Descrição de chapéu

Convertido, deixei de ser atleticano pelo Palmeiras

Luiz Horta diz ter virado palestrino após mudança para a cidade de São Paulo

Jogadores do Palmeiras representam a seleção brasileira em amistoso contra o Uruguai, na inauguração do estádio do Mineirão
Jogadores do Palmeiras representam a seleção brasileira em amistoso contra o Uruguai, na inauguração do estádio do Mineirão - Gazeta Press
Luiz Horta
São Paulo

Não nasci palmeirense. Na família mineira já se chegava ao mundo sendo atleticano, sem escolha. Praticava às escondidas minha devoção alviverde. 

Quando o Mineirão foi inaugurado [em 1965] eu estava lá, com a família torcendo pela seleção e eu pelo Palmeiras, contra o Uruguai. Um alívio poder torcer de verdade pelo mesmo time que os parentes (e comemorar a vitória palmeirense por 3 a 0 com a camisa do Brasil).

Só saí das sombras alvinegras quando me mudei para São Paulo e pude ser o que sempre fui, um palestrino.

Sou o pior tipo de torcedor, o convertido, o que viu a luz no caminho e mudou de rota. Nem sou do tipo clássico de torcedor, mas tenho uma camisa de Oberdan que aparece em mim em momentos chave.

Luiz Horta, palmeirense e escritor
Luiz Horta, palmeirense e escritor - Keiny Andrade/Folhapress

Nos dias de jogos, dos simples ou dos importantes, estou sempre pensando noutra coisa, não sou fanático, até que me vejo postando nas redes um coração verde ou um prato de porco assado que comi naquele dia, “por pura coincidência”.

Nas vitórias ostento orgulho. Nas raras derrotas seguro o rancor (mineiro guarda rancor na geladeira, dizia o Tancredo) e estoco para devolver em seguida, com ironia e crueldade. Sem terminar amizades, afinal ninguém tem culpa de não ser palmeirense, é preciso compaixão e paciência com os outros.

Nas Copas, prefiro a seleção brasileira, pois é a equipe com mais jogadores do nosso time. 

Nunca discuto futebol, das poucas coisas na vida em que só tenho certezas. Agora, que “a dureza do prélio não tarda”, vou assar um lombo para o almoço de domingo. Será comido com vinho verde.

Luiz Horta é viajante crônico e autor dos livros ‘As Crônicas Mundanas de Glupt!’ e ‘Vinhos que cabem no seu bolso’.

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