diversos estádios pelo mundo. Eles sempre entravam preocupados com o tabu [o Corinthians ficou 11 anos sem ganhar do Santos pelo Paulista], isso atrapalhava. E o Pelé parecia que jogava mais”, diz o ex-atacante santista Pepe.

O Santos ostentava até o fim de 2017 histórica invencibilidade no Pacaembu construída entre 2014 e 2017. Foram 25 partidas sem perder, com 22 vitórias e três empates. Acabou na derrota por 2 a 1 para o São Paulo, pela 31ª rodada do Brasileiro.

Na Vila, o Santos patinou nos clássicos no ano passado e teve um dos piores desempenhos recentes da história. Venceu 17, perdeu sete e empatou uma de 27 jogos.

RENDA

Em relação à Vila, o Santos vai ganhar na renda. Segundo a parcial divulgada pelo clube, 34 mil dos 39 mil ingressos foram vendidos. A capacidade atual do estádio na Baixada é de 16 mil pagantes. 

O número já ultrapassa a soma dos públicos nos três jogos até agora na Vila, que totalizam 18.360. O Santos enfrentou Bragantino, São Caetano e Santo André no local.

As arrecadações também não agradaram. A melhor, contra o Bragantino, rendeu R$ 113.615,74, enquanto a pior, diante do São Caetano, modestos R$ 5.673,84.

No Pacaembu, o Santos levou 13.609 de público para o empate por 1 a 1 contra o Ituano, pela 4ª rodada. A renda líquida foi de R$ 62.156,85.

A expectativa da atual diretoria é impulsionar a bilheteria. O clássico foi somente a primeira medida. Os jogos da fase de grupos da Libertadores, competição com principal potencial de público, acontecerão em São Paulo.

Em campo, a equipe precisa corresponder e contrariar o retrospecto ruim para mostrar que o Pacaembu também pode ser a casa santista.

TITULARES

Santos e Corinthians têm em comum o cansaço por longas viagens nas estreias pela Libertadores como problema a ser superado no clássico. 

A equipe do técnico Jair Ventura, que perdeu  por 2 a 0 para o Real Garcilaso (PER), na altitude de 3400 m, tem um dia de desvantagem. Os santistas retornaram na noite de sexta-feira (2). 

O maior problema será a ausência do atacante Gabriel, principal referência técnica da equipe e autor de quatro gols em cinco partidas desde o retorno da Europa.

Ele cumpre suspensão por ter tomado o 3º cartão amarelo na vitória por 2 a 0 diante do Santo André, no domingo (25), na Vila Belmiro, ao prosseguir com uma jogada de ataque após a marcação de um impedimento.

Arthur Gomes, substituto mais utilizado pelo treinador, é o mais cotado para a vaga. 

O Corinthians, voltou de Bogotá, na Colômbia, onde empatou em 0 a 0 com o Millonarios.

A equipe do técnico Fabio Carille também terá poucas alterações. A principal será a volta do meia Rodriguinho, que cumpriu suspensão na Libertadores. Ele entra na vaga de Matheus Vital.

Rodriguinho foi nome de destaque na vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, no sábado (24). 

Carille ainda busca o acerto do time no novo esquema tático, sem um jogador de referência no ataque. Papel que era de Jô em 2017, vendido para o Japão. O volante Maycon deverá ser mantido na lateral esquerda.

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