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Torcida única amplia domínio de donos da casa em clássicos

Desde o fim da divisão das arquibancadas, vitórias dos times mandantes em São Paulo cresceram

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Torcedores do Santos nas arquibancadas do Pacaembu
Torcida do Santos na partida do time alvinegro contra o Nacional (URU), pela Libertadores - Nelson Almeida - 15.mar.2018/AFP
São Paulo

O cenário construído pela torcida única nos clássicos estaduais de São Paulo indica a ampliação do favoritismo de quem joga em casa. 

As vitórias das equipes que atuam como mandantes, desde que a medida entrou em vigor, em abril de 2016, subiram de 46% para 63%.

Foram analisados pela Folha todos os jogos entre os quatro grandes do estado, desde 2011. Até agora, ocorreram 38 clássicos com apenas uma torcida no estádio.

A porcentagem de triunfos dos visitantes quase não mudou, caiu de 22% para 21%. Houve queda considerável na porcentagem de empates.

Eles caíram de 32% para 16%. O aumento maior, consequentemente, foi no total de vitórias dos mandantes. 

Os técnicos de Santos e Palmeiras, que enfrentam-se neste sábado (24), às 19h, no Pacaembu, pelas semifinais do Campeonato Paulista concordam que a atmosfera dos clássicos em São Paulo influencia o que ocorre dentro dos gramados.

“É um assunto que realmente merece um estudo. Posso dizer que no clássico em Itaquera [na fase de classificação do Paulista, o Corinthians venceu por 2 a 0 em casa] senti muita falta do nosso torcedor”, afirma Roger Machado, técnico do Palmeiras. 

Ele diz que a torcida única é algo aceitável em razão da violência que existe entre as torcidas no futebol.
“Mas, quem sabe, poderemos voltar a discutir o assunto no futuro”, pondera.
O santista Jair Ventura tem uma opinião semelhante.

“O ideal seria dividir as torcidas, mas pela violência isso não é possível. Com certeza, quem atua em casa leva vantagem [esportiva] sim”, disse o técnico santista.

Desde que chegou ao clube, ele comandou o time em três clássicos. Empatou em casa com o Corinthians, ganhou do São Paulo no Morumbi, jogando na base dos contragolpes, e perdeu para o Palmeiras na arena do rival.

O palmeirense Roger perdeu em Itaquera, mas ganhou de Santos e São Paulo, ambos os jogos no Allianz Parque.

Dorival Júnior, ex-técnico do São Paulo e que também comandou o Santos em clássicos com torcida única, concorda que a medida acaba influenciando os resultados. 

“As equipes com o estádio todo favorável se sentem até mais confortáveis, mais seguras, para mudar sua forma de jogar. O time mandante tem prevalecido. Isso é um fato que temos que considerar”, afirma o treinador.

No período de quase dois anos da medida, foram apenas oito vitórias dos times visitantes. O Santos foi quem mais venceu fora de casa. Foram três triunfos. Corinthians e Palmeiras venceram dois clássicos como visitantes e o São Paulo ganhou apenas um.

IRREVERSÍVEL

O veto à torcida visitante em clássicos foi implementado em abril de 2016, após confronto entre integrantes das torcidas Mancha Alvi Verde, do Palmeiras, e Gaviões da Fiel, do Corinthians, que deixou dezenas de feridos e uma pessoa morta.

A medida, porém, não evitou brigas nos dias de partidas entre os rivais paulistas. Três pessoas morreram em confrontos fora do estádio desde que a exigência de torcida única foi adotada em São Paulo. 

De acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Polícia Militar a medida em São Paulo é irreversível. Segundo dados oficiais, na comparação entre 20 clássicos antes e depois da adoção da torcida única, o número de confrontos entre organizadas caiu de 16 para 8. 

O público registrado nos mesmos jogos cresceu 24%.

 

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