Por dinheiro, clubes pequenos cedem arquibancada a rivais

Bragantino e São Caetano abriram mão de ter maioria da torcida no jogo de ida das quartas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

 

Vista panorâmica do Estádio do Pacaembu com as arquibancadas vazias
Vista panorâmica do Estádio do Pacaembu, onde o Corinthians, apesar de visitante, vai ter mais torcida que o Bragantino pelas quartas de final do Paulista - Robson Ventura/Folhapress

 

São Paulo

Apesar de serem visitantes nos jogos de ida das quartas de final do Paulista, Corinthians e São Paulo se sentirão praticamente em casa nos duelos contra Bragantino e São Caetano, respectivamente. 

De olho mais no dinheiro do que no aspecto esportivo, o time de Bragança Paulista o do ABC vão ceder mais de 80% dos ingressos dos seus estádios para os torcedores dos seus adversários.

O Bragantino, inclusive, abriu mão do mando de campo. Ao invés de utilizar o estádio Nabi Abi Chedid, com capacidade para 15.912 pessoas, o time de Bragança Paulista vai jogar no Pacaembu, antiga casa corintiana.

Dos 35 mil ingressos colocados à venda, apenas 6% serão destinados a sua própria torcida, que ficará no setor de visitantes do estádio. Para tentar levar seu torcedor, o Bragantino colocou ônibus à disposição dos interessados.

Os corintianos ainda possuem o privilégio de adquirir as entradas (de R$ 50 a R$ 120) por meio do seu programa de sócio-torcedor. 

“Temos que ver o equilíbrio financeiro do clube”, disse o presidente do Bragantino, Marquinhos Chedid.

Ele vê atualmente os clubes do interior como uma “segunda opção de preferência dos torcedores, ao contrário do que ocorria nas décadas de 1980 e 1990. “Isso é fruto do curto tempo de duração dos Estaduais”, afirmou.

Sem contar o duelo contra o Palmeiras, o Bragantino teve uma média de 2.090 pagantes nos jogos contra os pequenos feitos em casa.

A decisão de jogar no Pacaembu gerou discussão no conselho arbitral entre o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, e o mandatário corintiano, Andrés Sanchez.

“O que coloquei, embora esteja no regulamento, é que isso gera uma distorção esportiva”, afirmou o presidente do time alviverde. 

Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, afirmou estar aberto à mudança no regulamento para as próximas edições do Paulista. No Brasileiro, houve uma tentativa de limitar a inversão do mando de campo. As equipes não podem levar mais de cinco jogos para outros estados.

Em 2017, no mata-mata do Paulista, o Linense atuou duas vezes no Morumbi contra o São Paulo, com renda dividida. O clube de Lins faturou no total R$ 268 mil, segundo o borderô financeiro do jogo. 
Bragantino e Corinthians não dividirão a arrecadação.

O São Caetano não vai mandar o jogo em outra cidade, mas sua torcida ficará no setor de visitante do estádio Anacleto Campanella. 

A parte coberta do local será dividida. Assim, a torcida da casa terá direito a 2.000 entradas, de um total de 10 mil. O clube do ABC teve média de 1.690 pagantes nos jogos da primeira fase em casa.

 

MINHA CASA

Apesar de contarem com os duelos contra os grandes para aumentarem suas rendas, Novorizontino e Botafogo-SP devem manter suas torcidas nos lugares mais nobres dos seus estádios. Eles enfrentam, respectivamente, Palmeiras e Santos.

A equipe de Novo Horizonte disponibilizou 3.100 entradas das 11 mil colocadas à venda para os palmeirenses.

“Apesar de ser importante, futebol não se faz apenas com dinheiro. Se eu mudasse o jogo para outro local estaria sendo ingrato com os meus torcedores e apoiadores”, disse o presidente do clube, Genilson da Rocha Santos.

No estádio Santa Cruz, o Botafogo promete ceder apenas 25% do espaço aos santistas. A expectativa de público, no entanto, é de no máximo 12 mil pessoas. 

“É um horário difícil para os torcedores. A transmissão pela TV também atrapalha, mas a cota ajuda e muito”, diz Gerson Engracia Garcia, presidente do Botafogo-SP.
 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.