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Copa do Mundo

Com o VAR, troca-se a dinâmica pelo aborrecimento

Paralisações nas partidas deverão causar irritação e bocejos nos espectadores

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São Paulo

Precisamos mesmo da videoarbritragem no futebol? A maioria dos personagens envolvidos no jogo considera que sim.

A argumentação é a de que o sistema VAR (video assistant referee) vai ser capaz de reduzir os erros da arbitragem tradicional.

E será. O árbitro e seus assistentes não têm como acertar sempre. Errar é humano.

Há, contudo, uma grande desvantagem no VAR.

Ele afeta a dinâmica do futebol, esporte que tem como um de seus maiores atrativos essa característica.

Por 45 minutos, os do primeiro tempo, e depois por mais 45, os do segundo, há a certeza da não interrupção – seja por intervalos comerciais, seja por paradas técnicas. Um jogador se machucar até acontece, mas é exceção.

O VAR dá fim a essa certeza. Se pode trazer justiça (nem sempre trará), traz também aborrecimento.

Quem acompanha a NBA (basquete) ou a NFL (futebol americano) é obrigado, várias vezes, a esperar a arbitragem rever jogadas, a fim de manter ou modificar marcações.

Passa-se um minuto, passam-se dois minutos... e desponta a raiva – ou o bocejo.

No futebol será igual. O número de interrupções e a demora na decisão vão incomodar.

Aliás, já incomodam. Na Inglaterra, onde o VAR está em fase de testes, Liverpool x West Brom, em janeiro, foi interrompido OITO vezes para o uso do sistema. Uma das paradas durou intermináveis quatro minutos.

E há um agravante: a desinformação.

Tem ocasiões em que ninguém, além do árbitro de campo e do árbitro de vídeo, sabe o que está acontecendo. Jogadores, técnicos, torcida, jornalistas e até os gandulas fazem cara de interrogação: estão revendo o quê, afinal?

Se haverá a entediante interrupção no jogo, que o árbitro, via microfone, anuncie a razão: "Tal jogada será revista para esclarecer tal dúvida".

Será feito? Duvido. Ou, de tão óbvio que é, já estaria sendo feito.

Para a Copa do Mundo, a Fifa afirma que esclarecerá o resultado de toda interferência da videoarbitragem pelos telões dos estádios. Menos mal.

Mas é impossível, no atual contexto, não lembrar famosa frase de Chacrinha, o Velho Guerreiro: "Eu vim para confundir, não para explicar".

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